No programa Pânico, Caiado é tratado como pré-candidato à Presidência

Governador Ronaldo Caiado esteve em São Paulo, onde foi entrevistado pelo Pânico, da Jovem Pan

Postado em: 15-08-2023 às 08h30
Por: Yago Sales
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Convidado pela rádio outrora queridinha do bolsonarismo, Caiado aproveitou para colocar-se à disposição para representar a direita, sobretudo quem defende o agronegócio | Foto: Reprodução

Uma semana depois de aparecer nas páginas amarelas da Revista VEJA, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) esteve em São Paulo, nesta segunda-feira (14), para participar do programa Pânico, da Jovem Pan, atraído pela expectativa de ter voltado à cena como um dos nomes fortes para herdar, pelo menos, parte do eleitorado à direita do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro – que se tornou inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral – na disputa eleitoral em 2024.

Convidado pela rádio outrora queridinha do bolsonarismo, Caiado aproveitou a chance de, mais uma vez, colocar-se à disposição da opinião pública para representar a direita, sobretudo quem defende o agronegócio. Na entrevista, relembrou o período em que viajou o Brasil com a União Democrática Ruralista (UDR), que transformou o político goiano em uma referência na discussão, durante a Constituinte, de propriedade privada.

Sobre o pleito municipal do ano que vem, Caiado afirma que, no Centro-Oeste, a tendência é mais conservadora. “O Nordeste tem uma posição. O Centro-Oeste em um cenário mais ou menos daquilo que é a tendência nossa, mais conservadora, e mais direita. Sul e Sudeste acompanhando, exceções às vezes de algumas  grandes capitais. O que sinaliza é um crescimento da direita no Brasil. É uma realidade em termos de prefeitos de capitais como também em nosso interior. Em 2026 está um pouco distante. Tem que saber enxergar detrás dos montes, mas não é fácil. É uma previsão de como será esse caminho nesses próximos três anos”. 

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Neste momento, o apresentador do programa, Emílio Surita, interrompe, entusiasmado: “Você tem a pinta, hein, Caiado, você tem a pinta de estar nessa…” E logo ele pergunta sobre a criação da UDR. “Foi na época do MST, né?” Em seguida, Caiado é instigado a comentar sobre a criação da UDR em 1986. “Isso é importante porque naquela época ninguém defendia a Direita. Ninguém tinha coragem de sair em defesa do produtor rural. Tanto é que todos estavam certos de que o Estado ia se apoderar de todas as terras do País. Isso era ponto pacífico na Constituinte quando nós em 1986 fizemos uma mobilização e saímos pelo país inteiro. A partir daí o MST não explicava de onde vinha o dinheiro que financiava [eles] e a gente [UDR] mostrava que era a gente fazia leilão de gado, de cereais, para fazer uma bancada”. 

E gaba-se. “E nós fomos e conseguimos a maior vitória que teve que foi o direito à propriedade. Olha, tudo bem, o direito da propriedade nós temos. Poucos acreditavam. Nós ganhamos nas subcomissões por um voto. É lógico que depois a gente conseguiu ampliar. Naquela época nós éramos demonizados. No interior do Pará, no Ceará, no Rio Grande do Norte, e muitos lugares até foi o Pontal do Paranapanema, era um dos maiores focos da escola do MST quanto também do [Leonardo] Boff,  Teoria da Libertação junto com aquela Comissão Pastoral da Terra [CPT], sem dúvida nenhuma preconizava que ninguém tinha o direito de ter a sua propriedade”, lembrou. 

Caiado também foi estimulado a comentar falas de Lula, como o de chamar o agro de “fascista”. Caiado também defendeu o agronegócio. “O mesmo nível que têm de pesquisa e um smartphone, você tem em um grão de soja. A capacidade dela de reproduzir em regiões inóspitas”. 

Em outro momento, Caiado concorda que o agro foi responsável pela retirada do Brasil do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Os argentinos são competitivos em que? Exatamente neste setor. Eles têm uma pecuária altamente competitiva, com uma das melhores genéticas do mundo. Eles têm terra com capacidade de alta produtividade. Agora, meu amigo, ninguém aguenta um governo só criando dificuldades, cada vez mais taxando, impedindo com que eles realmente modernizem suas frotas, busquem infraestrutura capazes de poder fazer com que tenham um custo menor na propriedade rural. Não é feito uma política de desenvolvimento por parte da Argentina”. 

“Lá em Goiás, no primeiro mandato foi: ou bandido muda de profissão ou muda do estado de Goiás. Hoje você chega em Goiás e é o seguro de carro mais barato, de carga mais barata. Não há roubo nas propriedades rurais, na cidade. Ou seja, nunca mais teve um novo cangaço. Hoje todo mundo transita. 

Sobre 2026, Caiado apareceu modesto. “Eu posso responder levando um pouco a minha experiência e também a minha primeira candidatura”. Antes de continuar, lembrou-se do pai, que, à época em que decidiu disputar a Presidência da República em 1989, o alertou pela idade. “Meu filho, calma lá você tem 39 anos de idade. Você ainda não passou por nenhum cargo, não tem noção de gestão. E eu dizia: ´meu pai, eu caminhei o Brasil todo, já montamos estrutura da UDR, já fomos vitoriosos na Constituinte’”. 

Caiado ainda relembra que o pai o disse: “‘Calma, meu filho, está faltando um pouco de cabelo branco’. Eu, óbvio, naquela idade, decidi sair candidato e saí. Aprendi muito com a minha derrota, debati com grandes nomes da política nacional. O que eu enxergo nesse momento é que a população está atrás não é daquele cidadão que fica desenhando cenário que nunca implantou, tá certo. Aqueles teóricos de papel”. 

Ainda na resposta, disse que, para se candidatar, é preciso se impor, “mostrar que não está ali vendido, negociando, sua mesa não é balcão de negócio, as pessoas sabem que o negócio é diferente. A sociedade busca uma candidatura de quem realmente é capaz de ter capacidade no governo federal de botar rumo. Dificuldade é para ser resolvida”. 

Perguntado se ele seria o “cara”, Caiado respondeu: “Não é questão de ser o cara. Todo partido terá um candidato. Você sabe que eu sou de um partido que é grande e que terá pré-candidato também.  É claro que vou pleitear lá em 2026”.

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