‘Estado precisa dar uma resposta’, diz corregedor sobre investigação de blitz da PRF nas eleições

Blitze se concentraram em estados do Nordeste, onde pesquisas de intenção de voto, Lula da Silva tinha vantagem sobre Bolsonaro

Postado em: 10-08-2023 às 08h46
Por: Mariana Fernandes
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Blitze se concentraram em estados do Nordeste | Foto: José Cruz/ Agência Brasil

O corregedor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Vinícius Behrmann Bento, relatou nesta quarta-feira (9) que “o Estado brasileiro precisa dar uma resposta, um esclarecimento” sobre a atuação da corporação durante as eleições do ano passado.

A prisão do ex-diretor da PRF, Silvinei Varques foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes dentro de duas investigações que apuram se houve prevaricação (quando servidor deixa de exercer seu dever), violência política e ação para impedir ou atrapalhar a votação no segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, quando a PRF realizou uma série de blitze que tiveram como alvo veículos com eleitores.

Essas blitze se concentraram em estados do Nordeste, onde, segundo pesquisas de intenção de voto, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva tinha vantagem sobre Bolsonaro. “Nosso país passou por momentos envolvendo a Polícia Rodoviária Federal em que a gente ficou muito no foco e muitas de nossas ações como polícia de estado foram questionadas. Dentro disso o estado brasileiro precisa dar uma resposta, um esclarecimento: o que foi que aconteceu durante as eleições? o que foi que aconteceu no 8 de janeiro”, afirmou Bento em em entrevista ao g1, se referindo também ao ataque  de 8 de janeiro contra as sedes dos três poderes.

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O inquérito para apurar essas operações da PRF em rodovias foi aberto em novembro de 2022. O episódio também é alvo da CPI dos Atos Golpistas, criada no Congresso para apurar os atos terroristas de 8 de janeiro.

Depoimento

Antes de ser preso, Silvinei foi o primeiro a depor na CPI e negou qualquer omissão ou irregularidade na atuação da polícia durante o primeiro e segundo turno das eleições. Ele também alegou que seria impossível articular uma atuação irregular em todo o país.

“Grande parte dos nossos policiais eram eleitores do presidente Lula. Não há, não é possível cometer esse crime. Não como parar 13 mil policiais sem ter uma conversa por Whatsapp, Telegram, sem um e-mail enviado. Nenhum participou ou ouviu alguma coisa. Não tem como fazer uma operação dessa e envolver 13 mil policiais sem ter uma simples conversa de corredor”, disse em comissão parlamentar de inquérito.

Para Alexandre, a conduta do investigado, segundo o que foi narrado pela Polícia Federal, “revela-se ilícita e gravíssima, pois são apontados elementos indicativos do uso irregular da máquina pública com objetivo de interferir no processo eleitora, via direcionamento tendencioso de recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores”. As investigações para apurar os envolvidos continuam.

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