‘Meça três vezes antes de cortar’ tem exibição experimental neste final de semana

Com acessibilidade, o filme voltará a ser exibido em janeiro com lançamento presencial

Postado em: 18-11-2022 às 13h02
Por: Lanna Oliveira
Imagem Ilustrando a Notícia: ‘Meça três vezes antes de cortar’ tem exibição experimental neste final de semana
Com acessibilidade, o filme voltará a ser exibido em janeiro com lançamento presencial. | Foto: Reprodução

Estética multidisciplinar artística permeia o enredo do filme goiano ‘Meça três vezes antes de cortar’, do diretor Iago Araújo. Com exibição neste sábado (19) e domingo (20), o curta-metragem experimental marca o Dia da Consciência Negra. A data potencializa a criatividade dos povos ancestrais do Brasil e a produção contribui, já que é feita por pessoas negras e afro-ameríndias de Goiânia e Salvador. Ela também reúne em sua poética referências que evidenciam a cultura essencialmente brasileira.

 ‘Meça três vezes antes de cortar’ tem exibição experimental neste final de semana, no Dia da Consciência Negra, como forma de reforçar o contexto da data. O filme se aproveita da dança e do circo para trazer à tona as sensações e sentimentos que contornam a trajetória do diretor Iago Araújo e a relação com seu pai e avô que eram boiadeiros, e busca trazer a conexão com a sua ancestralidade. Por fazer parte de sua infância, ele se inspirou nas tradições da manifestação da cultura popular brasileira do Bumba-meu-Boi, bastante presentes no Pará e Maranhão.

Manifestações muitas vezes negligenciadas, elas são exaltadas e reforçadas em todo o processo de desenvolvimento do enredo. A cultura popular brasileira é um universo de riquezas de danças, brincadeiras, músicas, mitologias, fazeres e linguagens artísticas que precisam ser valorizadas. Por isso a conexão apresentada no filme é tão importante, afinal é uma expressão da potência do povo negro e afro-ameríndio, além de ser Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Unesco.

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A sinopse do filme é uma ficção que traz uma releitura da história tradicional do Bumba Meu Boi, com alguns aspectos biográficos do diretor e questões identitárias contemporâneas. Na história os personagens, vivenciam uma jornada para encontrar um boi raro e cortar sua língua. É uma busca pelo alimento que não é feito só de carne. Vermelho Sangue! Vermelho Revolução! Vermelho como impulso à retomada dos desejos negados. É uma dança com bois, pássaros e outros seres encantados, para compartilhar o alimento da caça.

As boiadas ou grupos de brincantes, pessoas que realizam tradicionalmente Bumba-Meu-Boi, são compostos por músicos, dançarinos e diversos personagens característicos para além da figura principal do Boi. Os grupos variam de sotaque dependendo da origem, que altera alguns elementos da brincadeira. No sotaque da ‘Baixada’, destaca-se o personagem Cazumba, que chama atenção pela sua farda toda bordada e as grandes caretas (ou máscaras), que trazem características de animais. 

O diretor do filme Iago Araújo explica as características expostas:  “Aprendi com Mestre Zimar do Maranhão, que as caretas de Cazumba são para assustar. Mas é com susto que se manda as coisas ruins embora. A magia está em saborear as feiuras. Assim, chacoalhando e dançando, o Cazumba abre o espaço da roda, prepara o território da encantaria, desafia regras e padrões. O medo é desafiado. A morte é dúvida e a vida é mais vivida “, explica. Ficou fácil entender o porquê assistir ao filme é uma ótima opção para este fim de semana.

Serviço

Exibição experimental do filme ‘Meça três vezes antes de cortar’

Quando: Sábado (19) e domingo (20)

Onde: Link

Horário: Disponível os dois dias inteiros

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