Ego, embaraço partidário e ‘traição’ na disputa por Santo Antônio do Descoberto

Tensão e acusação de traição: por vaga, base governista coloca deputado e prefeito em fogo cruzado

Postado em: 16-04-2024 às 09h30
Por: Yago Sales
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Aliados do prefeitos estão enraivecidos porque dedicaram-se à candidatura do parlamentar no município e, com o lançamento, à revelia das lideranças, da mulher, significou “traição” | Foto: Reprodução

Ao mesmo tempo em que o casamento entre União Brasil – do governador Ronaldo Caiado – e o MDB – do vice-governador Daniel Vilela – vem celebrando caminhos promissores em Goiás, em Santo Antônio do Descoberto, município a 164,3 km – duas horas e meia de carro – de Goiânia, vive dias difíceis na base governista. 

Por lá, o grupo do atual prefeito, Aleandro Olívio Caldato, filiado ao União Brasil, está de cara amarrada para o deputado estadual André do Premium (Avante), um jovem com nem 40 anos, cuja votação na cidade surpreendeu meio mundo por lá. Ele obteve 26.063 votos, sendo que quase 70% apenas do eleitoral local, que o conhece por ser dono de um supermercado famoso na cidade. 

André foi apoiado pelo prefeito no projeto do primeiro mandato. E o prefeito é um homem bem visto na cidade, com administração responsáveis, com contas aprovadas. Empresário, é elogiado. Com o apoio, no pleito de 2022, não tinha como o deputado não ter sucesso. 

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Agora, no entanto, o deputado, que acredita que pode caminhar antagonicamente ao prefeito, quer lançar a própria esposa à prefeitura. O nome dela? Jéssica Aparecida, que é presidente municipal do União Brasil, vai ter o apoio, por enquanto, apenas de outro partido, o do marido: Avante. Isto mesmo: ela preside o mesmo União Brasil do prefeito. 

Enquanto isso, a base de Aleandro corre para tentar minar, ao que parece, a candidatura que poderá, de fato, causar problema: a da vereadora Meiranny Gonçalves, do Progressistas. Desde o início do mandato ela se opôs ao chefe do Executivo. Ao contrário do projeto do deputado, a parlamentar tem, como disse uma fonte da cidade, algum respeito da base “porque sabe o que quer, ao contrário do André”. 

Aliados do prefeitos estão enraivecidos porque dedicaram-se à candidatura do parlamentar no município e, com o lançamento, à revelia das lideranças, da mulher, significou “traição”. “Traidor não avança aqui”, comentou um vereador, ressabiado. 

Mesmo assim, o prefeito tem repetido, por onde anda, que o novo prefeito vai ser o ex-vereador e ex-presidente da Câmara o emedebista – atual secretário de Assistência Social – Alexandre de Jesus. Ele é do MDB. O nome de Jesus já conseguiu o apoio de 12 – dos 15 – vereadores da cidade. Alguns dizem que vai acabar tendo 13 vereadores na campanha. 

Enquanto André do Premium, e a mulher dele, têm duas siglas – Avante e o União Brasil, na personificação do próprio casal -, o prefeito, além da sua legenda, MDB, soma o apoio de seis siglas: Solidariedade, PSD, PSB, Republicanos, Podemos e PRB.

Já a vereadora Meiranny Gonçalves, vista como a mais preparada para o embate, por ter fortalecido o nome na oposição, também tem duas siglas: o partido dela, claro, o PP do Alexandre Baldy e o Agir. O último, no entanto, não teria conseguido montar nominata. 

Doente, sem influência, o ex-prefeito da cidade, o médico Adolpho Von Lohrmann, não tem nenhum poder de palpite neste pleito. Ele foi cassado pela Câmara, livrando o caminho para que Aleandro assumisse e ficasse dez meses do primeiro mandato. Depois elegeu-se em 2020. Por isso, dizem aliados, é tão importante que ele e o seu grupo construam uma chapa capaz de derrotar qualquer um. Aleandro tem perfil daqueles que voltam para concluir o que começou. É o que dizem.

Há quem acredite que, para manter a ordem natural das coisas, André do Premium deva esquecer, por enquanto, suas pretensões e colocar o União Brasil – e o Avante – à disposição do MDB – leia-se grupo de Aleandro na cidade- e apoio a candidatura do nome que eles escolheram para a sucessão: Alexandre de Jesus.

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