Gustavo Mendanha se arrisca para ter apoio de Jair Bolsonaro no 2º turno

Prefeito de Aparecida de Goiânia pensa a longo prazo, mas, de imediato, movimentação pode trazer mais prejuízos que benefícios

Postado em: 23-03-2022 às 07h36
Por: Marcelo Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Gustavo Mendanha se arrisca para ter apoio de Jair Bolsonaro no 2º turno
Prefeito de Aparecida de Goiânia pensa a longo prazo, mas, de imediato, movimentação pode trazer mais prejuízos que benefícios | Foto: Reprodução

Após negociações frustradas para se filiar ao PL em janeiro, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), voltou a articular apoio com o presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias do prazo final, que se encerra em 1º de abril, para candidatos nas próximas eleições definirem novas legendas.

No sábado (19), Mendanha esteve, ao lado de aliados, com Bolsonaro, em Brasília. “Como pacificador me coloquei à disposição do presidente para a partir de 2023, com a benção de Deus e do povo goiano, fazer um trabalho conjunto a favor dos goianos”, escreveu nas redes sociais

Dois dias depois, quando o presidente completou 67 anos, o prefeito de Aparecida de Goiânia voltou a afagar Bolsonaro e publicou um print de uma chamada de vídeo entre os dois, desejando-lhe feliz aniversário.

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Como o jornal O Hoje já mostrou, uma das pessoas responsáveis por aproximar Mendanha e Bolsonaro é o ex-embaixador de Israel no Brasil Yossi Shelley, amigo de ambos. No entanto, o presidente demonstra preferência pela candidatura a governador do deputado federal Major Vitor Hugo (de saída da União Brasil), seu maior aliado no estado.

Diante das movimentações do prefeito de Aparecida de Goiânia, o parlamentar bolsonarista reagiu e confirmou, por meio de um vídeo, que Bolsonaro, de fato, o apoia. “[Vitor Hugo] sabe dos problemas, em especial voltados para o agronegócio. É uma esperança que aparece aqui em Goiás e mais uma alternativa para todos, que, obviamente, conta com meu apoio”, disse o presidente na gravação.

A propósito, Vitor Hugo deve oficializar sua filiação ao PL durante evento no próximo final de semana. A expectativa é a de que, na ocasião, Bolsonaro volte a apontar o deputado federal como seu candidato a governador de Goiás.

A definição sobre candidaturas, vale lembrar, só será feita nas convenções partidárias, marcadas para ocorrer entre o final de agosto e o início de setembro. Agora, o momento é de apenas decidir os partidos, o que, claro, já indica possíveis cenários, mas, ao longo dos quatro meses seguintes, muita coisa pode mudar.

Mendanha, por sua vez, tem consciência de que não é o favorito dos bolsonaristas. De qualquer maneira, na eventualidade de desistência de Vitor Hugo, lá na frente, ele despontaria como o mais cotado para receber o respaldo do presidente, mesmo se estiver em uma sigla que não seja o PL.

No fundo, porém, as peças que o prefeito de Aparecida de Goiânia têm mexido recentemente refletem uma estratégia a longo prazo, mais especificamente de olho no segundo turno e, em caso de sucesso nas urnas, “a partir de 2023”, como o próprio admitiu.

Um aliado de Mendanha explicou à reportagem o que essa movimentação representa. De acordo com ele, se houver segundo turno entre Caiado e Mendanha, em Goiás, e o Lula e Bolsonaro, nas eleições nacionais, o objetivo é garantir o apoio do atual presidente ao prefeito de Aparecida de Goiânia.

Dessa forma, como Caiado e Lula jamais estariam juntos em um mesmo palanque, o governador ficaria “isolado” no segundo turno em relação à disputa para presidente, nas palavras do mendanhista.

Contudo, a estratégia é considerada arriscada, haja vista que, de imediato, tem o potencial de trazer mais prejuízos do que benefícios para o prefeito de Aparecida de Goiânia, que, antes, precisa, em primeiro lugar, viabilizar sua candidatura e, em seguida, garantir sua vaga no segundo turno.

Nas redes sociais, por exemplo, já é possível ver inúmeros comentários de pessoas declarando que deixarão de votar em Mendanha devido à aproximação com Bolsonaro. Embora seja importante estar ao lado da máquina pública, o desgaste do governo federal é notório, razão pela qual poucos buscam uma associação tão direta com o presidente.

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