Deputado goiano identifica novas irregularidades nos cartões de Bolsonaro

Elias Vaz acionou TCU depois de identificar, dentre outras coisas, gastos em locais onde o presidente supostamente não esteve durante férias de 2021

Postado em: 16-01-2023 às 08h29
Por: Felipe Cardoso
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Elias Vaz acionou TCU depois de identificar, dentre outras coisas, gastos em locais onde o presidente supostamente não esteve durante férias de 2021. | Foto: Reprodução

O deputado federal por Goiás, Elias Vaz (PSB-GO), acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo novas investigações sobre o uso dos cartões corporativos nos gastos das férias do ex-presidente Jair Bolsonaro, no litoral paulista e catarinense, do dia 18 de dezembro de 2020 até o dia 05 de janeiro de 2021. O documento levanta novos questionamentos.

A consulta aos gastos se tornou possível depois que o Governo Federal, especificamente em 12 de janeiro de 2023,  decidiu retirar os sigilos que bloqueavam o acesso às despesas executadas por meio dos Cartões de Pagamento do Governo Federal. Com essa medida, as informações, que antes eram sigilosas, foram disponibilizadas no Portal da Transparência.

Diversos pontos chamaram a atenção do parlamentar a partir da abertura dos dados. Dentre eles a inconsistência de despesas com hospedagem, pagamento de diárias e alimentação aos militares pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), na época comandado pelo general Augusto Heleno.

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Elias Vaz enviou, em janeiro de 2021, requerimentos de informação ao GSI e à Secretaria-Geral da Presidência da República solicitando informações sobre os gastos nessas férias de 2020/2021. Em resposta, General Heleno informou que os gastos foram de R$ 202.538,21 em passagens aéreas, diárias e hospedagens aos militares que fizeram a segurança do ex-presidente. Tudo pago diretamente na conta bancária dos servidores.

Entretanto, a planilha divulgada pela Presidência da República no dia 12 de janeiro mostra que foram gastos mais de R$ 703 mil com hospedagens e alimentações por meio dos cartões corporativos.

Segundo a planilha, no Guarujá, no período das férias, o ex-presidente gastou R$ 493 mil em hospedagem no Ferraretto Hotel Guarujá. O equivalente à R$ 61 mil por dia. Em Santa Catarina, o valor foi R$ 157, 54 mil.

“Bolsonaro costumava divulgar que o maior gasto dos cartões corporativos era com o pessoal da segurança. Se eles receberam diárias do GSI, de R$ 200 mil, como o ex-presidente gastou R$700 mil nos cartões? Quem gastou esse dinheiro todo? Se não foi com segurança, foi com ele?”, questiona o parlamentar. Além desses gastos, outro dado que, segundo o deputado, chama a atenção é que o Rio de Janeiro, que estava fora da rota de férias, também foi citado.

Nos dias 18 e 30 de dezembro de 2020 e no segundo dia de janeiro de 2021, no Rio de Janeiro, a Presidência da República pagou R$ 34.250,00 em hotéis. Ele lembra, poré, que o presidente e a equipe do GSI estavam a caminho de Santa Catarina no dia 18/12/2020. No dia 2 de janeiro, já estavam em Guarujá. O questionamento levantado foi sobre o motivo de ter gasto dinheiro no Rio quando a comitiva estava em outro local.

Alimentação

As mesmas irregularidades foram encontradas em gastos com alimentação. Em uma padaria, também no Rio de Janeiro e fora da rota das férias, foram gastos, no dia 18/12/2020, R$ 9 mil.

“Enquanto o cartão era usado no Rio, o presidente e sua equipe estavam a caminho de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. O que justifica esse gasto de quase dez mil reais?”, pergunta Elias.

Eventos

No meio dessas férias, entre os dias 18 de dezembro de 2020 e 05 de janeiro de 2021, Bolsonaro e sua equipe gastaram R$ 41.890,00 com empesas de promoção de eventos em Santos/SP e São Francisco do Sul/SC. Duas empresas foram contratadas.

Uma, esportiva. Recebeu R$ 34.090,00 e forneceu bens móveis durante a estadia de Bolsonaro no Guarujá/SP. Outra, com atuação no segmento de locação de palcos e estruturas para eventos. Essa recebeu R$ 7.800,00 para o fornecimento de bens móveis durante o período em que Bolsonaro esteve em São Francisco do Sul/SC.

“Essa é uma empresa de equipamentos esportivos que, aparentemente, aluga Jet Skis. Será que ele gastou esse dinheiro todo alugando o equipamento, para o seu próprio divertimento e enquanto a população passava fome e dificuldades por conta da pandemia?”, questionou Vaz. Quanto a segunda, disparou: “Bolsonaro alugou palco para quê? O que ele estava fazendo nas férias? Ele gastou dinheiro com palco, numa atividade particular, usando dinheiro do povo?” finaliza Elias Vaz.

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