Segunda-feira, 08 de julho de 2024

PT inicia discussão para definir apoio a Maia ou Jovair

Legenda admite adotar postura pragmática e deve apoiar o candidato que garantir espaço ao partido na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados

Postado em: 18-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Legenda admite adotar postura pragmática e deve apoiar o candidato que garantir espaço ao partido na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados

Mardem Costa Jr.

Os deputados do PT iniciaram ontem (17) as discussões sobre qual candidato irão apoiar na disputa à presidência da Câmara dos Deputados no próximo dia 2. Apesar de a bancada petista ver com bons olhos a permanência de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à frente da Casa, o nome do goiano Jovair Arantes (PTB) também está sendo considerado por um grupo de parlamentares. 

A expectativa é que a decisão de apoio ocorra logo após a reunião da executiva nacional da legenda, prevista para quinta-feira (19). Mesmo contando com simpatia dos petistas, André Figueiredo (PDT-CE) dificilmente contará com o apoio oficial do PT para sua postulação à presidência. A possibilidade de uma candidatura própria para marcar posição, algo que chegou a ser aventada por lideranças do partido, é considera remota.

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Tanto Maia quanto Jovair prometem respeitar o princípio de proporcionalidade, que determina a escolha dos demais membros da Mesa Diretora de acordo com o número de parlamentares de cada partido ou bloco – que podem ser articulados até o meio-dia de 1º de fevereiro, um dia antes da eleição. O PT conta hoje com 57 deputados federais, a segunda maior bancada da Câmara – Rubens Otoni é o único parlamentar da legenda em Goiás.

Os petistas resolveram adotar uma postura pragmática após serem alijados da Mesa com a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em 2015. À época, o peemedebista articulou a distribuição da maior parte dos cargos para seus aliados do Centrão. O pragmatismo da bancada do PT irritou os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann, considerados membros “ideólogos”. Eles defendem o distanciamento de qualquer pessoa ou partido que tenha colaborado para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Democracia

Ao final do encontro, o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), concedeu entrevista aos jornalistas e reforçou o caráter democrático da reunião da bancada do partido, mas que ainda não houve uma posição em relação à Maia ou Jovair. “Queremos o respeito à democracia, a participação popular e a proporcionalidade na Casa e vamos colocar esta exigência aos candidatos”, disse.

Perguntado sobre o papel do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão, Zarattini admitiu que a decisão passará pelo crivo de Lula, que deve se reunir amanhã (19) com um grupo de deputados. “Temos vários fóruns de discussão, como a bancada, a executiva e o próprio Diretório Nacional, e vamos estar reunidos com todos eles. O Lula é uma pessoa fundamental no nosso partido e irá opinar sobre a questão”, assegura.

O líder do PT, ao responder um questionamento sobre um possível desconforto em apoiar o petebista ou o democrata, que votaram a favor da saída de Rousseff, criticou a gestão de Cunha, considerada “um caos político e administrativo” por ele. “Para nós é fundamental que a Casa funcione regularmente e passamos os dois últimos anos numa situação de exceção. Mesmo o Rodrigo Maia, em muitos momentos, não atendeu àquilo que nós nos posicionamos em termos de debate sobre os projetos que tramitaram”, pontua. 

Pragmatismo une petistas e comunistas 

Um possível apoio a Jovair Arantes reforça a visão pragmática da legenda, que inicialmente rejeitou qualquer possibilidade de composição com o petebista. Zarattini, inclusive, esteve no lançamento da candidatura de Jovair, no último dia 10 e alegou a importância de sua presença ao evento, “apesar de todas as divergências políticas que temos”.

Arantes foi o relator do pedido de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e deu parecer favorável ao prosseguimento da ação, referendada pelos deputados com 367 votos favoráveis, 137 contrários, sete abstenções e duas ausências. O petebista também foi um dos principais apoiares de Cunha, cassado em outubro. 

Já a união de PT e PC do B em prol da reeleição de Rodrigo Maia conta com a articulação direta do deputado Orlando Silva (PC do B-SP), ex-ministro de Esportes no governo Dilma Rousseff. O comunista se incumbiu de buscar apoio a Maia dentro das duas legendas.

Silva repete o mesmo procedimento feito na eleição do democrata fluminense para cumprir um mandato-tampão, devido à renúncia de Eduardo Cunha. A movimentação, à época, foi criticada por pessoas de proa do PC do B, como a deputada Jandira Feghali (RJ). A composição também é criticada por André Figueiredo, que a considera “incoerente”.

 Arantes visita o Rio e segue para a Bahia 

Correndo contra o tempo para angariar votos para a disputa do próximo dia 2, o deputado Jovair Arantes (PTB) esteve ontem e na segunda-feira no Rio de Janeiro (RJ), onde se encontrou com o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o prefeito carioca Marcelo Crivella (PRB), cerca de dez deputados e os colegas de partido Cristiane Brazil, presidente nacional do PTB, e o ex-deputado Roberto Jefferson. 

Tanto Cristiane quanto Jefferson reforçaram o apoio ao correligionário por meio de publicações nas redes sociais. Pezão e Crivella, por sua vez, foram comedidos e não quiseram se pronunciar. Arantes espera que tanto o peemedebista quanto o perrebista tenham uma posição neutra, o que facilitaria a articulação em prol de sua candidatura.

A neutralidade deles pode ajudar o goiano. Após se encontrar com o prefeito do Rio, Jovair seguiu para Belo Horizonte (MG), onde foi recebido pelo governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Minas (53) e Rio (46) possuem, respectivamente, a segunda e terceira maiores bancadas da Câmara.

Arantes passa hoje por Salvador (BA) e Aracaju (SE) e amanhã segue para Maceió (AL). A Bahia possui a quarta maior bancada, com 39 deputados. Já Sergipe e Alagoas, juntos, reúnem somente 17 deputados – nove alagoanos e oito sergipanos.

 

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