Documentário resgata história da banda mais antiga de Goiás

Filme será exibido em Goiânia, nesta sexta (15), com apresentação especial da 13 de Maio

Postado em: 15-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Filme será exibido em Goiânia, nesta sexta (15), com apresentação especial da 13 de Maio

Bruna Policena*

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Após o sucesso do lançamento em Corumbá em Goiás, sede do grupo, agora é a vez do público goianiense conhecer a história da Corporação Musical 13 de Maio – banda mais antiga do Estado com atividade ininterrupta. A exibição do documentário, que conta esta trajetória de 127 anos de amor à música, está marcada para esta sexta-feira (15), às 20h, no Centro Cultural UFG. A sessão especial terá a presença dos músicos – de 12 a 82 anos – vindos de Corumbá de Goiás.  A entrada é gratuita.

Eles farão uma participação especial antes da exibição de Memórias de uma banda centenária – Corporação Musical 13 de Maio, apresentando cinco músicas ao público presente: Mão de Luva, de Joaquim Naegele; Sonho de Viagem, de autor anônimo; Passo do Gengelin, de Benedito Odilon Rocha; Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga; e A Deus, de Antônio Augusto Silva. Finalizado em setembro de 2017, este videodocumentário traz entrevistas com testemunhas de passagens marcantes da banda. Traz, ainda, registros de formações antigas e apresentações recentes. Juliana Corso e Marcos Botelho assinam a direção; Fernanda Botelho é a produtora. 

Com o intuito de preservar os saberes e as histórias da banda transmitidos oralmente, o maestro Marcos Botelho criou o projeto Em busca da memória de uma banda centenária: resgate da história oral da Corporação Musical 13 de Maio, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2015-2016, que deu fruto a um documentário e um website (banda13demaio.com.br). Sua história foi pesquisada durante 12 meses por uma equipe de musicólogos especializados em História da Música. Eles coletaram relatos orais e levantaram fotos, partituras, matérias de jornais, atas e outros documentos. O projeto também rendeu vários artigos científicos.

Projeto

O professor Marcos, que é carioca, conta do seu encantamento pelas bandas ‘amadoras’ de Goiás, cujas peculiaridades surpreenderam – e muito – quando comparadas às suas experiências no Rio de Janeiro. Ele explica que essas corporações são associações civis, regulamentadas e sem fins lucrativos, sendo assim, a 13 de Maio (e tantas outras) são mantidas pela própria comunidade. E sobre a vivência durante sua pesquisa em Corumbá de Goiás, Marcos ressalta: “Não dá para pensar nas atividades e na história da cidade sem pensar na banda, pois Corumbá ainda funciona regida pelo calendário de festividades religiosas e datas comemorativas, e a banda sempre esteve presente”.

E o projeto busca justamente pesquisar sobre as construções musicais, dialogando com a cultura goiana dentro do trabalho da banda, durante estes 127 anos. Marcos conta que há deficiência de registros documentais  (não só em Goiás) sobre bandas como um todo: “O documentário tem como funcionalidade resgatar as memórias da banda por meio da história oral, dos relatos e de testemunhos dos integrantes ainda vivos e dos corumbaenses”. A partir do projeto, o professor relata que conheceu festividades goianas como as Cavalhadas, as comemorações da Sexta-feira Santa e as Folias de Reis da Festa do Divino.

As ações integram o projeto, e a iniciativa é uma realização do Ministério da Cultura e do governo federal, com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, do Rumos Itaú Cultural, do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e do Governo de Goiás. São parceiros do projeto a Escola de Música e Artes Cênicas (Emac/UFG), a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec/UFG), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Prefeitura de Corumbá de Goiás, a Corumbá Concessões e a Unicom.

Escola

Fundada em 1890, a Corporação Musical 13 de Maio participou dos principais eventos políticos, religiosos, sociais e culturais da região de Corumbá de Goiás. O grupo teve ainda papel importante na formação de novos músicos e compositores. Parte deles saiu de Corumbá para integrar outras bandas profissionais e amadoras do Estado de Goiás. “Goiás tem forte tradição de grupos musicais, desde o século 18, já no início das primeiras vilas. Mas a trajetória e a história destes grupos têm sido muito negligenciadas, e muitas vezes começam a ser esquecidas”, afirma o professor Marcos Botelho, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Coordenador do projeto, ele destaca que a 13 de Maio é uma das grandes representantes desta tradição no Estado.

Quando de seu surgimento, a idade média dos componentes era de 19 anos, uma vez que o próprio líder dos fundadores, filho do coronel Luiz Fleury de Campos Curado, Antônio Felix Curado (coronel Felinho), tinha, então, 18 anos de idade e, durante toda a sua primeira fase, os jovens predominaram em seu quadro de músicos. Hoje, a Corporação Musical, entidade sem fins lucrativos, possui uma média de 50 integrantes efetivos, todos voluntários, das diversas classes sociais e faixas etárias, sendo composta não só por homens, como foi até início da década de 1870, mas também por mulheres, executando instrumentos de sopro e percussão e apresentando peças musicais dos mais variados estilos. 

Atualmente, a banda não possui filiação partidária, mas continua com participação ativa nos acontecimentos religiosos, cívicos e culturais da comunidade corumbaense, atuando, também, nas diversas cidades do Estado de Goiás e na região administrativa do Distrito Federal. Possui, ainda, uma geração recente de compositores e uma constante formação de novos músicos que, além de comporem para a 13 de Maio, contribuem em outras bandas profissionais e amadoras de Goiás.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Sessão especial de exibição do documentário ‘Memórias de uma banda centenária – Corporação Musical 13 de Maio’ e apresentação ao vivo

Quando: sexta-feira (15) às 20h 

Onde: Centro Cultural UFG (Av. Universitária, nº 1.533, Setor Leste Universitário – Goiânia)

Entrada gratuita 

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