Comissão debate descriminalização do cultivo da maconha para uso pessoal

Críticos da proposta acham que isso pode ajudar a mascarar a produção da droga por traficantes

Postado em: 26-10-2017 às 16h05
Por: Victor Pimenta
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Críticos da proposta acham que isso pode ajudar a mascarar a produção da droga por traficantes

A descriminalização do cultivo da maconha para uso pessoal
foi debatida hoje (26) na Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado. O tema
é objeto da sugestão legislativa 25/2017, que tem como relator o senador Sérgio
Petecão (PSD-AC).

O médico psiquiatra Regis Eric Maia Barros defendeu a liberação
do cultivo e lembrou as famílias de pessoas com várias doenças que têm obtido
resultados positivos com remédios produzidos a partir da planta. “Imagine uma
pessoa que você ama tendo cinco convulsões por dia na sua frente. Uma Casa
Legislativa como essa não pode ter preconceitos toscos”, disse defendendo uma
lei que regulamente o uso da substância.

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Aos críticos da ideia, o médico acrescentou que o uso da
maconha tem riscos, como um remédio para controlar a pressão arterial também
tem. “Nada é livre de risco. Depende muito da sua caraterística pessoal,
da forma como você usa e de questões ambientais”, ressaltou.

Mãe de um adolescente de 17 anos que tem autismo severo, Vera
Lúcia de Matos Cura, pediu que o Senado inclua em uma legislação a liberação do
uso da maconha para tratar esse transtorno. “Sou a favor da liberação geral,
meu filho não é epilético, não tem convulsão, mas ele se autoagride”, contou.

Vera Lúcia acrescentou que há relatos diversos de pessoas
como o filho dela que, quando tratadas com canabis, se acalmam. “Tem que
haver uma legislação que leve em consideração esses casos. A importação é
caríssima, inviabiliza o tratamento. Eu não vou cultivar para vender e sim para
fazer remédio para o meu filho. Espero que essa comissão tenha êxito, pelo meu
filho e por outras mães de filhos com autismo severo”, disse.

Contrários

Os críticos da proposta que libera o uso da maconha acham que
isso pode ajudar a mascarar a produção da droga por traficantes. Outro
argumento é o de que a liberação da substância poderia estimular a
experimentação de outras drogas.

“A descriminalização interessa a quem? Ao tráfico de drogas e
às falsas ONGs da paz! Vossas excelências não podem transformar nosso país em
uma grande cracolândia”, questionou o advogado Paulo Fernando Melo da Costa,
vice-presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família.

A intenção do senador Petecão é ouvir as opiniões de quem é
contrário e favorável à descriminalização do plantio da cannabis pelos
usuários, para decidir em seu relatório se a proposição deve prosseguir no
Parlamento como projeto de lei. “É um tema polêmico, está na ordem do dia, não
podemos nos esquivar e correr desse debate. A comissão poderá dar uma
contribuição grande para que possamos aprovar ou não esse tema no Senado”,
avaliou. 

Fonte: Agência Brasil. (Foto: Edilson Rodrigues)

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