Karol Eller pode ter sido vítima de ‘cura gay’ por igreja evangélica de Goiás

O retiro religioso promovido pela igreja goiana pode ser investigado por tentar "converter" jovens LGBTQIAPN+

Postado em: 17-10-2023 às 16h45
Por: Larissa Oliveira
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A falecida influcenciadora Karol Eller - Foto: Reprodução

Há a suspeita de que Karol Eller foi vítima de uma tentativa de “cura gay” no retiro “Maanaim”, realizado pela Assembleia de Deus de Rio Verde, em Goiás. Nesta segunda-feira (16), os deputados deferais do PSOL Erika Hilton (SP), Pastor Henrique Vieira (RJ) e Luciene Cavalcante (SP) acionaram o Ministério Público, solicitando a investigação. De acordo com os parlamentares, nesse retiro religioso, a igreja goiana oferece serviços para “converter” jovens homossexuais e bissexuais à heterossexualidade.

A influenciadora Karol Eller, que morreu na semana passada, aos 36 anos, frequentou essa igreja evangélica. Karol ficou conhecida pelos seus trabalhos em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ativista política ganhou fama quando ainda morava nos EUA e mostrava sua rotina por lá. Foi nessa época que ela se aproximou da política e criou vínculos com a família Bolsonaro. Em 2019, durante o governo do ex-presidente, Karol foi nomeada para um cargo na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Em 2023, após participar dos atos golpistas em Brasília, ela teve exoneração. Alguns meses depois, a influenciadora passou a trabalhar como assessora do Deputado Estadual paulista Paulo Mansur (PL-SP). Aliás, ele que foi o responsável por divulgar a nota oficial de falecimento de Karol. Em setembro deste ano, a influenciadora participou do retiro religioso da igreja Assembleia de Deus no município de Rio Verde, em Goiás. Desde seu retorno, iniciou um processo de renúncia à própria homossexualidade.

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“Cura gay”

O falecimento de Karol Eller ocorreu um mês após a influenciadora anunciar a sua “conversão”. “Os tratamentos de ‘cura gay’ são verdadeiras práticas de tortura e agressão a toda a população LGTBQIAPN+, cuja orientação sexual ou designação de gênero são características inerentes a cada sujeito, sendo impossível sua alteração”, afirmaram Hilton, Vieira e Cavalcante na representação. Ademais, os deputados também destacaram que o Conselho Federal de Psicologia veda a prática.

Além disso, os parlamentares sugeriram que haja uma ação pelos crimes de homotransfobia, tortura psicológica e incitação ao suicídio. “A conduta criminosa de tratamento de cura gay deve ser imediatamente coibida, assim como investigadas as vítimas já submetidas a tamanha violência, para que vidas seja preservadas”, disse a representação. No pedido, os deputados federais também elencaram estudos que destrincham os efeitos causados por essa prática.

Para mais, os políticos também ressaltaram que o retiro que a igreja Assembleia de Deus promove também ocorre em outras diversas regiões do Brasil. Por isso, Erika Hilton, Henrique Vieira e Luciene Cavalcante solicitaram que o Ministério Público Federal (MPF) investigue não só esta unidade religiosa, como também todas as outras que promovam o crime em questão. O pedido também abrange os profissionais, grupos e empresas envolvidos na atividade em todo o país.

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