Após 6 anos, policiais acusados de matar adolescente no Residencial Vale do Araguaia vão a júri popular
O crime em abril de 2017, na casa onde o jovem Roberto Campos da Silva (Robertinho) morava com os pais
Por: Ícaro Gonçalves
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Três policiais militares acusados de serem os responsáveis pela morte de um adolescente de 16 anos, no Residencial Vale do Araguaia, em Goiânia, vão a júri popular no próximo dia 17. O crime em abril de 2017, na casa onde o jovem Roberto Campos da Silva (Robertinho) morava com os pais.
Os militares Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior e Rogério Rangel Araújo Silva foram denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) pelos crimes de tentativa de homicídio, homicídio triplamente qualificado, abuso de autoridade e fraude processual.
O julgamento acontecerá no Fórum Cível da capital, no Parque Lozandes, a partir das 8h30. A acusação será feita pela promotora de Justiça Renata de Oliveira Marinho e Sousa (17ª Promotoria de Justiça de Goiânia) e pelo promotor Sebastião Marcos Martins (29ª PJ de Goiânia).
Entenda
Segundo a denúncia, os policiais estariam descaracterizados quando invadiram a residência da família, sob a alegação de investigar a posse ilegal de arma de fogo. Os três PMs faziam parte do serviço reservado e estavam à paisana. Em certo momento, eles teriam desligado o relógio de energia com Robertinho e os pais dentro.
Assustado, o pai, Roberto Lourenço da Silva pegou uma arma que tinha em casa, adquirida após sofrer um assalto, e deu um tiro para cima. Na sequência, foram dados vários tiros de fora da casa para dentro. Ainda de acordo com a investigação, Robertinho foi atingido por mais de dez disparos e morreu no local.
O pai também foi baleado. Mesmo após receber alta do hospital, ele nunca se recuperou totalmente, pois ainda tem projéteis no corpo que não foram retirados.
De acordo a promotora Renata Marinho e os promotores Maurício Gonçalves de Camargos e Mário Henrique Cardoso Caixeta, que assinaram a peça acusatória, os policiais teriam agido com abuso de autoridade.
Para o MP, o abuso ocorreu pois os policiais militares não estavam fardados na hora da ação, não se identificaram como policiais, chegaram fora do horário permitido pela lei e não possuíam mandado judicial para entrar na residência.
À época da acusação, o advogado Maurício de Melo, que representava os policiais, disse que há provas de que o pai tinha uma arma e efetuou disparos antes, o que levou os policias a agirem em legítima defesa. “Acredito que as provas técnicas revelarão a verdade”, disse.
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