Ministério de Minas e Energia quer manter política de preços
Minstério informa que estuda formas de aumentar previsibilidade de preços da estatal
Por: Sheyla Sousa
O Ministério de Minas e Energia (MME) defendeu, no final da tarde de ontem a política de preços praticada pela Petrobras. Em Nota, a pasta destacou que o Governo estuda formas de aumentar a previsibilidade dos preços ao consumidor, mas sem interferir na Estatal. A nota foi divulgada após a decisão de Pedro Parente de deixar a presidência da Petrobras.
“O que o Ministério de Minas e Energia colocou em debate público visa à criação para o País de uma política de amortecimento dos preços dos combustíveis ao consumidor, um mecanismo que proteja o consumidor da volatilidade dos preços nas bombas. Algo fora da política de preços da Petrobras”, diz o Ministério.
A pasta ainda estuda um dispositivo que funcionaria como “colchão” entre as constantes mudanças de valor do petróleo no mercado e o preço do combustível nos postos. Técnicos do Ministério e da Agência Nacional do Petróleo (ANP) começaram a discutir isso ontem. Na próxima segunda-feira (4) ocorrerá uma reunião, desta vez com a participação de técnicos do Ministério da Fazenda.
A preocupação do Governo, no entanto, é de descolar a previsibilidade de preços da política de precificação da Petrobrás. “Essa política de proteção terá que preservar a atual prática de mercado para o produtor e importador, o que é tido pela atual administração como um ponto fundamental para a atração de investimentos para o setor. Vai trazer previsibilidade e segurança ao consumidor e ao investidor”.
Após a confirmação da saída de Parente, o mercado reagiu negativamente, com queda nas ações da Petrobras e valorização do dólar frente ao real.
Renúncia
O presidente da Petrobras, Pedro Parente pediu ontem demissão do cargo. O comunicado foi feito em fato relevante divulgado ao mercado. Parente se reuniu com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto.
O comunicado da Petrobras informa que “a nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração ao longo do dia de hoje (ontem). A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração”.
Ontem, às 11h20, logo após o anúncio da demissão de Parente, a bolsa de valores de São Paulo registrou queda. Em aviso de fato relevante, a Estatal informou que as negociações das ações PETR-N2 foram suspensas das 11h22 às 11h42, mas as operações foram retomadas.
Conselho indica Ivan Monteiro interinamente
O Conselho de Administração da Petrobras convidou Ivan Monteiro para presidir interinamente a estatal. Monteiro é o atual diretor Executivo da área financeira e de relacionamento com investidores. Chegou à Petrobras junto com ex-presidente Aldemir Bendine, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff.
Investigado pela Lavajato, Bendine perdeu o cargo, mas Ivan Monteiro permaneceu e trabalhou durante os dois últimos anos ao lado de Pedro Parente. Quando Bendine foi presidente do Banco do Brasil, ele ocupou a vice-presidência de gestão financeira e de relação com investidores de 2009 a 2015. No BB já havia ocupado cargos de gerente executivo da diretoria internacional, superintendente comercial, gerente geral nas agências em Portugal e Nova York e diretor comercial. Antes de ir para a Petrobras e o Banco do Brasil, sempre atuou como executivo de diversas instituições no mercado financeiro.
Temer confirma
O presidente Michel Temer (MDB) confirmou o nome de Ivan Monteiro para ser recomendado como presidente efetivo da Petrobras. Ele falou à imprensa na noite de ontem após reunir-se com Monteiro no Palácio do Planalto. Temer aguardou a decisão do Conselho de Administração da Petrobras, que indicou o diretor financeiro da estatal para ocupar interinamente. A troca ocorre após a decisão de Pedro de Parente de deixar o comando da Petrobras.
O nome de Monteiro agora precisa ser confirmado novamente pelo conselho da estatal. Ele é o atual diretor executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da Petrobras.
Críticas
Pedro Parente vinha sendo criticado pela insistência pela política de preços dos combustíveis implantada durante sua gestão, que levou à aumentos que culminaram coma paralisação dos caminhoneiros.
Em carta ao presidente Temer, Parente diz que “conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a Petrobras, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais”.
Em seu julgamento, Parente afirma que o seu desempenho foi sereno à frente da Estatal. “A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos como demonstrado pelo último resultado divulgado”, destaca. (Agência Brasil)