Boneca ‘Momo’ tem assustado pais e filhos por incitação à violência e ao suicídio

A escultura, que foi criada pelo japonês Keisuke Aiso, recebeu o nome de ‘Mãe Pássaro’. Depois, ela foi exposta no museu de Tóquio

Postado em: 21-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Boneca ‘Momo’ tem assustado pais e filhos por incitação à violência e ao suicídio
A escultura, que foi criada pelo japonês Keisuke Aiso, recebeu o nome de ‘Mãe Pássaro’. Depois, ela foi exposta no museu de Tóquio

Guilherme Melo*

Quem poderia imaginar que uma simples escultura feita no interior do Japão poderia viralizar o mundo e assustar pais e filhos por aí? A boneca Momo, de aparência assustadora e olhos esbugalhados, surgiu nas redes sociais, no fim do ano passado, como mais um simples ‘meme’, mas o que seria uma simples brincadeira parece estar se tornando um pesadelo. Segundo relatos de pais em redes sociais, a boneca estaria incitando crianças à violência e até mesmo ao suicídio. 

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A escultura, que foi criada pelo japonês Keisuke Aiso, recebeu o nome de ‘Mãe Pássaro’. Depois, ela foi exposta no museu de Tóquio. O problema começou quando alguém fotografou o trabalho aterrorizante e publicou na internet. A imagem havia desaparecido, por hora, mas agora voltou com força total por um motivo: batizada de Momo, a boneca assustadora estaria aparecendo para crianças, no meio dos vídeos do Youtube Kids, ensinando formas de suicídio, homicídio e mutilação.

A imagem, que viralizou na internet na época, foi relacionada a um número de WhatsApp que envia mensagens perturbadoras para quem tenta entrar em contato com a Momo. Na mitologia grega, Momo é a personificação da zombaria e do sarcasmo; seria o equivalente ao deus Loki da mitologia nórdica. O nome teria sido  escolhido para classificar bem o personagem que tem assustado. Alguém compartilhou um número, com origem do Japão, dizendo que seria um ‘número amaldiçoado’. No WhatsApp, a imagem do perfil era uma foto da boneca. Quando alguém enviava uma mensagem, alguém respondia dizendo que era a Momo, em diversos idiomas.

O assunto voltou à tona, após pessoas afirmarem que a imagem da Mom, aparecia em vídeos hospedados em uma plataforma destinada ao público infantil, contendo mensagens de cunho agressivo e estimulando o suicídio. Desde então, basta entrar em uma rede social para ver conteúdos e mensagens relacionados aos perigos que ela representa aos pequenos.

Apesar de não haver confirmação legal sobre a veracidade dessas afirmações, o caso traz uma alerta aos adultos sobre o tipo de conteúdo a que as crianças têm acesso. Seja em sites, vídeos ou jogos, os pequenos estão expostos ao perigo, o que exige ainda mais cuidado por parte dos pais e/ou responsáveis. “Somos a primeira geração de pais com filhos que têm tanto acesso à informação e a aparelhos eletrônicos. Tanto as crianças como os pais, às vezes, ficam meio perdidos nesse universo”, alerta a mãe e youtuber Flávia Teodoro. 

Segundo a digital influencer, que é mãe de três meninas, suas filhas apresentavam um comportamento diferente, estão mais quietas e introspectivas. “Tive uma espécie de ‘sexto sentindo materno’, sonhei com algo que me incomodou muito em relação as minhas filhas. Tive a ação de mexer no IPad que ela ultiliza, então vi um desenho de origem japonesa que incitava a violência e a morte”, conta. Flávia explica que ficou assustada com a situação, e retirou todos os aparelhos eletrônicos das filhas, com o objetivo de uma “desintoxicação digital”. 

Como uma Youtuber, Flávia deixou a profissão de lado e fez uma publicação como mãe, alertando sobre os perigos do ‘acesso livre’ na internet. “Recebi mais de 500 relatos de mães, falando que os filhos estavam depressivos, inquietos, introspectivos, violentos e até mesmo depressivos, depois de terem contato com os desenhos, imagens e jogos, que mexiam com o psicológico das crianças”, explica.  Para a influenciadora, atitudes dos filhos estão relacionadas ao convívio com a família e a exposição precoce aos aparelhos eletrônicos. 

A psicóloga especialista em comportamento Michelle Spidola, concorda com a influencier em relação da importância dos pais nas atitudes dos filhos. “Sempre oriento os pais supervisionar os filhos, tendo um contato mais próximo quando ela estiver acessando a Web. É importante também, orientar sobre as questões relacionadas à violência. Nesse caso da ‘Momo’, deve-se explicar que, na realidade, isso é uma estátua, que tem pessoas por trás disso e pedir para que a criança sempre conte aos pais quando a ver em algum lugar”, orienta a psicóloga. 

Para Michelle, a melhor solução para escândalos que envolvem ameaças às crianças sempre é a conversa franca com os pais. Os pais e responsáveis devem conversar com a criança, mostrar a imagem e perguntar se a criança já viu aquela boneca. Depois, dizer a ela que a boneca já foi destruída. “Esse tipo de situação pode mexer com a cabeça das crianças, então temos que tomar cuidado com o que falamos, mas não podemos deixar de orientar”, ressalta. 

A psicóloga ainda reforça que supervisionar as crianças e adolescentes ajuda a inibir os casos de violência e abusos presentes no mundo virtual. “É sempre importante ter esse contato próximo justamente pelos perigos que existem, até mesmo nas redes sociais”, acrescenta. 

De acordo com Mariana Carolina Avis, professora do Centro Universitário Internacional Uninter e especialista em Marketing Digital, o problema maior é o que está acontecendo agora: a imagem da escultura Momo voltou, e em um ambiente muito mais perigoso: o YouTubeKids, e em alguns jogos como Minecraft e Fortnite. No meio do vídeo ou do jogo, de repente, aparecem imagens da boneca passando mensagens macabras, ameaçando as crianças e as incentivando a se suicidarem, além de machucarem seus pais e irmãos. Esses vídeos burlam os algoritmos de segurança contidos no YouTubeKids, plataforma desenvolvida pelo YouTube justamente para preservar a segurança infantil.

 

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