A vez dos vinhos brancos

Neste artigo, vou mostrar quais são os mais importantes vinhos brancos do mundo e as regiões produtoras que você precisa conhecer

Postado em: 02-12-2021 às 08h36
Por: Redação
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Neste artigo, vou mostrar quais são os mais importantes vinhos brancos do mundo e as regiões produtoras que você precisa conhecer

Os vinhos brancos ainda são pouco consumidos no Brasil, mesmo sendo o tipo mais indicado para refrescar os dias quentes do nosso clima tropical e para acompanhar a típica gastronomia brasileira: picante e muito bem temperada. Neste artigo, vou mostrar quais são os mais importantes vinhos brancos do mundo e as regiões produtoras que você precisa conhecer!

O Chablis da Borgonha

Sem dúvida nenhuma o Chablis é o vinho branco mais conhecido do mundo, vindo de uma das regiões icônicas de produção da uva Chardonnay, única casta autorizada para a produção da bebida. Embora a Chardonnay seja uma uva conhecida por se adaptar em todas as regiões do globo e expressar muito bem as características de cada terroir, em Chablis ela é considerada excepcional, dando origem a vinhos secos, ácidos e aromáticos, com notas herbáceas, de grama molhada, e cítricas, como lima-limão. São vinhos extremamente minerais! Ela é produzida na região da Borgonha, na França, em uma Appellation d’Origine Contrôlée (AOC) de três mil hectares ao redor do vilarejo de Chablis. Embora seja uma sub-região da Borgonha, Chablis é uma das únicas que fica separada das demais, ao norte, a 120 quilômetros de Dijon. Existem quatro tipos principais de Chablis: os Petit Chablis, os Chablis AOC, os Chablis Premier Crus e os Chablis Grand Crus. Os Petit Chablis são vinhos mais simples e leves, feitos para serem bebidos jovens. Eles são produzidos em uma região que fica na borda de Chablis. Já os Chablis AOC são os mais populares e tradicionais da denominação de origem. Os Chablis Premier Crus levam o nome de um dos 40 vinhedos que possuem essa classificação, enquanto os Chablis Grand Crus, a classificação mais premium da região, são produzidos em apenas sete vinhedos. Enquanto os Chablis AOC e os Petites Chablis são ideais para acompanhar ostras frescas, os Chablis Premier Cru e os Grand Cru devem estar acompanhados de pratos com sabores mais intensos. O meu preferido é o  Vinho Branco William Fèvre Chablis 2014 ele foi elaborado pelo enólogo William Févre e mantém o frescor, a alta mineralidade e a acidez natural da Chardonnay de Chablis.

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Os vinhos brancos do vale do loire

A marca do Loire na França é o modo como a vinicultura é tratada, de forma quase minimalista, evitando o uso de agrotóxicos e madeira. A ideia é que a bebida consiga expressar o máximo possível dos terroirs e de suas frutas. Os vinhos brancos do Loire podem ser divididos, em linhas gerais, entre os vinhos brancos secos do leste e oeste, e os doces do centro. A casta Chenin Blanc – originária da região – se expressa da forma mais natural possível e dá origem aos vinhos brancos secos e doces e a espumantes. Para os vinhos secos são duas as regiões mais importantes: Vouvray e Savennières, cada uma com características de solo e microclimas distintos. Os doces produzidos pela Chenin Blanc (Demi-sec, Mouelleux e Doux) podem chegar a impressionantes 50 anos de idade, alguns chegando até a um século de vida. Já os espumantes mais notáveis feitos da casta são encontrados em Pétillants, Mousseux e Crémants. Os vinhos de Sauvignon Blanc, por sua vez, são produzidos principalmente nas regiões de Sancerre e Pouilly-Fumé, de onde saem brancos com notas minerais e cítricas, frutas e especiarias. Esses vinhos são muitíssimos saborosos e os de Pouilly-Fumé ganham ainda um tom de cremosidade, enquanto os de Sancerre se destacam pela acidez e mineralidade.

Chardonnay

Chardonnay é também o nome da uva, responsável por gerar diversos outros tipos de vinho. Poucas pessoas conhecem essas informações. 

Essa uva de pele verde, utilizada na produção de espumantes e vinhos brancos é, provavelmente, a mais “maleável” que existe no mundo, e grande parte disso se deve ao fato de ser possível produzi-la em praticamente todo lugar do planeta.

Chardonnay  dá origem a vinhos ricos em aromas e sabores, de forma que evidencia as frutas cítricas quando submetida a climas frios, e frutas tropicais a climas quentes. Para atingir essa gama variada de vinhos que vão de estruturados e encorpados até leves e delicados, sua grande aliada é a Terroir.

Na região de Borgonha é o local de origem Chardonnay, produz vinhos que podem levar mais de 10 anos para atingirem seu pico de complexidade — levando assim a vinhos brancos conhecidos internacionalmente. 

Na Califórnia os Chardonnays são produzidos na região da Califórnia  e são tradicionalmente armazenados em barricas de madeira, dando origem a vinhos encorpados com teor alcoólico mais elevado, notas de madeira, nozes e são levemente amanteigados, apresentando baixa acidez.

Na América do Sul — especificamente no Brasil, na Argentina e no Chile —, Chardonnay tem ganhado seu espaço. Por esses lados, as uvas têm produzido vinhos mais frutados e com personalidade.

Pinot Gris

Tudo que envolve a Pinot Grigio é curioso, começando pelo seu nome. Grigio significa cinza em italiano, fazendo referência à coloração de sua casca, mas você pode encontrar muitos vinhos  chamando-a de Pinot Gris, principalmente os franceses, pois foi na França que a variedade surgiu, mais precisamente na pitoresca Borgonha. O perfil dos vinhos franceses e italianos, as características sensoriais serão gritantes. Na França, esses costumam ser mais encorpados, amarelados e com uma presença picante. Já na Itália, os exemplares são mais refrescantes, versáteis e fáceis de beber. A minha sugestão para quem quer conhecer essa uva, a minha sugestão é o Argento Pinot Grigio, um branco típico da Argentina. Essa Linha de vinhos representa muito bem a filosofia da Bodega Argento: a pureza, a vitalidade e a elegância das frutas.

Sauvignon Blanc

A Uva Sauvignon Blanc certamente figura entre uma dessas castas, originando vinhos brancos apreciados nos quatro cantos do mundo, e consagrando-se como um varietal  que certamente não pode faltar na adega de qualquer enófilo. Geralmente encontrada em vinhos varietais, onde ela brilha com sua intensidade aromática. Contudo, existem alguns exemplares que utilizam Sauvignon Blanc  com outras uvas, como o incomparável Sauternes , um dos mais famosos e saborosos vinhos de sobremesa.

Assim como tantas outras castas, a uva Sauvignon Blanc se originou na região de Bordeaux , na França, conhecida internacionalmente por ser uma das mais notáveis regiões vitivinícolas do mundo, produzindo, sobretudo excelentes vinhos tintos de corte (ou blends, como já mencionamos anteriormente). Lá, Sauvignon Blanc resulta em vinhos bastante ricos e exuberantes, tanto secos quanto doces, sendo, em geral, cortada com uma boa porcentagem de Semillon. É uma uva aromática e refrescante por essência, a Sauvignon Blanc  é conhecida por manter seu caráter e nitidez onde quer que seja cultivada, razão pela qual é uma excelente opção para quem está dando os primeiros passos no reconhecimento dos vinhos.

De forma geral, é uma casta que se adapta muito bem a uma grande variedade de solos e climas. Mas se fizermos um comparativo, podemos distingui-la em dois grandes estilos:Velho Mundo e Novo Mundo. 

Vinhos Brancos de guarda

Quando se pensa em vinho de guarda, imediatamente os tintos vêm à mente. A sua estrutura construída com os taninos os ajuda naturalmente a envelhecer ao longo do tempo. Mas não podemos esquecer que o potencial de guarda não é uma noção exclusiva desses tintos, já que um outro elemento primordial auxilia os vinhos a atravessar os anos, as décadas e, às vezes, mais do que um século: a acidez. Você não pode esperar especificidades organolépticas iguais com um vinho branco que já tem 10, 15 ou mais de 20 anos. Já quando você serve esse vinho, sua cor mostra um ouro dourado bem diferente do amarelo esverdeado dos brancos jovens. Quanto mais o vinho branco vai envelhecendo, mais sua cor escurece – esse é um efeito do tempo totalmente normal e que, a depender da casca, da safra e do terroir de origem, será mais ou menos pronunciado. Por exemplo, os maravilhosos Muscadet sur lie do cru Château Thebaut que, mesmo depois de 15 anos, têm a cor de uma juventude extraordinária. Os pratos para acompanhar tal vinho são diferentes das especialidades que harmonizam com um branco jovem. Para esse tipo de branco você vai optar por carnes brancas com trufas, ou carne de vitelo com creme. Você pode encontrar,  nesses pratos, aromas e sensações na boca que você acha também no vinho e isso é maravilhoso.

Não tenha vergonha se você gostar de vinho doce. Isso mesmo, eu sei. Para muitos você tem o “paladar pobre”. Mas não é assim. A maioria dos conhecedores amam os vinhos de colheita tardia e fortificados. Todos os estilos de vinho têm seu lugar na mesa e vocação para inspirar pratos celestiais. Além disso, o açúcar (residual e não o acrescentado) preserva o vinho por muitíssimos anos. Por exemplo, se diz que os vinhos de Madeira são eternos, que nunca vão se converter em vinagre durante a micro-oxidação em garrafa. Eu amo os vinhos doces porque capturam como nenhum outro os aromas do verão. Fecho os olhos e sinto o perfume das flores, frutas, mel… a vida, a dolce vita.

Late harvest 

‘Late Harvest’ é um termo utilizado para descrever aquelas uvas que ficaram nas vinhas algumas semanas depois da data ideal de colheita, aquelas que estão ‘supermaduras’. São, basicamente, aquelas que ‘passaram do tempo’. Vinhos deste tipo, que também são conhecidos como ‘vinhos de sobremesa’, são, em sua maioria, doces (sem serem enjoativos, graças à sua marcante acidez), bastante elegantes e ricos em sabores com notas de mel. Um vinho late harvest vem literalmente de uma colheita tardia. Suas uvas são cortadas muito mais tarde do que o normal, entre maio e junho, no caso do Chile. O motivo desta colheita tardia é que as uvas sejam afetadas pela Botrytis cinérea, um tipo de fungo que cobre a pele das uvas e concentra os seus sabores.A harmonização, por causa da boa acidez e do bom corpo, pode ser feita com uma diversidade de pratos, como sobremesas, queijos azuis e foie gras – o famigerado e controverso ‘fígado gordo’ de pato ou ganso.

Embora a maioria seja vinificada a partir de uvas Riesling, os late harvests também podem ser originados a partir de Sauvignon Blanc, Gewürztraminer, Sémillon e Zinfandel. A harmonização fenomenal para estes vinhos são os queijos, especialmente o Gorgonzola ou Roquefort. Experimente também com um queijo defumado. Gostaria de recomendar a vocês também o Casillero del Diablo Late Harvest com crostinis com patê de fígado ou foie gras.

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