Haroldo Costa discute racismo e igualdade de direitos no ‘Trilha de Letras’

Eles refletem sobre racismo e a luta pela igualdade de direitos. “Até bem pouco tempo, o racismo era algo velado. Sempre foi assim porque

Postado em: 23-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Eles refletem sobre racismo e a luta pela igualdade de direitos. “Até bem pouco tempo, o racismo era algo velado. Sempre foi assim porque

Preconceito, representação e igualdade de direitos são alguns dos assuntos da entrevista que o escritor, ator e pesquisador de samba e cultura afro Haroldo Costa concede ao apresentador Raphael Montes no programa Trilha de Letras desta quinta (23), às 21h30, na TV Brasil. A edição especial faz parte das atrações que a emissora publica preparou para a Semana da Consciência Negra.

Eles refletem sobre racismo e a luta pela igualdade de direitos. “Até bem pouco tempo, o racismo era algo velado. Sempre foi assim porque. Oficialmente, vivíamos em uma democracia racial. Criou-se esse mito”, afirma Haroldo Costa que ainda comenta suas publicações sobre o tema e avalia o que é ser negro no Brasil.

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Em Fala Crioulo (1982), o autor traz um mosaico de opiniões sobre o tema a partir dos depoimentos de diversas personalidades negras do País, como a atriz Zezé Motta, o músico Nei Lopes, o craque Pelé e o ator Milton Gonçalves, dentre profissionais de diversas áreas do saber. “A gente carrega uma responsabilidade que nos atribuem”, critica o bamba.

Durante o papo com Raphael Montes, o convidado ressalta a relevância do Dia da Consciência Negra. “É fundamental para negros e brancos que haja uma consciência negra para as pessoas saberem que a contribuição dos negros brasileiros à história do País não se restringe ao trabalho braçal, cortar cana e colher café. Há muito mais do que isso. Há um perfil brasileiro desenhado a partir dessa contribuição”, explica.

“Os próprios negros não tinham essa consciência”, continua. “As pessoas estavam bitoladas com uma história contada que tinha que ser aquela história: ‘negro nasceu para ser pobre, sofrer, ficar em segundo plano’. No momento em que você se rebela contra isso e abre uma porta, descobrindo que pode estudar, aí vem a consciência”, opina Haroldo Costa.

Testemunha da história do samba e conhecedor do Carnaval, o experiente produtor de 87 anos analisa a influência do gênero na cultura nacional. “As escolas de samba começaram a registrar e redescobrir personagens e episódios da história do Brasil que não pertenciam a chamada história oficial”, destaca sobre a contribuição do negro nessa construção coletiva do País. A questão das religiões de matizes africana também permeia o bate-papo no programa da emissora pública.

Nessa edição inédita do programa, Haroldo Costa ainda comenta seu novo livro Histórias do Brasil na Boca do Povo com o também escritor Raphael Montes. A obra aborda os bastidores de sambas sobre fatos históricos do País.

Com uma vasta carreira no universo das artes, Haroldo Costa tem importante papel na valorização da cultura negra. Um dos personagens mais marcantes que interpretou na trajetória como ator foi Orfeu da Conceição, na peça homônima, a convite de Vinicius de Moraes, em 1954, quando se conheceram em Paris. Também representou Jesus Cristo no espetáculo Auto da Compadecida, obra de Ariano Suassuna. Na TV, atuou em várias produções.

SERVIÇO

Programa ‘Trilha de Letras’

Quando: quinta-feira (23) às 21h30

Onde: TV Brasil 

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