Adeus ao Velho Lobo: com personalidade e maestria, Zagallo dedicou a vida à Seleção

Dono de frases marcantes como "Vocês vão ter que me engolir", o ex-jogador e técnico deixou um grande legado

Postado em: 08-01-2024 às 13h40
Por: Ana Clara de Assis Praxedes
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Zagallo dedicou a vida à seleção brasileira e participou de quatro dos cinco títulos das Amarelinha (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Na última sexta-feira (5), o mundo do futebol se despediu de uma de suas figuras mais marcantes: Mário Jorge Lobo Zagallo. Com personalidade forte e frases como “Vocês vão ter que me engolir”, o Velho Lobo juntou grandes conquistas ao longo de seus 92 anos. Mas os últimos dias não foram fáceis para o ex-jogador e técnico, com a saúde fragilizada devido à idade avançada, passou por diversas internações nos últimos meses. No dia 26 de dezembro foi internado novamente, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e na noite da última sexta (5), morreu após sofrer falência múltipla dos órgãos.

Um dos principais nomes responsáveis por tornar a seleção brasileira uma potência no futebol mundial, Zagallo dedicou boa parte da carreira à Amarelinha. Ele foi a única pessoa a estar presente em quatro títulos de Copa do Mundo: em 1958 e 1962, como jogador, em 1970, como técnico, e em 1994, como coordenador técnico. Além das taças, ele também comandou a Seleção em 1974, no quarto lugar, em 1998, na conquista do vice-campeonato e foi coordenador novamente em 2006. 

Carreira 

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Zagallo nasceu em 8 de agosto de 1931, em Alagoas, Maceió. Ainda criança, se mudou com a família para o Rio de Janeiro, e foi nas ruas do Bairro da Tijuca que ele começou a jogar futebol, e com muita habilidade, logo ingressou no time infantil do América-RJ. Nessa época, ele teve sua primeira experiência com a seleção, ele servia ao Exército brasileiro, e trabalhou como soldado na final da Copa do Mundo de 1950, onde viu o Brasil perder por 2 a 1 para o Uruguai no que ficou conhecido como Maracanaço.

Sua carreira começou a deslanchar em 51, após assinar com o Flamengo, onde ele foi tricampeão carioca, em 1953, 54 e 55. Em 1958 trocou o rubro-negro pelo Botafogo, onde jogou por sete anos e conquistou vários títulos. Ao lado de Garrincha, Didi, Quarentinha e Amarildo, foi bicampeão carioca, em 1961 e 62, e venceu dois Torneios Rio-São Paulo, em 1962 e 64. 

Foi no próprio Botafogo que Zagallo decidiu seguir a carreira de técnico. Começou treinando o time juvenil e logo assumiu a equipe principal, onde conquistou o bicampeonato carioca de 1967 e 68 e a Taça Brasil em 1968. Por onde passava, conquistava títulos, dividido entre clubes e seleção, ao longo da carreira também comandou Fluminense, Flamengo, a seleção do Kuwait, o Al Hilal, da Arábia Saudita, e a própria seleção Saudita.

Em 1970 assumiu a seleção brasileira e foi o responsável por montar o Esquadrão, uma das maiores seleções de todos os tempos, que conquistou a terceira Copa do Mundo para o Brasil. Ele também esteve presente como técnico em 74, mas foi eliminado pela Alemanha. Em 1994 voltou como coordenador técnico do treinador Carlos Alberto Parreira, e juntos, conquistaram o tetra para o Brasil, assim como em 2002, no pentacampeonato. O adeus da seleção foi em 2006, quando o Brasil caiu para a França, nas quartas de final, aos 75 anos, Zagallo encerrou sua longa passagem pela seleção.

Adeus 

Diante de muitas homenagens, o velório do lendário treinador foi realizado na manhã deste domingo (7), na sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro. Nomes importantes do futebol foram ao local, o ex-jogador Zinho, que estava na conquista do Tetra de 94, se emocionou ao falar da importância de Zagallo para a seleção. “Ele me ensinou amar a seleção brasileira. Falava ‘é um orgulho e um privilégio vestir a amarelinha’. Nunca vi um cara tão apaixonado pela seleção brasileira, por um país e por um povo. Ele nos ensinou isso em 1994”.

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