PF convoca hacker Walter Delgatti para novo depoimento nesta sexta-feira

Hacker confirmar contato com ex-presidente Jair Bolsonaro e que recebu R$ 40 MIL de Zambelli para realizar o trabalho

Postado em: 18-08-2023 às 08h45
Por: Mariana Fernandes
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Hacker confirmar contato com ex-presidente Jair Bolsonaro e que recebu R$ 40 MIL de Zambelli para realizar o trabalho | Foto: Lula Marques/ ABr

A Polícia Federal (PF) convocou o hacker Walter Delgatti Neto para prestar um novo depoimento nesta sexta-feira (18). O pedido ocorreu logo após a participação de Delgatti na CPMI do 8 de janeiro nesta quinta-feira (17). A avaliação é de que ele trouxe dados novos durante a oitiva que precisam ser novamente relatados aos investigadores.

Entre outros pontos, Delgatti disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido teria sido feito por Bolsonaro via telefone quando ele encontrou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de combustível na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo.

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De acordo com Delgatti, a parlamentar pegou um celular novo, inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado, e o ex-chefe do Executivo entrou em contato. “Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker.

Delgatti acrescentou que, à época, sua imagem estava atrelada às mensagens que ele obteve de promotores da Lava Jato, o que ficou conhecido como “Operação Vaza Jato”. “Então seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Vaza Jato e eles apoiaram. Então, a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, continuou.

“Ele [Bolsonaro] disse, no telefonema, que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo porque não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu teria o prometido indulto. E ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender [sic], eu mando prender o juiz’, e deu risada”, completou.

Delgatti falou que entendeu que esse grampo seria suficiente “para alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem realizadas com a urna que imprimisse o voto. Ele afirmou que concordou porque era uma proposta pelo então presidente da República: “Ficaria até difícil falar não”.

Ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Junior (PSB-MA), o hacker afirmou à CPMI do 8 de janeiro que Bolsonaro lhe deu “carta branca” para que ele fizesse “o que quisesse” com relação às urnas eletrônicas. “Ele [Bolsonaro] me deu carta branca para fazer o que eu quisesse relacionado às urnas. Eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito que seria anistiado, perdoado, indultado no caso”, declarou Delgatti.

O hacker afirmou também que a invasão foi feita a pedido de Carla Zambelli e também que recebeu R$ 40 mil. A parlamentar nega.

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