População cobra entrega do CMEI do Madre Germana II

SME diz que as obras do Cmei Madre Germana II estão paralisadas devido à falta de drenagem e terraplanagem em todo o bairro

Postado em: 11-07-2023 às 08h00
Por: Ronilma Pinheiro
Imagem Ilustrando a Notícia: População cobra entrega do CMEI do Madre Germana II
De acordo com morador da região, mais de 240 crianças seriam atendidas pelo Cmei, caso a obra fosse concluída | Foto: Miguel Veloso

O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) do setor Madre Germana II segue abandonado e sem uma data prevista de quando as obras serão retomadas e o local entregue às mais de 240 crianças que aguardam atendimento no local, segundo o líder comunitário do bairro, Miguel Veloso.

Para ele, esta é uma situação bastante crítica. “Estamos completando quase quatro anos do início da obra e até hoje não foi finalizada. É uma obra de container, que vem pronto, chama salas moduladas”, disse o líder comunitário. De acordo com Miguel Veloso, mais de 240 crianças seriam atendidas pelo Cmei, caso a obra seja concluída, incluindo as que vivem no setor Madre Germana II e outros seis bairros próximos, o Real Conquista, Santa Fé, Campos Dourados, Privê das Oliveiras, Esmeraldas e parte do Grajaú.

Miguel Veloso destaca ainda que a população aguarda por esse Cmei “há 26 anos”, dentre mães que precisam trabalhar e não têm onde deixar seus filhos e outras que saíram do emprego pelo mesmo motivo. “Hoje em Goiânia, segundo estimativa, temos mais de 17 mil crianças esperando na fila por um Cmei. Aqui nós temos um faltando pouco para ser concluído e ficou ‘à caso do destino’, o poder público não cuidou e hoje está em pleno abandono, o mato tomando conta, servindo de mocó”, lamenta o líder do bairro.

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Segundo ele, sempre que a população cobra um posicionamento do poder público, inclusive ele relata que já esteve com o gabinete do prefeito falando sobre a situação, mas a resposta é sempre a mesma de há quase quatro anos. “Todo mês que vem a equipe estará na obra, mas nada acontece, e nem essa equipe aparece”, contou.

Preocupação dos pais 

Lindamar Alves da Silva, de 33 anos, que trabalha como funcionária doméstica, tem duas filhas, uma de 5 anos e outra de 1 ano e meio, e está desempregada desde dezembro de 2021, quando a filha mais nova nasceu, pois não teve mais condições de pagar alguém para cuidar das crianças enquanto ela trabalhava fora, já que recebia apenas um salário mínimo. “Eu ganhava um salário e tinha os descontos, a babá era R$350 para cuidar da mais velha. Com a chegada da outra iria ser mais outro valor. Como eu iria pagar babá para duas crianças? Meu salário iria ficar quase todo só para babá. Só o meu esposo que trabalha e não está sendo fácil só com ele trabalhando”, relatou Lindamar.

Para conseguir colocar a filha mais velha na escola, a funcionária doméstica teve que procurar vagas em uma escola que fica localizada em outro setor da cidade, e para levar a criança até o local, conta com a ajuda da cunhada que também tem uma filha que estuda no mesmo colégio e leva as duas meninas.

A mulher relata ainda que além dela, há outras mães na mesma situação, que precisam trabalhar para levar o sustento para casa e não tem onde deixar os filhos, essas mães se vêem na obrigação de “tirar da alimentação” para pagar alguém com a finalidade de cuidar das crianças enquanto elas trabalham. Ela conta ainda que várias vezes a população realizou manifestações pela entrega do Cmei, mas só há promessas por parte dos líderes que governam a cidade.

Rosangela Ferreira, de 41 anos, é funcionária pública e tem uma filha de quatro anos. Ao jornal O Hoje, ela diz que “gostaria muito que a obra fosse finalizada e liberada” e que neste momento para conseguir trabalhar, precisa pagar uma pessoa para ficar com minha filha, o que consome grande parte do salário que recebe.

“Estamos aguardando há muito tempo. A região cresceu, a demanda por vagas em CMEIs aumentou consideravelmente”, disse. A funcionária pública relatou ainda que sempre fica no cadastro de reserva tanto nos CMEIs de Goiânia quanto em Aparecida, e que no caso dela, a sorte é que as despesas são divididas com o esposo, o que facilita um pouco. “Há mães solteiras que cuidam sozinhas dos filhos e às vezes o salário é dividido com a babá ou escola particular”, lamenta.

Posicionamento da Secretaria Municipal de Educação

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia disse que as obras do Cmei Madre Germana II “estão paralisadas devido à falta de drenagem e terraplanagem em todo o bairro, que impossibilita a viabilidade de uma construção do tamanho da unidade projetada”.

A SME disse ainda que a  atual gestão municipal tem trabalhado junto à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) para que a infraestrutura necessária para dar continuidade à obra seja implementada e tão logo a construção seja reiniciada.

Homenagem à adolescente Luana Marcelo Alves

O Cmei do Madre Germana II receberá o nome da adolescente Luana Marcelo Alves, de 12 anos, que foi brutalmente assassinada após ir à uma padaria no setor Madre Germana II, em novembro de 2022, de acordo com um anúncio feito pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), por meio das redes sociais, em dezembro do ano passado.

Na ocasião, Rogério Cruz disse que “é o mínimo que podemos fazer para eternizar o nome de Luana em uma instituição de ensino que será referência na Região Sudoeste de Goiânia”.

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