Vice que nunca foi vice, Rogério Cruz e a busca da reeleição

Podem tentar a reeleição aqueles prefeitos que estão no primeiro mandato à frente do Poder Executivo

Postado em: 22-01-2024 às 09h30
Por: Yago Sales
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Podem tentar a reeleição aqueles prefeitos que estão no primeiro mandato à frente do Poder Executivo| Foto: Reprodução

Noite de domingo, dia 29 de novembro. O segundo turno da campanha eleitoral de 2020 terminou com Maguito Vilela, do MDB, que foi eleito com 52,60% dos votos válidos. Foram 277.497 votos no total. Coube, no entanto, ao então vereador de segundo mandato – que acabara de ser eleito vice -, Rogério Cruz, com máscara no rosto, falar rapidamente após o anúncio da vitória. Ele, que é pastor da Igreja Universal, orou pedindo que Maguito se curasse da devastação do coronavírus que o deixava em um leito de UTI em São Paulo. 

Dia 1° de janeiro. Ainda no leito de UTI, Maguito é empossado prefeito. Impossibilitado de retornar a Goiânia e com quadro cada vez mais grave, sobrou a Rogério Cruz assumir, inteiramente, ao Paço. Era o vice que nunca foi vice. 

Manhã do dia 13 de janeiro. Goiânia acordava com a notícia da morte de Maguito Vilela, que não sobrevivera à violência do coronavírus. Desde 1° de janeiro, no entanto, de maneira tímida, despachava, sob o olhar da banda forte da chapa que havia vencido há pouco tempo o Paço – no caso os emedebistas, incluso Daniel Vilela -, Rogério Cruz. 

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Tarde do dia 15 de janeiro. Rogério Cruz toma posse definitivamente como o prefeito. Desde então, o prefeito da capital de Goiás, cercada pelo poderio da Câmara Municipal, do Tribunal de Contas do Município e de tantas idiossincrasias de interesses, especulações, Cruz, como o bambu, envergou como poucos poderiam suportar sem se partir ao meio. 

Pastor, Rogério Cruz tem aquela serenidade comum aos “crentes”: do tipo que sabe que no meio da fornalha (quase) sempre aparece o quarto varão, ou que Deus sempre faz o leão enfurecido e esfomeado adormecer ou que se, com Jeová, ganha-se a guerra com cântaro, tochas e buzinas. Pelo menos na perspectiva bíblica, Rogério pode argumentar ante às dificuldades, traições, brigas, rompimentos e abandonos. 

Com diversas trocas no secretariado – Domingos Ketelbey do Mais Goiás contabiliza dezenas nos últimos meses-, brigas com a Câmara e com o próprio partido, Republicanos que, como se fala tanto, pode até rifá-lo na corrida eleitoral,  Cruz não quer ser visto na figura de Jó, mas de Josafá.

Por isso, não é descartada que Cruz, com ou sem apoio de nomes fortes  contemporâneos, como o do governador Ronaldo Caiado – algo cada vez mais impensável, mas, como para “Deus nada é impossível” (MT-19:26) – é esperada que haja uma movimentação afinca no projeto de reeleição de Cruz. 

Afinal, Cruz é um dos 20 prefeitos de capitais  – conforme levantamento feito pelo G1 – que poderão concorrer à reeleição de 2024. Enquanto isso, em 2020, a quantidade de prefeitos que poderiam concorrer a reeleição era 14. 

No critério da  legislação, ainda de acordo com o G1, podem tentar reeleição aqueles que estão  no primeiro mandato ou que assumiram cargos após renúncia, impeachment ou morte do titular. O último caso é o que encaixa Rogério Cruz. Vai ser assim também em São Paulo. Com a morte do titular, o prefeito Bruno Covas (PSDB), vítima de câncer, assumiu o seu vice Ricardo Nunes, do MDB. 

Também assumiram aos postos de prefeito e, com isso, podem tentar reeleição Fuad Noman (PSD), de Belo Horizonte, Adriana Lopes (PP), em Campo Grande, e Topázio Neto (PSD), em Florianópolis. Eles substituíram Alexandre Kalil (PSD), Marquinhos Trad (PSD) e Gean Loureiro (União), respectivamente, que deixaram os cargos para tentar o governo de seus estados no pleito de 2022.

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