Gestor de contrato milionário da Comurg não tinha experiência

Sabatinado, primeiro, preferiu não responder ao questionamento do vereador Welton Lemos

Postado em: 19-04-2023 às 07h35
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Gestor de contrato milionário da Comurg não tinha experiência
Depois, confirmou não ter experiência com esse tipo de contrato. Testemunha assinou contrato de R$ 171 milhões na Companhia | Foto: Marcos Coelho/ Divulgação

O gestor de abastecimento da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Fabrício Sotto, esteve, na tarde da última terça-feira, 18, na Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga a Companhia. Ao ser sabatinado, ele confirmou que não tinha experiência em gestão de contratos antes de assumir a responsabilidade pela gestão de mais de 171 milhões para abastecimento da frota da Comurg. 

O contrato estabelece parceria para oferecimento de gasolina comum e diesel s-10 por com 2,59% de desconto em relação ao preço médio praticado na capital. 

O questionamento sobre a experiência do gestor partiu do vereador e presidente interino do grupo, Welton Lemos. Na ocasião, o parlamentar indagou: “A sua contratação se deu no mês de fevereiro e automaticamente o senhor já assumiu um contrato desse tamanho, qual a sua experiência em gestão de contratos para que o senhor pudesse gerir um contrato dessa vultuosidade?”. 

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A testemunha, por sua vez, titubeou: “Experiência com gestão de contratos?!”, trocou olhares com o advogado,  Alexandre Augusto Martins, e completou dizendo que preferia o silêncio. 

Depois, a testemunha emendou: “Não é só o gestor que participa do contrato. Temos o fiscal também, que já é de confiança do Ronaldo [Ronaldo Macedo, diretor de logística da Comurg] e estava sempre me ajudando em tudo”.

O vereador, na sequência, reforçou: “Talvez o senhor não tenha entendido. O que estou perguntando é se, diante de uma situação como essa onde o senhor foi colocado gestor de um contrato no valor de R$ 170 milhões, o que quero saber é se o senhor tem experiência comprovada de alguma forma para gerir um contrato desse tamanho”. E a testemunha pontuou: “Não”. 

Depois, uma discussão acerca da legalidade das perguntas tomou conta do ambiente. A indagação partiu do vereador Pedro Azulin, membro da CEI. “Quero fazer um alerta. Estamos tratando como investigado uma pessoa convidada como testemunha”. 

O advogado do depoente foi na esteira da observação. “Seria interessante garantir a ele o direito ao silêncio e ser esclarecido que ao não ser compromissado ele está na condição de informante, não sendo obrigado a responder todas as perguntas. Mas pelo que consta aqui ele está mais na condição de investigado, está clara a condição dele”, disse Alexandre Augusto Martins. 

Lemos, contudo, repetiu: “Na condição de testemunha, se ele não quiser responder, a gente respeita”. Thialu Guiotti endossou: “A fala do senhor é impertinente. Não conseguimos entender o que o senhor quer. Aqui estão sendo feitas as perguntas pelos membros, cabe a seu cliente prestar esclarecimentos ou não. Caso seu cliente não queria responder, não responderá”. “Não estou entendendo o fato do senhor querer colocá-lo na condição de investigado”, disse, mais uma vez, Welton Lemos. 

E o advogado retrucou: “A testemunha tem que estar compromissada, ele não está compromissado, diante do fato que o senhor não cumpriu essa etapa própria do Código de Processo Penal, ele  permanecerá em silêncio a partir de agora diante das perguntas que forem realizadas”. 

Os vereadores decidiram então fazer um novo requerimento de convocação de Fabrício. O documento trará todas as adequações necessárias para garantir a legalidade do depoimento do sabatinado. Sotto deve voltar à CEI nos próximos dias.

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