Tradicional, pamonha goiana fomenta a economia e impulsiona negócios na Capital

Inovação de pratos derivados do milho faz o mercado crescer ainda mais em Goiás

Postado em: 31-01-2022 às 10h10
Por: Alexandre Paes
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Inovação de pratos derivados do milho faz o mercado crescer ainda mais em Goiás | Foto: Alexandre Paes

É patrimônio não só dos goianienses, mas dos goianos! Com ou sem chuva, no frio, no calor, no almoço, no jantar ou lanche, pamonha é pamonha. Parece até uma tradição, quando o tempo esfria é uma procura insaciável por pamonha. Desse jeito fica difícil encontrar alguma pamonharia que dê conta da enorme demanda. E se você conseguir, então achou a mina de ouro.

A pamonha goiana é diferente. A começar que a popular mesmo é a salgada, ou melhor, “di sal”, como se diz no legítimo goiano. É cremosa e muito bem temperada. Na mistura não entra fubá de milho, farinha, nem nenhum tipo de espessante. Só o milho verde, fresco, ralado e coado em pano de saco virgem, escaldado com muita manteiga ou banha de porco, depois é cozida em um caldeirão fervente e está pronta pra comer!

Um produto tão consumido costuma ter alta no preço em diversas épocas do ano, mas que nesse mês de janeiro pode ser encontrado custando até 10 reais. Em setembro de 2021 o goiano sofreu pra comprar o produto tão cobiçado, e na capital achava-se pamonhas de até 16 reais. Hedio Queiroz é proprietário de uma pamonharia na região leste de Goiânia e diz que existem meses no ano em que a dificuldade de achar milho no mercado goiano é mais acentuada.

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“Quando começa a temporada da seca, entre julho até o final de outubro, são os meses em que o milho é mais escasso porque é caro de ser necessitando ser um milho irrigado. Em meu caso, pegamos o milho de um produtor e assim como ele tem um custo maior de produção, isso é repassado pra mim, mas eu sempre seguro o preço da pamonha pra continuar a satisfazer a clientela”, explicou Edinho, apelido como é conhecido. 

Já Amanda Freitas, dona de uma pamonharia na mesma região, disse que em seus 6 anos no ramo do milho, o produto só tem subido de preço, e que o valor pamonha permanece justo ao que o cliente deve pagar. “Quando chega a seca a mão de milho (equivalente a 60 espigas) encarece, mas como o foco e manter a qualidade e o cliente satisfeito, sempre busco congelar o valor pra que o consumidor não sinta tanto o bolso pesar, mas nem sempre é possível”, afirmou.

De acordo com a companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa é que 71% dos grãos de milho produzidos na próxima safra vão sair das lavouras de Goiás, sendo que parte desse total é fixado no abastecimento do estado, e mais de 50% é destinado a importação e exportação. 

A projeção da Conab é de uma colheita nacional de mais de 86 milhões de toneladas de milho, um crescimento de 42% em relação ao ano passado, sendo que os agricultores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul devem produzir juntos 61 milhões de toneladas do grão, o que pode compensar parte das perdas das outras regiões do país que enfrentam problemas climáticos em 2021.

Quem acompanha o agronegócio avalia que a superprodução de milho em 2022 pode ajudar a segurar os preços dos alimentos no supermercado. Edinho e Amanda tem a expectativa de expandir ainda mais a comercialização dos pratos para ampliar o público. 

“Hoje eu ofereço pamonha de diversos tipos, chica doida, caldos e cural, mas espero crescer e inovar meu cardápio para atrair mais clientes”, argumentou Amanda. Em paralelo a isso Edinho disse “a 10 anos estou nesse local, e pretendo nele permanecer para continuar fazendo feliz aqueles que são meus clientes”.

O segredo é saber fazer 

Pra quem pretende empreender no ramo, e quem sabe abrir uma pamonharia, Amanda comenta que particularmente não realizaram nenhum tipo de curso pra conseguir fazer essa delícia, o que vale e saber o passo a passo e ter um capital de giro. Além disso, em dias chuvosos é sempre bom ter uma produção de pamonhas maior, porque o produto é muito procurado.

“Quando chove é como se fosse o chamado dos céus pro cliente vir atras do produto, então acaba que a procura da pamonha triplica, e sempre temos essa atenção até mesmo de ver a previsão de chuva pra saber a quantidade certa da produção pra que não sobre e não seja desperdiçado o milho”, explica Amanda.

Edinho diz que além das pamonhas o bolinho de milho é o prato de entrada, e seus expositores costumam ficar vazios diariamente. “Muitos dos meus consumidores vem atrás da pamonha, mas quando veem o bolinho já pedem um pra ir comendo, além de levar o famoso cural com canela como sobremesa”, comentou. 

Em ambos os estabelecimentos o cardápio é amplo, e os sabores que tem surgido tem caído no gosto da clientela. Na pamonharia de Edinho uma de suas clientes disse ter se apaixonado por um sabor inusitado. “Todas as vezes que peço é a pamonha de frango com queijo, é uma refeição pra la de completa, e pra quem não sabe remete a um caldo de frango com milho, so que cremoso” disse a cliente Marcia Dias.

Já a Dona Bernadete disse adorar a cachapa que a Amanda tem no cardápio do seu estabelecimento. “Sempre que estou sozinha compro cachapa, e não é por nada mais o tempero deles é ótimo, e como uma boa goiana que sou adoro tudo que vem do milho, principalmente nosso cural”, expos a senhora de 71 anos.

Adorada por muitos e odiada por outra pequena parcela, a pamonha por si só tem todo seu charme e tradição, então quando chover já sabe o que procurar pra comer.

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