Crônica do palanque político dos 101 anos de Aparecida

Algo mudou no tradicional aniversário de Aparecida, com carona de Daniel a Gustavo e presença de políticos de olho na cadeira de Vilmar Mariano

Postado em: 12-05-2023 às 08h00
Por: Yago Sales
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Algo mudou no tradicional aniversário de Aparecida, com carona de Daniel a Gustavo e presença de políticos de olho na cadeira de Vilmar Mariano | Foto: Reprodução

O palanque montado às autoridades para assistirem ao desfile em comemoração ao 101° aniversário de Aparecida ficou pequeno para tantas pretensões nesta quinta-feira, dia 11 de maio. O desfile corria naturalmente, com bandas e crianças com a farda escolar, enquanto instalava um clima de constrangimento em meio a conversas de bastidores que poderiam definir o futuro de muitos dos presentes – principalmente sob a força de Gustavo Mendanha, reconhecido pelos aparecidenses que havia tempo não o via em público, sorridente, acenando. 

Parecia o melhor dos mundos para dois fortes nomes que se aproximam a passos largos: Gustavo Mendanha e Daniel Vilela. Um ano antes, no entanto, o jornal O Hoje publicou uma reportagem registrando um aperto de mão sem graça entre os dois, que amargavam chateação por causa da disputa ao governo. Este ano a situação mudou. Uma fonte contou que o próprio vice-governador foi à casa de Mendanha, e o buscou. Os dois chegaram juntos no evento. 

Sorridentes, lado a lado, barba a fazer (de ambos), acenavam à multidão que, logo depois da exposição dos políticos e da programação, comeriam o famoso “bolo gigante”. Sem dúvidas, parece que a afinidade tem retornado, sem lembrar os esporádicos e secos encontros de outrora. 

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Voltando às cenas de constrangimento, vale lembrar que o prefeito da cidade, Vilmar Mariano, por exemplo, natural candidato à reeleição, cumprimentou modestamente o ex-deputado federal e derrotado na disputa ao Senado, João Campos, ao ver o político por trás dos ombros. Campos tem, junto ao seu partido, Republicanos, buscando capitalizar o apoio de Gustavo Mendanha (Patriota) para disputar a eleição em Aparecida. 

Campos foi um fiel escudeiro de Mendanha na eleição passada. Trouxe a força do Republicanos nacional para o “campo de batalha” contra o poderoso projeto de reeleição de Ronaldo Caiado. Campos foi candidato à única vaga do Senado na chapa de Mendanha, renunciado à facílima chance de ganhar mais um mandato na Câmara Federal. Por isso, a experiência de Campos o faz crer que, do ponto de vista político, e a longo prazo, é possível que ele tenha a chance de ser o nome de Mendanha ao pleito. 

Um analista político ouvido pela reportagem fez um comentário interessante. “Ou Mendanha transfere muitos votos e elege quem quiser, ou o tiro sai pela culatra e, numa vontade de mudar, o povo elege alguém longe dele [Mendanha]”. 

Evidentemente, Vilmarzinho, como é mais conhecido pelo eleitorado e políticos, anseia pelo apoio de Mendanha, considerando que, até então, tem seguido – não tão à risca como esperava o ex-prefeito – alguns preceitos do mendanhismo na cidade. 

Visto como um nome que não deve titubear para disputar ao cargo ano que vem, o empresário e deputado federal Professor Alcides (PP). Lembrando que o político, à época no PSDB, ficou em terceiro lugar na disputa que levou Gustavo Mendanha pela primeira vez à cadeira de prefeito, sendo eleito com 59,99% dos votos. 

Mendanha foi eleito com Veter Martins na vice que, depois de um rompimento, cogitou disputar eleição em 2020 contra o então ex-aliado. Percebendo que o MDB havia trazido para si uma coligação “invencível”, Veter desistiu. 

Agora deputado estadual pelo Patriota, Martins também é um nome comumente nas rodas de conversas para ter apoio de Mendanha. Veter que, inclusive, é conhecido pela versatilidade. Intercalou cargos de vereador, deputado estadual, federal e vice-prefeito de Aparecida. 

Ainda apareceram para o evento os deputados estaduais do Partido dos Trabalhadores Mauro Rubem e Bia de Lima. Até a última eleição, o partido de Lula da Silva empreendeu esforços em coligação com o MDB aparecidense, apoiando desde Maguito a Gustavo Mendanha. 

Mesmo diante do cenário de construção de oposição e da própria viabilidade, Vilmarzinho demonstrou força política ao atrair ao palanque a diversificação político-partidária para lembrar o primeiro ano pós-centenário da segunda cidade mais importante de Goiás.

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