Eleitores vão escolher presidente neste domingo

Na última semana antes do segundo turno da eleição presidencial, pesquisas apontam menor diferença entre os dois candidatos

Postado em: 27-10-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Na última semana antes do segundo turno da eleição presidencial, pesquisas apontam menor diferença entre os dois candidatos

Rafael Oliveira*

A grande maioria dos eleitores já decidiu se votará em Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT) no segundo turno, que será definido neste domingo (28). Levantamento do Instituto Datafolha realizado entre quarta-feira (24) e quinta-feira (25) mostra que 91% dos consultados disseram que não mudarão mais as suas escolhas até a votação.

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Os números da última pesquisa são praticamente idênticos ao apresentados em pesquisa anterior do mesmo instituto, realizada entre os dias 17 e 18 de outubro, que mostrava que 90% dos entrevistados já haviam resolvido seus votos.

Entre os eleitores do capitão reformado do Exército o grau de decisão é ligeiramente superior. Nesse grupo, 94% disseram que estão totalmente decididos a votar em Bolsonaro, e 6% admitem a possibilidade de mudar de ideia. A pesquisa anterior do Datafolha apontou que 95% dos eleitores do militar tinham certeza do voto.

Entre os eleitores que preferem o petista Fernando Haddad, 91% dizem que não mudarão o voto, valor superior ao apresentado na pesquisa anterior, de 89%. Sendo assim, 9% ainda deixam aberta a chance de trocarem de escolha na última hora.

A pesquisa do Datafolha de intenção de voto divulgada na quinta-feira (25) mostrou que a distância  entre os candidatos caiu de 18 para 12 pontos em uma semana.

A dois dias do segundo turno, o deputado federal pelo Rio de Janeiro tem 56% dos votos válidos, contra 44% do ex-prefeito de São Paulo. No levantamento passado, apurado em 17 e 18 de outubro, a diferença era de 59% a 41%.

Tanto a queda de Bolsonaro quanto a subida de Haddad se deram acima da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

O Datafolha entrevistou 9.173 eleitores em 341 cidades no levantamento, encomendado pela Folha e pela TV Globo e realizado na quarta (24) e na quinta (25).

O resultado é a mais expressiva mudança na curva das intenções de voto no segundo turno até aqui, e reflete um período de exposição negativa para o deputado do PSL.

No período, emergiu o caso do WhatsApp, revelado em reportagem da Folha que mostrou como empresários compraram pacotes de impulsionamento de mensagens contra o PT pelo aplicativo. A Justiça Eleitoral e a Polícia Federal abriram investigações.

No domingo (21), viralizou o vídeo da palestra de um de seus filhos, o deputado reeleito Eduardo (PSL-SP), em que ele sugere que basta “um soldado e um cabo” para fechar o Supremo Tribunal Federal em caso de contestação de uma vitória de seu pai.

Em votos totais, Bolsonaro tem 48%, ante 38% de Haddad e 6% de indecisos. Há 8% de eleitores que declaram que irão votar branco ou nulo. Desses, 22% afirmam que podem mudar de ideia até o dia da eleição.

Haddad foca em propaganda na televisão para virar voto 

O último dia do horário eleitoral gratuito na televisão marcou as campanhas dos presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Os dois candidatos adotaram estratégia semelhante. Ambos os programas começaram desconstruindo o adversário na boca de locutores. Em seguida, anunciaram o início da propaganda dos candidatos, que só então se dirigem ao eleitorado. Bolsonaro apelou para a união dos aliados. Haddad pregou a esperança.

O programa de Bolsonaro vinculou o PT à violência e ao desemprego, afirmando que ambos são resultados da corrupção e citou trechos das delações da Operação Lava Jato que envolvem o partido. “A corrupção é uma praga que tira comida da mesa dos brasileiros, deixa pessoas nas filas da saúde e tira crianças da escola”, disse o locutor.

Em seguida, afirmou que o PT foi responsável pelos dois maiores escândalos de corrupção no país nos últimos tempos: o mensalão, denunciado em 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), e o petrolão, investigado pela Operação Lava Jato. Segundo o PSL, R$ 47 bilhões foram desviados dos cofres públicos.

No programa eleitoral, o PSL atacou a chapa adversária dizendo que o PT e seus aliados mentem. Chamou Fernando Haddad de fantoche, destacando que ele foi a Curitiba “pedir a bênção do presidiário”, referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em seguida afirmou que Haddad foi o pior prefeito do país, não conseguiu se reeleger e responde a processos.

No programa, o PSL afirmou ainda que Haddad e sua vice, Manuela d’Ávila, são ateus e desrespeitam os fiéis indo a missas e cultos.

Para tentar reverter o apoio a Haddad no Nordeste, Bolsonaro responsabilizou o PT pelas obras inacabadas em todo o país e que isso prejudica especialmente o Nordeste, região que mais precisa de equipamentos públicos. O narrador conclui com “o povo acordou, PT, não”.

Classificado pelo narrador como “o presidente livre e independente”, Bolsonaro aparece pela primeira vez no programa contando como decidiu, há quatro anos, disputar a eleição presidencial. Segundo ele, entre as barreiras detectadas à época estava “vencer a máquina política e partidária”. Ele afirma que o acesso ao fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito seriam restritos pelo tamanho do partido. “Eu não teria nada”, concluiu.

O candidato disse que agora vê possibilidade de vencer a eleição presidencial no próximo domingo e pediu que seus aliados se mantenham unidos. 

Bolsonaro pede união a aliados nos últimos dias 

Bolsonaro disse ainda que é uma ameaça aos corruptos. “Meus irmãos, meus amigos, o momento é de união. Se for vontade de Deus, estarei pronto a cumprir essa missão”, concluiu.

O PT abriu o programa de rádio lembrando que Bolsonaro fugiu a mais um debate com Haddad. Nesta sexta-feira ocorreria o debate da TV Globo, cancelado porque somente o petista confirmou presença. “Ele se esconde para não ter que assumir as suas ideias doentias e desequilibradas”, afirmou a locutora do programa.

No horário eleitoral, o PT destacou que o candidato do PSL desrespeita os pobres. O programa veiculou uma gravação atribuída a Bolsonaro, na qual ele diz que o pobre só serve para votar, “com o título de eleitor na mão e o diploma de burro no bolso”. O programa lembrou que Bolsonaro, na Câmara, votou a favor de propostas que prejudicam os trabalhadores.

Para o PT, “Bolsonaro é a velha política, aquela que você tanto quer mudar”. Na sequência foi veiculada uma entrevista do adversário de Haddad, na qual ele afirmou que usa o “auxílio moradia [concedido pela Câmara dos Deputados] para comer gente”.

O programa de Haddad insistiu que seu adversário defende a ditadura e a tortura, além de disseminar ódio e violência. O PT colocou no ar a fala de Bolsonaro em que ele prega a morte e a expulsão dos adversários do país: “vamos fuzilar a petralhada”.

A locutora afirmou ainda que Bolsonaro é adorador de Brilhante Ustra – coronel do Exército que comandou órgãos de repressão durante a ditadura militar. O programa destacou que Bolsonaro “não é o candidato do povo, mas dos milionários, não é o candidato da esperança, mas do salto no escuro, não é o candidato da segurança, mas da violência”.

Haddad aparece pela primeira vez na propaganda eleitoral ao lado de um menino negro. “Quero conversar com você que está angustiado com o futuro do país”, afirmou o candidato, que apareceu distribuindo rosas em atos da campanha eleitoral.

Segundo o candidato, o trabalhador brasileiro, mesmo nos momentos mais difíceis, não perde a coragem nem a fé para lutar por dias melhores. “Sei que você está descontente com tudo o que está acontecendo no Brasil e, por isso, quer mudança, quer um governo que não corte direitos, quer comida na mesa e salário justo”, afirmou.

Haddad afirmou que o brasileiro quer um presidente que defenda as riquezas do Brasil e o emprego, garanta segurança e paz e crie oportunidades de ensino para todos. “Você sabe que há pouco tempo tivemos um governo assim. Esse tempo bom está no coração e na memória dos brasileiros”, afirmou Haddad. (*Especial para O Hoje)  

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