Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Grupo de pastores é investigado por aplicar golpes em mais de 50 mil vítimas

Fiéis recebiam promessas falsas de que receberiam valores milionários, pois foram escolhidas por Deus para a "benção"

Postado em: 20-09-2023 às 16h42
Por: Larissa Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: Grupo de pastores é investigado por aplicar golpes em mais de 50 mil vítimas
O pastor Osório José Lopes Júnior, líder da organização criminosa, está foragido - Foto: Divulgação

Um grupo composto por pastores está sob investigação policial por aplicar golpes financeiros contra mais de 50 mil vítimas em todo o Brasil e no exterior. De acordo com as apurações, a organização criminosa induzia fiéis a investirem dinheiro nas igrejas que frequentavam. Segundo a Polícia Civil, a quadrilha movimentou R$ 156 milhões em apenas 5 anos. Além disso, as autoridades identificaram 40 empresas fantasmas e movimentações em mais de 800 contas bancárias suspeitas.

Na manhã desta quarta-feira (20), a Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou a Operação Falso Profeta. Os agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Ademais, houve dois mandados de prisão preventiva. Primeiramente, para o pastor Osório José Lopes Júnior, líder da organização criminosa. Contudo, os policiais não o encontraram e ele é considerado foragido. O nome do segundo procurado não foi divulgado e também não foi preso.

O esquema

De acordo com as investigações, os golpistas abordavam as vítimas, em sua grande maioria evangélicas, pelas redes sociais. Através de uma teoria conspiratória conhecida como “Nesara Gesara”, as vítimas foram induzidas a pensar que seriam “abençoadas a receberem grandes quantias”. O objetivo era convencer os fiéis a investirem suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias sob a falsa promessa de retorno imediato e de quantias exorbitantes.

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“O valor varia de acordo com cada suspeito. Então, a vítima pode investir desde um simplório de R$ 20 até a quantia de R$ 2 milhões. Tem vítimas que perdem seus imóveis, vítimas que vendem suas casas para investirem nesses falsários. O valor de retorno prometido variava de acordo com cada suspeito. Então, tem vítima para a qual era prometido o valor que chagava na casa dos 8 dígitos”, detalhou o delegado Marco Aurélio Sepúlveda Santos, da Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária.

Segundo o delegado responsável pelo caso, os golpistas recebiam dinheiro dos “investidores” diariamente. Conforme Marco Aurélio explicou, as vítimas compravam “cotas” oferecidas pelos criminosos. Para isso, os membros da quadrilha faziam promessas ilusórias de que o dinheiro investido geraria lucros muito grandes no futuro. Porém, as diligências comprovaram que os pagamentos nunca se concretizaram, porque nenhuma vítima recebeu algum retorno dos investimentos.

Grupo de pastores

A organização criminosa é composta por 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Segundo a Polícia Civil, os suspeitos formavam uma quadrilha muito bem organizada, com estrutura ordenada e divisão de tarefas especializada. Os criminosos discursavam que os fiéis que frequentavam suas igrejas eram pessoas que Deus escolheu para receber a “benção”. Dessa forma, induziam as vítimas a investirem dinheiro por meio da falsa promessa de retorno de valores milionários.

Em seguida, os golpistas criavam empresas fantasmas para simular instituições financeiras digitais com alto capital social declarado. Segundo as investigações, o objetivo era dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras. Portanto, as vítimas assinavam contratos falsos com bancos digitais falsos com promessas de liberação de quantias surreais, que supostamente estariam registradas no Banco Central do Brasil e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

Aliás, em dezembro de 2022, a Polícia Civil prendeu um suspeito de envolvimento no esquema, em Brasília. De acordo com as investigações, o criminoso usou documento falso em uma agência bancária, simulando possuir crédito de R$ 17 bilhões. Porém, mesmo após a prisão desse sujeito, o grupo continuou aplicando golpes. Os alvos devem responder por crimes de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

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