PGR pede ao STF que Gustavo Gayer seja ouvido sobre fala supostamente racista

Em junho, goiano falou que democracia na África não prospera, pois para isso é preciso “ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado”

Postado em: 25-09-2023 às 08h46
Por: Francisco Costa
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Em junho, goiano falou que democracia na África não prospera, pois para isso é preciso “ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado” (Foto: Assessoria)

A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última semana, manifestação em que pede a oitiva do deputado federal por Goiás, Gustavo Gayer (PL), por declarações supostamente racistas. A fala em questão foi dada ao podcast 3 Irmãos, em junho. Na ocasião, o parlamentar disse que a “democracia não prospera” na África pois as pessoas de lá não entendem o que é bom e o que é ruim, certo ou errado.

O objetivo da fala era criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O Brasil está emburrecido. Aí você pega e dá um título de eleitor para um monte de gente emburrecida. Aí você vai ver na África: quase todos os países são ditaduras. Quase tudo lá é ditadura. Democracia não prospera na África. Por quê? Para você ter democracia, é preciso ter o mínimo de capacidade cognitiva para entender o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes. O que acontece? Um ditador toma tudo e o povo. O Brasil está desse jeito. O Lula chegou à presidência e o povo burro: ‘êeee, picanha, cerveja!’”, afirmou.

Para a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, é necessário que ocorram diligências preliminares para auxiliar o trabalho da Polícia Federal (PF). Além disso, ele pediu que o Youtube preserve o vídeo para facilitar a atuação da corporação.

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“Diante do quadro apresentado, mostra-se prudente e ao mesmo tempo útil a materialização de diligências, para a apuração preliminar dos fatos, com a elucidação de todas as suas circunstâncias”, aponta trecho da manifestação. “Como se sabe, a formalização de investigação demanda um suporte mínimo de justa causa, que se refere à verossimilhança dos fatos supostamente ilícitos apontados e à probabilidade de que haja meios eficazes de apuração”, completa.

Ela se manifestou em decorrência de duas ações das deputadas Duda Salabert (PSOL-MG), Carol Dartora (PT-PR), Tabata Amaral (PSB-SP), Reginete Bispo (PT-RS), Camila Jara (PT-MS) e Dandara Castro (PT-MG). As parlamentares pedem a investigação do goiano por racismo.

Gayer

À época, o parlamentar negou que as falas foram racistas e justificou que, em “momento algum” se referiu a “raça, cor da pele ou etnia”. Segundo ele, comentava sobre ditaduras e inteligência nos países. Foi quando, ele citou, que o apresentador do podcast “lembrou que na África a média de QI é 72, falei do QI no Japão e no Brasil está caindo”.

“Para a pessoa ter essa interpretação, ela é extremamente desonesta, e viu a oportunidade de derrubar o opositor político […] O que eu falei não teve absolutamente nada a ver com raça”, se defendeu naquele momento.

O Jornal O Hoje procurou o deputado federal para que ele pudesse se manifestar sobre a demanda da PGR, feita na última sexta-feira (22). Até o fechamento não houve retorno.

Entre outras coisas, Gayer foi alvo de pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara após dizer que nordestinos “perderam a capacidade de pensar” e chegou a ter a conta do X/Twitter suspensa durante as eleições por publicar dúvida sobre a lisura do sistema eleitoral e a eleição de Lula. O deputado, considerado um dos maiores bolsonaristas de Goiás, é pré-candidato à prefeitura de Goiânia.

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