Caiado aposta em Daniel como governador interino por confiança e conveniência

Cientista político cita que governador precisa sair de Goiás para reverberar o nome para o projeto rumo à presidência e que o vice deve se legitimar para disputar a sucessão

Postado em: 23-09-2023 às 09h10
Por: Francisco Costa
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Caiado aposta em Daniel como governador interino por confiança e conveniência | Foto: Divulgação

Desde sexta-feira (22), Daniel Vilela (MDB) é o governador em exercício, uma vez que Ronaldo Caiado (União Brasil) viajou a Argentina. Trata-se da quarta vez que o vice-governador assume a cadeira do Executivo. O gestor titular não só demonstra confiança, como também já abre o espaço para seu sucessor se preparar e mostrar serviço. Na verdade, a situação pode ir além, sendo observada como “conveniência” pelo professor e cientista político Marcos Marinho.

“Não se trata de mera confiança, mas conveniência, pois ambos têm objetivos em 2026. Caiado nacional, pois visa disputar a presidência, então precisa sair de Goiás para reverberar; e Daniel precisa se legitimar para disputar a sucessão”, observa.

Segundo Marinho, Caiado está focado no projeto em nível nacional, então é obrigado a fazer mais movimentos externos, enquanto o Daniel segue em processo de aprovação. “Ele, agora, precisa ocupar o lugar de cacique do partido”, diz ao lembrar que a legenda não tem mais grandes expoentes em Goiás como os ex-governadores Iris Rezende e Maguito Vilela.

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“Estando na governadoria, ele tem a possibilidade de ter exposição, interlocução com vários segmentos e criar situações políticas que deem a ele legitimidade para disputar 2026. É uma somatória de fatores.”

Para o também professor e cientista político Guilherme Carvalho, trata-se de “calendário”, mas também algo visto com naturalidade. Como o gestor tem prazo para terminar o mandato, ele organiza a gestão tendo como base a confiança, explica o docente. “É natural, mas é até uma questão mais prática para que Daniel possa sentir o cargo de Executivo. Movimento de dois aliados que entendem a sucessão.”

Segundo ele, isso não aconteceu no passado, com o então vice-governador Lincoln Tejota (hoje deputado estadual pelo União Brasil), pois e tratou de uma aliança de ocasião. Além disso, o então parceiro de Palácio das Esmeraldas não tinha um partido forte por trás dele.

No cargo

A primeira vez que Daniel assumiu o cargo foi quando Caiado e a primeira-dama Gracinha tiraram breves férias na Europa, ainda no primeiro semestre. Na segunda vez, o chefe do Executivo foi a Portugal para evento com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em junho, enquanto a terceira ocorreu em agosto, quando o gestor estadual titular esteve em Pernambuco, participando da Lide – Grupo de Líderes Empresariais.

Em novembro, Daniel deve assumir o governo mais uma vez. Na ocasião, Caiado irá para a China para fechar acordos comerciais iniciados, justamente, pelo vice-governador, que esteve no país em junho.

Inclusive, sobre a viagem a China, Daniel liderou uma comissão de empresários e agentes governamentais de Goiás. O país não era um desconhecido para ele que, quando foi deputado federal, se aproximou dos chineses e de sua cultura empresarial. A viagem, como comprova o retorno de Caiado ao local, serviu para estabelecer laços comerciais e de negócios em diversas áreas com o Estado.

Viagem de Caiado

O governador Ronaldo Caiado participou do lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Goiás, na Assembleia Legislativa, na quinta (21), e foi direto para o Aeroporto Internacional de Goiânia. Ele viajou para a Argentina, onde participa do  11º encontro do Grupo Liberdade e Democracia. O evento conservador ocorre em Buenos Aires e o gestor volta para Goiás neste sábado (23), já tendo agendo no domingo (24), conforme a assessoria.

Ainda sobre o evento teve e terá transmissão online pelo canal do Youtube da Fundación Libertad. O intuito é “promover análises e discussões para fortalecer a liberdade e a democracia nos países ibero-americanos”. Além de Caiado, participam ex-presidentes da Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, México e Costa Rica. Também estarão presentes o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o senador Sergio Moro (União Brasil) e outras autoridades internacionais.

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