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terça-feira, 22 de abril de 2025
Liberdade de Expressão

Por regulação das redes, Moraes resgata regime nazista

Período marcado pelo controle da informação por parte do governo e o desencorajamento do debate, no que resultou em ausência de controle social

Raunner Vinicius Soarespor Raunner Vinicius Soares em 10 de abril de 2025
Moraes
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes | Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, tem se projetado como uma voz pela regulação das redes sociais no Brasil e no mundo. Em declarações recentes à revista norte-americana The New Yorker, o magistrado fez críticas ao excesso de desinformação que permeia o mundo digital. Moraes afirma que “se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, os nazistas teriam conquistado o mundo”. E ao se referir às big techs, aponta que “eles não querem respeitar a jurisdição. O objetivo é se tornarem imunes às nações”. Ainda argumenta que “a extrema-direita quer tomar o poder” em um processo de ataque às instituições democráticas, alegando que “são fraudadas”. Os comentários do ministro tocam em temas sensíveis e dividem opiniões nas redes sociais, surgindo, inclusive, dúvidas do período histórico e do personagem citados.  

Após falas, Google registra alta nas pesquisas sobre o nazismo e Joseph Goebbels. Demonstrando que apesar dos horrores causados pela ideologia na Alemanha e no mundo, entres os anos de 1933 a 1945, a história ainda não é plenamente conhecida. Para compreender os argumentos de Moraes e suas comparações com o mundo atual, algumas frases ditas pelos nazistas e seus respectivos advogados – dos julgamentos que se seguiram no pós-guerra – podem elucidar quem eram e no que acreditavam. 

Na famosa obra, da filosofa e jornalistas Hannah Arendt, ‘Eichmann em Jerusalém: Um Relato sobre a Banalidade do Mal’, narra o primeiro julgamento de um nazista em Israel. Adolf Eichmann especificamente era responsável pela logística –levar os judeus e outras minorias aos campos de extermínio. O seu advogado, Robert Servatius, disse à imprensa que “Eichmann se considera culpado perante Deus, não perante a lei”.  

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Além disso, Servatius apontou que as acusações contra o seu cliente não constituíam crimes, mas “atos de Estado”, “somos condecorados se vencemos e condenados à prisão se perdemos”. O contexto compõe o argumento fundamental das defesas dos que fizeram parte do que foi registrado nos anais da história como a ‘Solução Final’ – a tentativa de extinguir o que era compreendido como judeus e outras ‘raças inferiores’. 

Para eles, estavam apenas seguindo a lei, que não podiam ‘contestar’, tendo em vista que ‘contestar’ a lei era o mesmo que ‘contestar’ o seu líder supremo, Adolf Hitler. Esse linguajar que compreendia os atos dentro de uma dimensão estatizante, estava presente em um dos personagens mais importantes desta reportagem, o ministro da Propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, que afirmou em 1943: “ficaremos na história como os maiores estadistas de todos os tempos ou como seus maiores criminosos”. 

Goebbels era responsável por criar a propaganda nazista e, para isso, adotava técnicas de manipulação social. Diziam que iam fazer algo e faziam o oposto, de modo recorrente. Dessa forma, o regime é concebido, hoje, como mentiroso, uma vez que antes de enganar o mundo, enganou o seu próprio povo. Nesse sentido, o ministro Alexandre de Moraes explica que o atual avanço da extrema-direita (em uma referência à ideologia extremista do século XX) é legitimado pelo grau de liberdade de expressão que existe nas redes sociais. E que se existisse tal ferramenta nos anos 30, os nazistas dominariam o mundo.  

O que se pode ponderar, no entanto, é que a moderna sociedade da informação criou mecanismos de verificação e de autorregulação. Na primeira metade do século XX, o único meio de comunicação de massa era o rádio, que em um certo momento foi controlado pelo regime. Hoje, há vários meios, e apesar da desinformação persistente, o fenômeno compõe o processo democrático de discussão e controle social. O oposto do que ocorria, que era o controle da informação por parte do governo e o desencorajamento do debate, no que resultou em ausência de controle social.  

Nacional-Socialista 

A ideologia de extrema-direita se opunha ao marxismo, tinha o seu próprio projeto de Estado. Um número conservador considera que assassinou 6 milhões de judeus. Era belicoso e expansionista. Foi responsável pela Segunda Guerra Mundial e é lembrado como um dos regimes mais cruéis que já existiu.  

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