A Sabedoria Dionisíaca no cuidado à saúde mental

Para cada taça de vinho, os aromas precisam ter cheiro de empatia.

Postado em: 14-10-2021 às 09h00
Por: Redação
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Para cada taça de vinho, os aromas precisam ter cheiro de empatia. | Foto: Reprodução

Por Edna Gomes (especial para O Hoje)

Existem pessoas que falam mal de você? Certamente. Sei que a fofoca abala a alma das pessoas, a ponto de levar algumas buscar tratamento e acompanhamento clínico para lidar melhor com a maldade alheia. Pode-se dizer que a propensão em falar mal dos outros é da natureza humana. Embora se trate de hábitos tão antigos quanto a civilização em si, parece que ele encontrou o cenário perfeito na era atual, dos meios digitais, da internet e das fake news. Quando uma pessoa fala mal de alguém para outra, cria uma espécie de conexão com sua interlocutora. Isso se deve ao fato de que a terceira pessoa objeto da fofoca está excluída da relação entre as duas que conversam. Quem já não fez isso? Eu mesma já conversei demais.

Menosprezar um terceiro funciona como um mecanismo de autodefesa. Falar mal do outro produz a sensação de que se é melhor do que ele. E confesso, não é bacana. Ao falar mal de alguém, o detrator expõe muito das próprias dores. Palavras são muito reveladoras, amigo leitor. Há pessoas que se julgam geniais, mas o mundo parece não reconhecer isso. Será mesmo? Talvez caiba uma reflexão. É como se fosse firmado um pacto entre as partes, que as torna coniventes. Quando falamos mal de alguém com a falsa certeza de que nunca seremos descobertos, estamos sempre correndo riscos. Mentiras e fofocas podem arruinar um relacionamento, acabar com uma grande amizade, trabalho. Em casos mais graves, fofocas podem manchar uma reputação.

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Quando fui assessora de imprensa na Casa de Dom Inácio, muitos me julgaram e muitos perguntaram nas rodinhas sociais: “Ela não viu nada?” A desinformação de muitos em saber que eu era freelancer e não funcionária, braço da comunicação que mantinha o relacionamento com a imprensa através da produção de conteúdos editoriais. Mas o caso ”João de Deus”, me levou a passar por vários percalços em relação aos fofocólotras.

A situação ficou fora do controle, as mentiras quase me fizeram atentar contra a minha própria vida. Estou falando de algo muito sério, caro leitor. É preciso ter consciência do poder das palavras, ou sofreremos todos com as consequências delas. E o que aprendi com todos os “falatórios?” Que os velhos amigos, os anjos e os velhos vinhos sejam sempre os melhores. Muitos não sabem nem o que estão bebendo com o paladar cheio de fel. Não combina com a alma de um bom vinho. E o que o vinho tem a ver com isso? Ele me ensinou a beber com moderação, a decifrar cada garrafa, a ser companheiro do meu divã.

O vinho é uma bebida tão especial que até tem um deus relacionado a ele. Para os gregos, Dionísio já os romanos, Baco. Dois nomes para a mesma pessoa. Filho de Zeus com a mortal Sêmele. Ele simboliza a embriaguez, mas também é tido como o promotor da civilização, legislador e amante da paz. Assim como Baco, os apaixonados por vinho não desejam guerra com ninguém. Ressalta-se as facetas da sabedoria dionisíaca e sua importância à psique.

Sua sabedoria é ampla e nos mostra o mundo ao revés, desconstrói as verdades e nossas percepções, propiciando uma metamorfose. Com 50+ quero apenas curtir meu vinho e filosofar sobre a vida, o universo e tudo mais. Na bebida de baco está a verdade, revela os sentimentos, e é uma das coisas mais civilizadas e naturais do mundo que alcançou a maior perfeição que é melhor meter o nariz em uma taça, do que na vida dos outros. Gosto de amizades sinceras baseadas em fofocar da vida com meus amigos verdadeiros.

Nestes dias reflexivos, dei de costas para quem cuida da minha vida e comecei a cuidar do meu coração. Hoje tenho tentado me colocar no lugar do outro, sei que nem todos farão isso por mim, mas a nossa parte tem de ser feita. É impossível ter controle sobre os outros ou sobre o que eles vão dizer, mas tenho mantido o foco no que eu posso controlar: eu mesma. Tome a decisão de não se preocupar com o que está fora do seu controle. Se os outros querem perder tempo com práticas perversas e nocivas, eles que lidem com as consequências de seus atos. Promova um ambiente muito mais agregador para você e as pessoas ao seu redor. A positividade é a base para construir a vida que você quer e merece. Para que nossa vontade se realize e as transformações aconteçam, antes temos de assumir nosso papel de agentes de mudança. Somos agentes; não pacientes, entende? Não podemos ser meros espectadores da vida que segue à nossa volta. Precisamos assumir nosso papel de sujeitos do processo de mudança que tanto almejamos para nós mesmos e também para o próximo. Para cada taça de vinho, os aromas precisam ter cheiro de empatia, O melhor vinho ao paladar errado, vai sempre parecer vinagre, destilando álcool pela boca.

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