Elismar “Carrasco” sonha com o UFC, mas foca em comunidade carente

Violento quando criança, Elismar se tornou um adulto calmo, que ajuda a comunidade carente e que gosta de pescar - Foto: Felipe André

Postado em: 23-09-2020 às 08h00
Por: Raphael Bezerra
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Violento quando criança, Elismar se tornou um adulto calmo, que ajuda a comunidade carente e que gosta de pescar - Foto: Felipe André

Felipe André

Foi de um município com uma população estimada de 3.519
pessoas, intitulada Novo Brasil, interior de Goiás, que saiu o principal nome
brasileiro da categoria peso-pena (até 66kg) das artes marciais, fora do UFC.
Elismar “Carrasco” Lima, uma criança agitada e brigona como ele descreveu, se
tornou em um adulto calmo, que gosta de pescar, pensa na comunidade carente e
principalmente gosta de lutar.

Introduzido ao mundo das lutas através da capoeira, Elismar
“Carrasco” conversa com Minotauro, que já levantou a possibilidade de o goiano
atuar no Ultimate Fighting Championship (UFC). Recentemente ele foi até a
Ucrânia, onde lutou pela primeira vez fora do país, e venceu o “pupilo” Khasan
Askhabov por decisão unanime, na maior luta da carreira dele. agora ele se
prepara para tentar aumentar a coleção de cinturões, pois enfrenta no próximo
mês Jackson Tortora, no Future MMA 12.

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Apesar de preferir as lutas, Elismar já tentou jogar
futebol. Incentivado pelos irmãos, de quem herdou a torcida pelo Flamengo, o
caçula da família atuava como zagueiro, mas rapidamente viu que aquele esporte
não era para ele. Diferentemente de “Carrasco”, os três irmãos não tinham
apreço pelas lutas.

De onde veio o apelido Carrasco?

Veio da capoeira, onde comecei. Quem pratica a capoeira
geralmente tem um apelido e foi onde eu ganhei, devido a gostar de ‘trocar
porrada com os caras’. Minha iniciação foi na capoeira, onde fiquei por 6 anos,
depois conheci o Muay Thai, que era de um projeto social, fui me envolvendo.
Conheci o jiu-jitsu e então fui para o MMA.

De onde começou esse interesse pela luta?

Sempre gostei de esporte de combate, assistia na TV, mas
como eu morava no interior, lá só tinha a capoeira. Quando me mudei para
Goiânia eu procurei uma academia onde tinha Jiu-jitsu, Muay Thai, foi onde
conheci um projeto social Cultura Urbana, no Jardim Curitiba 3.

Como é esse projeto seu?

Eu abri aqui (localizada no Jardim Petrópolis) está chegando
aos dois meses. Também mexo com projeto social, para apoiar família de baixa
renda e usuários (de droga). Já tem um pessoal bom, só eu que dou aula. Tem as
turmas que atuo como personal também. Dou aulas de boxe, jiu-jitsu, muay thai e
o MMA.

Como surgiu o interesse em trabalhar com comunidade
carente?

Querendo ou não eu vim de um projeto social, treinei por
cinco anos no Cultura Urbana. Quando comecei lá era no piso, não tinha nem
luva. Com o passar dos anos foi conseguir comprar o tatame, luvas, montamos um
ringue. É um mundo difícil os dos usuários, as vezes a pessoa entra e só sai
pelo esporte, ele precisa de algo para entreter a mente. Se ele identificar com
isso, é uma tentativa de largar. Já conheci muitas pessoas, perdi muitas
pessoas talentosas, mas que desandaram.

Você gostava desde criança, dava trabalho?

Desde criança, eu era brigão demais, quase toda semana minha
mãe ia escola por conta de briga. Meu pai me falava ‘você não briga não, mas se
brigar não chega aqui depois de apanhar não, que eu te dou outra taca’.

Como foi a sua luta na Ucrânia, de onde saiu o convite?

Foi depois de lutar no Future (onde nocauteou Antônio Carlos
Ribeiro), eles entraram comigo, o World Warriors Fighting Championship (WWFC).
Foi uma correria para comprar a passagem pois foi muito cara, R$ 8 mil. Minha
esposa me ajudou, fizemos uma rifa, o meu empresário me ajudou com a metade e
conseguimos ir. Lutei contra o pupilo do evento, ele tinha 21 lutas e 20
vitórias. E eu saí o campeão. Venci ele por decisão unanime. Ele teve que sair
carregado. Eles me chamaram para lutar lá de novo, mas devido a pandemia não
está entrando brasileiro, tem que esperar isso passar.

Essa luta na Ucrânia foi a sua maior? E a menor?

Essa em Kiev foi a maior, foi em uma grande arena, tinha
cerca de três a quatro mil pessoas. A menor foi na Bahia, em Barreiros, eu
lutei dentro de um boteco. Até latinha de cerveja jogaram, nocauteei o cara no
segundo round, aí quando a luta acabou a história mudou. Todo mundo queria
conversar, mas antes foi difícil. Tinha umas 200 pessoas.

Você está na rota do UFC?

Estamos tentando, dedicando ao máximo para ver se consigo
entrar. Eu converso com o Minotauro, mando mensagem para ele. O UFC é o topo, o
maior evento do mundo. Tenho vontade também de lutar no Bellator, no Legacy
Fighting Alliance (LFA), são todos eventos grandes. O LFA já tive algumas
conversas.

Qual a próxima luta?

No dia 16 de outubro, em São Paulo, vou disputar o cinturão
da categoria no Future MMA. Eu ia enfrentar o Gabriel Braga, mas agora vai ser
o Jackson Tortora (autor do nocaute mais rápido da história do Future MMA, apenas
14 segundos, sobre Anderson Buzika, na 7ª edição.) pelo cinturão vago.

Quantas lutas você faz em um ano?

Três a quatro, mas depende do desempenho, se não
machucar pode chegar a fazer cinco lutas. Quem está no UFC ganha muito bem, o
lutador pode fazer apenas duas lutas no ano, que é um ritmo baixo, mas a minha expectativa
é fazer de três a quatro.  

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