Apesar de críticas, vereadores aprovam mudança de nome da Castelo Branco

Autor do projeto, o vereador Clécio Alves (Republicanos) devolveu o pedido de vistas feito ontem e pediu a inversão da pauta poder votá-lo

Postado em: 17-11-2022 às 12h00
Por: Redação
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Autor do projeto, o vereador Clécio Alves (Republicanos) devolveu o pedido de vistas feito ontem e pediu a inversão da pauta poder votá-lo | Foto: Câmara Municipal

Francisco Costa e Ícaro Gonçalves

O projeto que muda o nome da Avenida Castelo Branco, em Goiânia, para Agrovia Iris Rezende, foi aprovado nesta quinta-feira (17/11). O vereador Clécio Alves (Republicanos) devolveu o pedido de vistas do próprio projeto e pediu a inversão da pauta poder votá-lo. Na quarta (16), o parlamentar fez a solicitação por temer a recusa da matéria, uma vez que empresários ocupavam a tribuna em protesto a alteração.

Na discussão do projeto, Pedro Azulão Jr. (PSB) lamentou que a galeria não estivesse cheia, como na quarta-feira. “Mas a Castelo Branco tem vereadores representantes”, disse ao pedir “votos para os comerciantes”. “Eu vou votar contra a mudança do nome”, anunciou. Em aparte, o vereador Paulo Magalhães (União Brasil) lembrou que Castelo Branco foi um ditador.

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Em seguida, Cabo Senna (Patriota) afirmou que a discussão não é sobre quem foi Castelo Branco. “Iris Rezende não precisa de nome em avenida para dizer quem foi ele”, lembrou do viaduto, Casa de Vidro, busto e outras homenagens a Iris. “Agora, precisamos votar contra esse projeto. Para representar o povo. Ontem [quarta] estava lotado e o povo dizendo que não queria a mudança. E o que estamos fazendo aqui? Indo contra a vontade do povo que nos confiou este mandato?” Ainda segundo ele, o ex-prefeito não estaria satisfeito com esse projeto.

Na sequência foi o turno de vereador Sargento Novandir (Avante), quando afirmou estar envergonhado com a votação do projeto que disse prejudicar os trabalhadores da região. ”Querem prejudicar mais de 20 mil trabalhadores por simples vaidade do vereador”, disse referência a Clécio Alves, autor do projeto. “Por unanimidade, os trabalhadores da Castelo Branco são contra a troca de nome, então como nós vereadores podemos ir contra o que eles querem? Tenho certeza que se Iris Rezende estivesse vivo, ele diria que não gostaria dessa homenagem”.

Em certo momento, o debate a respeito das despesas oriundas da troca de nome entrou novamente em discussão. Sandes Junior (PP), favorável ao projeto, declarou que as despesas existirão de qualquer forma, uma vez que a inclusão do termo “Agrovia” ao nome da avenida ocorrerá independente da adoção ou não do nome de Iris. “Todos os empresários concordam que seja Agrovia, então será a mesma despesa que terá com a mudança para o nome de Agrovia Iris Rezende Machado, com uma pequena mudança: Caso o projeto seja aprovado, os empresários terão 5 anos para fazer a troca”, defendeu Sandes.

Gabriella Rodart (PTB) se posicionou em seguida, e declarou ser contra o projeto. “Na primeira votação, nós fomos na Avenida conversar com as pessoas que estão ao redor e com os comerciantes. Foi unânime a negativa, não encontrei uma pessoa que era favorável a alteração do nome da via”. Ao final do pronunciamento, foi dado inicio à votação.

Encerrada às 11h36, a votação teve placar final de 16 votos favoráveis e 8 contrários, sendo aprovada pelo plenário. Para entrar em vigor, o texto ainda precisa da sanção do prefeito em exercício, Romário Policarpo (Patriota). “O projeto estará nas mãos do prefeito daqui a pouquinho. Quero convidar os 18 vereadores que votaram a favor para estar lá comigo”, finalizou Clécio.

Imagem: Câmara Municipal de Goiânia

Leia também: Votação de projeto que altera nome da Avenida Castelo Branco é adiado na Câmara após pedido de vista

Pedido de vistas na quarta

Irônico, Clécio justificou o pedido de vistas na quarta ao dizer que precisava entender o projeto. Donos das lojas já falam em se mudar da avenida ou reduzir suas instalações com a perda do nome referência e movimento de negócios. “A cidade perde muita renda, empregos e arrecadação”, argumentam.

Eles defendem também que existem outras formas de prestar homenagem ao ex-governador de Goiás e ex-prefeito da Capital, Iris Rezende. “Alguns projetos não causam transtornos a terceiros e prestam uma homenagem muito maior do que essa”, argumenta um dos representantes. O projeto é de autoria do vereador Clécio Alves que, pela segunda vez, tenta aprovar o texto.

Presidente do Sindilojas, Cristiano Godinho Fernandes Caixeta está na coordenação. Em nota, ele afirmou que, “apesar de reconhecer o legado do ex-governador e ex-prefeito e, inclusive, defender que homenagens a Iris sejam feitas em outros pontos da capital, o Sindilojas-GO não vê razões para ressuscitar esse projeto”.

E ainda: “Se essa alteração ocorrer de fato, as lojas terão de trocar todas as peças da sua identidade visual, como fachadas, cartões de visita, folders, panfletos, plotagem de veículos, letreiros etc. Isso terá altos custos, já que as empresas deverão fazer também alterações cadastrais, por exemplo, em operadoras de telefonia, nas companhias distribuidoras de energia elétrica e água, e na Receita Federal, impactando em todas as certidões que deverão ser emitidas novamente em função da atualização do endereço no CNPJ.”

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