PT inicia discussão para definir apoio a Maia ou Jovair
Legenda admite adotar postura pragmática e deve apoiar o candidato que garantir espaço ao partido na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados
Por: Sheyla Sousa
![Imagem Ilustrando a Notícia: PT inicia discussão para definir apoio a Maia ou Jovair](https://ohoje.com/public/imagens/fotos/amp/11c5448033ed615781ce47adb839ab2f.jpg)
Mardem Costa Jr.
Os deputados do PT iniciaram ontem (17) as discussões sobre qual candidato irão apoiar na disputa à presidência da Câmara dos Deputados no próximo dia 2. Apesar de a bancada petista ver com bons olhos a permanência de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à frente da Casa, o nome do goiano Jovair Arantes (PTB) também está sendo considerado por um grupo de parlamentares.
A expectativa é que a decisão de apoio ocorra logo após a reunião da executiva nacional da legenda, prevista para quinta-feira (19). Mesmo contando com simpatia dos petistas, André Figueiredo (PDT-CE) dificilmente contará com o apoio oficial do PT para sua postulação à presidência. A possibilidade de uma candidatura própria para marcar posição, algo que chegou a ser aventada por lideranças do partido, é considera remota.
Tanto Maia quanto Jovair prometem respeitar o princípio de proporcionalidade, que determina a escolha dos demais membros da Mesa Diretora de acordo com o número de parlamentares de cada partido ou bloco – que podem ser articulados até o meio-dia de 1º de fevereiro, um dia antes da eleição. O PT conta hoje com 57 deputados federais, a segunda maior bancada da Câmara – Rubens Otoni é o único parlamentar da legenda em Goiás.
Os petistas resolveram adotar uma postura pragmática após serem alijados da Mesa com a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em 2015. À época, o peemedebista articulou a distribuição da maior parte dos cargos para seus aliados do Centrão. O pragmatismo da bancada do PT irritou os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann, considerados membros “ideólogos”. Eles defendem o distanciamento de qualquer pessoa ou partido que tenha colaborado para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Democracia
Ao final do encontro, o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), concedeu entrevista aos jornalistas e reforçou o caráter democrático da reunião da bancada do partido, mas que ainda não houve uma posição em relação à Maia ou Jovair. “Queremos o respeito à democracia, a participação popular e a proporcionalidade na Casa e vamos colocar esta exigência aos candidatos”, disse.
Perguntado sobre o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão, Zarattini admitiu que a decisão passará pelo crivo de Lula, que deve se reunir amanhã (19) com um grupo de deputados. “Temos vários fóruns de discussão, como a bancada, a executiva e o próprio Diretório Nacional, e vamos estar reunidos com todos eles. O Lula é uma pessoa fundamental no nosso partido e irá opinar sobre a questão”, assegura.
O líder do PT, ao responder um questionamento sobre um possível desconforto em apoiar o petebista ou o democrata, que votaram a favor da saída de Rousseff, criticou a gestão de Cunha, considerada “um caos político e administrativo” por ele. “Para nós é fundamental que a Casa funcione regularmente e passamos os dois últimos anos numa situação de exceção. Mesmo o Rodrigo Maia, em muitos momentos, não atendeu àquilo que nós nos posicionamos em termos de debate sobre os projetos que tramitaram”, pontua.
Pragmatismo une petistas e comunistas
Um possível apoio a Jovair Arantes reforça a visão pragmática da legenda, que inicialmente rejeitou qualquer possibilidade de composição com o petebista. Zarattini, inclusive, esteve no lançamento da candidatura de Jovair, no último dia 10 e alegou a importância de sua presença ao evento, “apesar de todas as divergências políticas que temos”.
Arantes foi o relator do pedido de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e deu parecer favorável ao prosseguimento da ação, referendada pelos deputados com 367 votos favoráveis, 137 contrários, sete abstenções e duas ausências. O petebista também foi um dos principais apoiares de Cunha, cassado em outubro.
Já a união de PT e PC do B em prol da reeleição de Rodrigo Maia conta com a articulação direta do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), ex-ministro de Esportes no governo Dilma Rousseff. O comunista se incumbiu de buscar apoio a Maia dentro das duas legendas.
Silva repete o mesmo procedimento feito na eleição do democrata fluminense para cumprir um mandato-tampão, devido à renúncia de Eduardo Cunha. A movimentação, à época, foi criticada por pessoas de proa do PC do B, como a deputada Jandira Feghali (RJ). A composição também é criticada por André Figueiredo, que a considera “incoerente”.
Arantes visita o Rio e segue para a Bahia
Correndo contra o tempo para angariar votos para a disputa do próximo dia 2, o deputado Jovair Arantes (PTB) esteve ontem e na segunda-feira no Rio de Janeiro (RJ), onde se encontrou com o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o prefeito carioca Marcelo Crivella (PRB), cerca de dez deputados e os colegas de partido Cristiane Brazil, presidente nacional do PTB, e o ex-deputado Roberto Jefferson.
Tanto Cristiane quanto Jefferson reforçaram o apoio ao correligionário por meio de publicações nas redes sociais. Pezão e Crivella, por sua vez, foram comedidos e não quiseram se pronunciar. Arantes espera que tanto o peemedebista quanto o perrebista tenham uma posição neutra, o que facilitaria a articulação em prol de sua candidatura.
A neutralidade deles pode ajudar o goiano. Após se encontrar com o prefeito do Rio, Jovair seguiu para Belo Horizonte (MG), onde foi recebido pelo governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Minas (53) e Rio (46) possuem, respectivamente, a segunda e terceira maiores bancadas da Câmara.
Arantes passa hoje por Salvador (BA) e Aracaju (SE) e amanhã segue para Maceió (AL). A Bahia possui a quarta maior bancada, com 39 deputados. Já Sergipe e Alagoas, juntos, reúnem somente 17 deputados – nove alagoanos e oito sergipanos.