Feijoada carioca de dia……Vanguarda paulista à noite

Luisa Guimarães

Nas listas de cidades para se ficar de olho quando o assunto é música, Goiânia está ali marcando pre­sença, seja pelas inúmeras duplas sertanejas que saem daqui ou pela cena de rock independente. Mas limitar a capital a esses dois estilos não pode ser jus­­to; se tem tanta música boa sendo fei­ta aqui, é bem possível que outras ver­ten­tes também tenham seu espaço de des­taque, certo? 

Acreditando na força que o samba de raiz possui na cidade é que o carioca Du­du Nobre e seus parceiros escolheram Goiânia para estrear um novo projeto itinerante, que vai percorrer todo o país. A Feijoada Du Nobre ganha sua primeira edição aqui, no Alabama Chopperia, naquele esquema clássico: à tarde, acompanhada de caipirinha – de cachaça, é claro. Aliás, logo ao entrar, os convidados serão recebidos com um ‘welcome drink’ especial.

“Para mim é um prazer muito grande estrear a feijoada aí. O estado sempre recebe a gente de uma maneira muito bacana”, revela Dudu Nobre. Seu contato pre­coce com a música talvez tenha influência no fato de ele ser um dos nomes mais respeitados do samba. Com ele foi aquela velha história de brincar com instrumentos musicais quando criança e demonstrar o talento musical. O incentivo dos pais foi acertado. 

Dudu é afilhado de samba de Zeca Pa­go­dinho, outro grande do estilo – o que não pode ser pouca coisa. O sucesso com o grande público está em vários hits, co­mo Tempo de Dom-Dom, Goiabada Cascão e a Grande Família. Ao ligar para o seu celular, a clássica Chegue Mais toca para quem está do outro lado da linha. “Tô cheio de amor pra dar…”. Um bom quebra-gelo para se iniciar uma conver­sa.

Para o novo projeto, Dudu convida mú­sicos locais para acompanhá-lo no samba de raiz. Se for para ser Nobre, que seja com música tradicional. “É bem legal o encontro com os outros sambistas. Co­mo esse evento é mais intimista, a gente faz com a rapaziada local”, explica o músico, que em eventos maiores faz a roda de samba com a própria banda.

Para dar o clima de uma verdadeira feijoada carioca, Dudu pensou em todos os detalhes. O chapéu do malandro sambista é item obrigatório de vestimenta, que o público ganha com a compra do pas­saporte. A decoração também é temática, mas fica de surpresa.

Quem chegar no Alabama tem direito a feijoada à vontade até as 17h, clima de malandragem carioca e muito samba. Para quem não está na cidade, a Feijoada Du Nobre já tem outros destinos certos, como Rio de Janeiro, São Paulo, Campo Grande, Cuiabá e no Rio  Branco, no Acre, sempre com artistas locais da cena do samba e do pagode. 

SERVIÇO

‘Feijoada Du Nobre’

Local: Alabama Chopperia (Alameda Dom Emanoel Gomes, nº 150 – Setor Marista)

Data e horário: Hoje, das 12h às 17h

Ingressos: R$ 80 (individual) e mesas a partir de R$ 400 

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JÚNIOR BUENO

Zélia Duncan nasceu em Nitéroi, no Rio de Janeiro e começou, na música e no teatro, em Brasília. Mas o espetáculo que ela traz à Goiânia esta noite é uma declaração de amor à cidade de São Paulo, que sempre despertou a curiosidade e aguçou o desejo de Zélia ser artista. Totatiando é uma coletânea de canções de Luiz Tatit, músico e linguista que despontou no grupo Rumo, um dos representantes da vanguarda musical paulista da década de 1980. 

Totatiando, que segundo Zélia “não é um show,” apresenta encenações das músicas de Tatit. “É a proposta de representar algumas das músicas de Tatit, onde eu e minha preciosa diretora, Regina Braga, enxergamos possíveis personagens”, explica a cantora. Ao invés de músicas feitas para teatro, é o teatro feito a partir da música. “Antes de mais nada, sou uma intérprete musical, com muito orgulho. Mas se tornou parte da minha experiência como artista me lançar em outras aventuras, que possam representar um desafio, que possam me levar ao inusitado e a algo novo”, comenta Zélia, que mais uma vez sai de uma zona de maior conforto – como cantora e compositora – para mergulhar numa forma mais teatral de dizer as melodias falantes ou as falas melodiosas de Tatit.  

O espetáculo, que segue em turnê pelo Brasil, terá apresentação única em Goiânia. Após a sessão de hoje, haverá um bate-papo da série Encontros Vivo EnCena, com a participação de Zélia e Expedito Araújo, curador do proje­to. Além da proximidade com a artista, o encontro permite aos participantes conhecer e compartilhar histórias inspiradoras e ideias transformadoras para a cultura brasileira. O Vivo EnCena oferece também workshops gratuitos que buscam a formação de plateia e a inclusão cultural. Realizado há mais de12 anos, o projeto beneficia 20 estados brasileiros e tem curadoria e gestão do Teatro Vivo, na capital paulista.

A ideia do projeto Totatiando é colocar uma lente de aumento no aspecto que pode ser mais teatral da obra de Luiz Tatit, obviamente por meio de suas canções, porém usando esse viés teatral, contando uma história e degustando cada canção como se fosse um esquete. Para cada canção, um personagem, com seus adereços e recursos próprios. 

Para colocar em prática este grande projeto, onde o texto é a canção e a canção é o tex­to, Zélia precisava de alguém que entendesse perfeitamente a arte de atuar. Convidou então a atriz Regina Braga para a di­­reção, que aceitou participar desse formato instigante de se fazer teatro. “Regina, além de conhecer profundamente seu ofício e desempenhá-lo com um amor e talento fundamentais, é extremamente mu­sical e admiradora de Luiz Tatit com o entusiasmo que é preciso”, conta Zélia, que sugere: “Pensem que estão saindo de casa para um encontro surpreendente com um pedacinho dessa obra de infinitas belezas, lirismo, musicalidade, suave humor e muito do que há de humano em nós. Isso tudo jun­to é o hábitat de Luiz Tatit”.

SERVIÇO

‘Totatiando’, com Zélia Duncan

Local: Teatro Sesi (Avenida João Leite, nº 1.013 – Setor Santa Genoveva) 

Data e horário: Hoje, às 21h

Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) e plateia superior: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)