Começa hoje a sexta edição do Festival Perro Loco

De hoje até sábado ocorre em Goiânia o Perro Loco6, festival que reúne produções universitárias latino-americanas

Postado em: 01-12-2016 às 15h50
Por: Redação
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De hoje até sábado ocorre em Goiânia o Perro Loco6, festival que reúne produções universitárias latino-americanas

NATÁLIA MOURA 

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Resistência
é a palavra que define a sexta edição do Perro Loco, Festival de Cinema Universitário
Latino Americano. Este ano em versão reduzida o Perro, como é chamado
carinhosamente pelos seus produtores, homenageará o cinema colombiano e promete
provocar no público, a partir da Mostra Cinemateca Distrital, uma nova noção do
que a Colômbia representa para a América Latina. Por falta de investimento, a
tradicional Mostra Competitiva do festival não ocorrerá nesta edição, mas
oficinas e a Mostra Universitária continuam a fazer parte da programação.

Em
2007, um grupo de estudantes de comunicação da Universidade Federal de Goiás
(UFG), insatisfeitos com a falta de incentivo a produção de cultura e arte
tiveram a idéia de produzir um festival de cinema universitário no Estado. Os
filmes universitários na época eram exibidos em mostras específicas, que não
tinham cuidado com as projeções dos trabalhos. Segundo Jusceni Rezende, uma das
produtoras do Perro Loco, o que eles queriam no início era fazer um festival
goiano de cinema, mas eles resolveram expandir.

Como
os estudantes tinham contato com debates sobre América Latina e perceberam que
não sabiam nada sobre as produções estudantis de outros países
latino-americanos, eles resolveram criar um lugar para reunir diferentes
produções. Mesmo enfrentando preconceitos – já que se tratava de uma mostra
universitária – o primeiro Perro Loco foi um sucesso. “A primeira mostra foi
uma quebrada de pernas, a qualidade dos filmes convenceu a todos que o festival
era necessário e o cinema universitário era muito além do que julgavam”,
relembrou Jusceni.

O
nome “Perro Loco” foi escolhido porque a primeira edição ocorreu em agosto – “o
mês do cachorro louco” – e porque eles precisavam de algo forte para
representá-los. Assim como o nome, os produtores tiveram que seguir pela loucura
que era, na época, produzir um festival universitário internacional sem recursos
e dentro de uma universidade. Hoje fazem parte da equipe, Vasconcelos Neto,
Sidi leite, Fausto Borges, Juca Vasconcelos, Lorena Carvalho e Jusceni Rezende.
Ao longo de suas cinco edições anteriores, o Perro Loco já exibiu mais de 200
filmes universitários.

No
Perro Loco existem três tipos de mostras, cada uma tem curadoria específica. Na
Mostra Competitiva, o perfil é bem andrógino, ela recebe produções de
professores e estudantes de cinema e representa a pluralidade do que acontece
dentro de uma universidade. A Mostra Paralela segue a sugestão de algum
cineasta convidado e para a Mostra Universidade é escolhida uma instituição de
ensino que possui um trabalho forte e é dada a ela a liberdade de montar a
programação da mostra. Em todas as edições há algum homenageado, que pode ser
uma pessoa ou uma instituição.

Este
ano a homenageada é a Cinemateca
Distrital de Bogotá. Na última edição do Perro Loco, só foram exibidos filmes
universitários da Colômbia e isso chamou a atenção dos produtores do festival.
Na busca de entender como funcionou a produção cinematográfica na Colômbia eles
perceberam a importância da Cinemateca Distrital na formação de quatro décadas
de cineastas colombianos. Porém, mais do que uma homenageada a Cinemateca
Distrital foi a responsável pela seleção de filmes da Mostra Cinema Distrital
que ocorre nesta edição. “Ela (a mostra) desconstrói o senso comum sobre a
Colômbia, um verdadeiro achado para Goiânia ter um pouquinho do que este país
vizinho tem a dizer”, conta Jusceni.

Além
das mostras, o Perro Loco 6 conta com duas oficinas, uma sobre cinema mexicano
ministrada por Lucas Reis e outra sobre música para filmes ministrada pelo Dj.
Dolores. E com a participação do cineasta carioca Eduardo Valente, na abertura
que acontece hoje com a aula magna “Aprender cinema”. E amanhã, com debate e
exibição de seu filme “No Meu Lugar (2009)”, um dos selecionados para
selecionado para o Festival Internacional
de Chicago e Festival de Cannes de 2009. O filme fala do contexto de um
acontecimento de violência urbana no Rio de Janeiro, que envolve diretamente a
vida de três famílias bem diferentes. A entrevista que o Essência fez com o cineasta pode ser conferida logo em seguida.

O festival já recebeu produções dos
cineastas: Andrea Tonacci, Eryk Rocha, Fernando Birri, Gianfranco Grattine,
Gutiérrez Alea, Helena Ignez, Paulo Sacramento, Joel Pizzini, Ivan Cardoso,
Otto Guerra, Guilherme Vaz, Claudio Assis, Lírio Fernandes e vários outros.
Para Jusceni o festival “é uma declaração de amor ao cinema universitário, a escolas
e instituições que fazem dele e a esta força que sai da tela e merece nosso reconhecimento
e agradecimento”. E nos próximos Perro Locos que virão Jusceni promete que estará
presente muita vontade: “de continuar mostrando a pulsão que sai das
universidades da América Latina, de dar espaço para estudantes realizadores
poderem encontrar e dividir angustias e se sentirem incentivados a explorar
linguagens”.

Entrevista Eduardo Valente

Quando e
como começou sua história com o cinema? 

Minha
história com o cinema, de forma ampla, começou na adolescência como um cinéfilo
obsessivo, que via filmes todos os dias, em VHS (na época) ou nos cinemas do
Rio de Janeiro. Na prática, começou justamente quando eu entrei num curso
universitário de cinema, na UFF, em Niterói.

Como está
o mercado cinematográfico no Brasil hoje em dia?

Certamente
muito melhor do que há 20 anos, quando eu entrei no curso de cinema. Naquela
época ainda vivíamos a ressaca dos anos Collor, que praticamente terminaram com
a possibilidade de fazer filmes profissionalmente. Hoje, produzimos quase 200
longas por ano no país, algo impensável então.

Quais as
maiores dificuldades que um cineasta brasileiro enfrenta nos dias de hoje?

Creio que
nada muito diferente de cineastas no resto do mundo: desde o financiamento,
fazer cinema é algo complexo pois, no geral, envolve muita gente e esforço.
Mesmo que hoje em dia, com a tecnologia digital, fazer um filme já seja bem
mais simples, segue o desafio, numa sociedade que produz horas e mais horas de
imagens todos os dias, de fazer com que seu filme seja visto.

O que vem
por aí? Quais são seus próximos projetos?

Eu sempre
dividi muito o meu trabalho com cinema, alternando projetos de filmes com
trabalhos com crítica, programação de festivais de cinema, aulas. Atualmente eu
trabalho como curador do Festival de Brasília, além de ser o delegado para o
Brasil do Festival de Berlim, por exemplo. Não tenho nenhum projeto de filme em
andamento por enquanto.

SERVIÇO

Abertura Perro Loco 6 – Festival de Cinema
Universitário Latino Americano

Quando: Hoje (1)

Horário: 19h

Onde: Centro Cultural
Goiânia Ouro (Centro)

Entrada gratuita

Perro Loco6 – Festival de Cinema Universitário
Latino Americano

Quando: de 1 a 3 de
dezembro

Onde: Centro Cultural
Goiânia Ouro (Centro)

Entrada gratuita
(exceto encerramento)

Confira a programação
completa em https://www.perroloco6.com.br/ 

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