Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Filas para testagem da Covid-19 em Goiânia têm sofrimento e desistência

Com alta demanda por testes, locais de testagem gratuita estão lotados

Postado em: 15-01-2022 às 09h35
Por: Redação
Imagem Ilustrando a Notícia: Filas para testagem da Covid-19 em Goiânia têm sofrimento e desistência
Com alta demanda por testes, locais de testagem gratuita estão lotados. | Foto: Pedro Pinheiro

Por Ítallo Antkiewicz

Um dos reflexos imediatos das aglomerações de fim de ano é perceptível nas filas dos locais de testagem gratuita da Covid-19. Em Goiânia, multidões vão até os lugares que são disponibilizados os testes gratuitos. A procura ocorre em meio às festas realizadas de final de ano, celebradas com a família e amigos, bem como diante das exigências em entrada em eventos. Pessoas levam até cadeiras para a fila e a espera ultrapassa as 5h em muitos casos. O movimento já é grande por volta das 7h, sendo que a testagem só está marcada para começar às 8h.

Mariany Inês Alves, microempresária, 32 anos, tenta fazer o teste oferecido pela prefeitura desde o dia 1 de janeiro. “Manifestei sintomas de gripe, e auto me mediquei em casa, eram sintomas leves, só que não estava surgindo efeito, e os sintomas foram piorando, e eu busquei a testagem gratuita da prefeitura, porque o particular é muito caro, agendei pelo site da prefeitura, tinha alguns locais com vagas, marquei para um sábado que estava disponível. Com os sintomas muito fortes, febre, sem paladar e olfato, quando cheguei no local, a rua cheia de carros, não tinha lugar para estacionar, a fila estava imensa, muita gente mesmo, estava chovendo, sem tendas suficientes para tantas pessoas, a maior dificuldade, cheguei por volta das 13h. Tinha em média mais de 100 pessoas na minha frente, tentei ficar, mas por estar muito mal, não conseguir fazer o teste, por estar lotado, e falta de organização, fui embora sem conseguir fazer a testagem”.

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A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Grécia Carolina Pessoni, conta que houve um aumento sensível na demanda por testes, após as festas e confraternizações de fim de ano. “O objetivo da nossa testagem não é testar para eventos, mas sim testar pessoas que tiveram contato com casos positivos. Mas as pessoas chegam nas testagens e falam que tiveram contato”, afirma.

Antes desse período, segundo ela, a média diária oscilava em torno de 700 pessoas que buscavam os pontos de testagem rápida montados pela prefeitura. Hoje, o número mais que dobrou, oscilando entre 1,5 mil e 1,8 mil pessoas. A expectativa dela é que sejam realizados cerca de 3 mil testes, na capital. Um balanço é feito no final do dia, com a divulgação do índice de pessoas que testaram positivo.

A estudante de economia Débora Fernandes, 20 anos, relatou que chegou por volta de meio dia e meio e esperou mais de três horas em pé na fila. “Estou há alguns dias suspeitando que peguei Covid ou H3N2, não estou muito bem, cheguei no local da testagem, passando mal, com alguns sintomas, era quase meio dia e meio, uma fila enorme, muita aglomeração, uma bagunça, a fila não andava de jeito nenhum, correndo risco de ser infectada realmente, fiquei em torno de três horas em pé esperando chegar minha vez de fazer o teste, é um total descaso com a população, as autoridades que podem fazer alguma coisa para ajudar, simplesmente não fazem nada”, reclama.

Demanda em Aparecida sobe mais de 100% 

A busca diária por testes contra Covid-19 em Aparecida de Goiânia aumentou mais de 100%. Saiu de 400 para mais de 800, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022.  O número de positivados com a doença também aumentou expressivamente.

Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, até o último dia 6 de janeiro a pasta realizou 4.154 testes. O dia com maior procura foi 5 de janeiro, quando 1.518 pessoas passaram pelo teste RT-PCR em Aparecida de Goiânia.

Para efeito de comparação, em todo o mês dezembro de 2021 os técnicos da Secretaria de Saúde realizaram 10.847 testes. Se manter esse ritmo, o número de testados em janeiro pode ser o dobro do registrado no último mês do ano passado.

O aumento pela busca de testes no município foi anotado após o dia 27 de dezembro. “Naquele mês, a média diária de testes era de 400, mas a partir do dia 27 houve um aumento expressivo da demanda com mais de 800 testagens diárias”, aponta o secretário Alessandro Magalhães.

Variante ômicron

Parte desta busca mais intensa pode ser explicada pelo aumento no número de casos ocasionados pela chegada da variante ômicron. Aparecida de Goiânia registrou seus primeiros casos com a nova variante no dia 12 de dezembro, quando duas mulheres foram identificadas com a cepa a partir do Programa de Sequenciamento Genômico.

Desde então, o vírus se espalhou. Já no final de semana após o Natal, Aparecida confirmou 18 casos de pacientes com a ômicron e decretou que havia transmissão comunitária na cidade, já que não é possível determinar a cadeia de transmissão. (Especial para O Hoje)

Entidade recomenda priorização nos testes

Devido ao risco de desabastecimento dos testes de Covid-19, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) recomenda que os laboratórios priorizem testes em pacientes segundo a escala de gravidade. Pacientes mais graves devem ter prioridade sobre aqueles que possuem sintomas mais leves.

A entidade afirma que o cenário ideal seria a testagem em massa, mas diante da impossibilidade, o recomendado é testar aqueles que possuem gravidade nos sintomas, pacientes hospitalizados, cirúrgicos, pessoas do grupo de risco, trabalhadores assistenciais da área da saúde e colaboradores de serviços essenciais.

A Abramed recomenda interromper a testagem daqueles que tiveram apenas contato com paciente infectados, assintomáticos e pessoas com sintomas leves, que devem, porém, permanecer isolados até que o cenário seja normalizado.

A demanda por testes de Covid aumentou com o surto de gripe (influenza) e o aumento de casos de Covid-19.

Farmácias

Os testes positivos voltaram a subir durante as festas de fim de ano, de acordo com o monitoramento da Abrafarma (associação que reúne grandes redes farmacêuticas). O total de positivos saltou de 524 no dia 1º de dezembro, quando 10 mil exames foram feitos, para 5.334 em 29 de dezembro, quando houve 31.332 exames –o equivalente a 5% e 17% do total, respectivamente. O levantamento abrange 3.000 farmácias do país.

Desde dezembro, interessados têm dificuldade de agendar testes de Covid-19 em drogarias. Enquanto antes das festas de fim de ano era possível fazer um agendamento para o mesmo dia, durante o fim de ano o paciente teria que esperar por até 5 dias.

Para saber se a pessoa está com Covid no momento da testagem, os testes mais procurados são os de antígeno e o RT-PCR. Os testes antígeno estão disponíveis na modalidade “swab”, em que um cotonete é introduzido pelo nariz para a coleta da amostra, e por via oral. Alguns deles também combinam a testagem para Covid-19 e para influenza dos tipos A e B no mesmo produto. Ele também é oferecido na modalidade em que a coleta é feita pela saliva, com uma amostra que varia de 2 ml a 5 ml.

O resultado do teste antígeno fica disponível em cerca de 15 minutos. Já o resultado do RT-PCR, pode sair em quatro horas em alguns laboratórios. Em outros, é preciso esperar até 72 horas.

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