Acusados de atentado contra advogado vão a júri nesta quinta (30)

Os dois irmãos apontados como autores do envio de explosivo ao escritório do advogado Walmir Cunha, em Goiânia, foram denunciados por tentativa de homicídio triplamente qualificado

Postado em: 29-08-2018 às 19h20
Por: Lucas de Godoi
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Os dois irmãos apontados como autores do envio de explosivo ao escritório do advogado Walmir Cunha, em Goiânia, foram denunciados por tentativa de homicídio triplamente qualificado

Da Redação

Os irmãos Ovídio Rodrigues Chaveiro e Valdinho Rodrigues
Chaveiro vão a júri popular na próxima quinta-feira (30) às 8h00. Eles são
acusados de ter enviado o pacote com uma bomba para o advogado Walmir Oliveira
da Cunha, em julho de 2016, e estão presos preventivamente desde dezembro de
2016. O profissional ficou gravemente ferido e teve três dedos e parte da palma
da mão esquerda mutilados.

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A denúncia do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO)
pediu o encaminhamento dos dois irmãos, que são policiais federais aposentados,
a júri popular por tentativa de homicídio triplamente qualificado por motivo
torpe, crime cometido com emprego de explosivo e dissimulação, meio que
impossibilitou a defesa da vítima. Na decisão de pronúncia, o juiz Jesseir
Coelho, na condição de substituto na 2ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e
Tribunal do Júri, considerou que na audiência de instrução e julgamento as
testemunhas reconheceram Ovídio como sendo a pessoa que entregou o artefato
explosivo para o motoboy levar ao escritório do advogado.

Segundo os autos, a motivação para o crime seria a
represália dos acusados em relação a atuação profissional da vítima, Walmir,
como advogado em uma ação que reverteu a guarda de uma criança, neta de
Valdinho, para o pai e cliente de Cunha. A sessão da quinta-feira (30) será
aberta ao público e será presidida pelo juiz Lourival Machado da Costa, titular
da 2ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri. Foram arroladas
12 testemunhas, sendo seis de cada parte, e dois informantes. O processo conta
com cerca de 2000 páginas será julgado por sete jurados. O presidente da
Comissão Nacional de Defesas das Prerrogativas e Valorização das Advocacia
(CNDPVA) do Conselho Federal das Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dr.
Cássio Lisandro Telles, virá a Goiânia para acompanhar pessoalmente a sessão
plenária do juri, a pedido do presidente do Conselho Federal da OAB, Dr.
Cláudio Pacheco Prates Lamachia.

Causa da sociedade

O advogado Walmir Cunha relata que passou por um grande
trauma físico e emocional, bem como por um longo processo de readaptação.
Apesar do sobressalto permanente, que já levou muitos profissionais ao
anonimato e até a abandonar sua atividade, ele escolheu enfrentar essa situação
árdua por entender que o atentado que sofreu não apenas contra sua pessoa, mas
também contra o Estado de Direito Democrático e contra a própria advocacia.

“Essa causa deixou de ser apenas minha, ela é de toda a
sociedade que busca a Justiça, para se assegurar seus direitos. Quando um
cidadão entende que pode impor sua vontade por meio da ameaça e da violência,
as conquistas da nossa sociedade, como a liberdade e o direito de acesso à
Justiça, são fragilizadas. Por isso, é preciso inibir de todas as formas de
barbáries contra os personagens eleitos para gerir a justiça no Brasil, como os
advogados, juízes e promotores. É em nome de todo cidadão que deseja uma
sociedade evoluída e justa que enfrento essa luta”, frisa Walmir.

Homicídios

Um levantamento aponta que 72 homicídios foram cometidos
contra advogados de janeiro de 2016 até o momento, sendo 45 assassinatos
nitidamente ligados ao exercício da profissão. Os dados são da Comissão
Nacional de Defesas das Prerrogativas e Valorização das Advocacia (CNDPVA) do
Conselho Federal das Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da qual Walmir é
membro.  Em Goiás, o caso mais recente
ocorrido em julho de 2018 foi o homicídio do advogado criminalista Sérgio Beze
Prates, de 44 anos.

Walmir Cunha escreveu um manifesto com medidas para
aprimorar a segurança dos profissionais e o entregou pelas seccionais da Ordem
de Advogados do Brasil em todas as regiões do País. Recentemente, foi nomeado
presidente da Comissão Temática de Crimes contra a Vida do Advogado para o
Encontro Nacional da CNDPVA, agendado para 18 e 19 de setembro em Brasília,
onde discutirá as medidas protetivas.

Walmir lembra ainda, que não só os advogados, mas outros
profissionais operadores do direito, como promotores, juízes e defensores
públicos, e mesmo outras categorias que em seu trabalho buscam assegurar o
cumprimento de garantias sociais, como por exemplos os profissionais da
imprensa, que não raramente têm sua vida ameaçada em virtude de seu trabalho.Um
dos últimos registro, lembrado pelo advogado, é o caso do radialista Jefferson
Pureza Lopes, de 39 anos, morto a tiros dentro de casa em Edealina.

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