Janela partidária mexe com 15% dos deputados da Câmara

Ao todo, 85 deputados aproveitaram o prazo para se filiar a outros partidos sem correr o risco de perder seus mandatos, o que representa 16,5% dos 513 parlamentares da Casa

Postado em: 14-04-2018 às 16h20
Por: Márcio Souza
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Ao todo, 85 deputados aproveitaram o prazo para se filiar a outros partidos sem correr o risco de perder seus mandatos, o que representa 16,5% dos 513 parlamentares da Casa

Nas últimas semanas, mais de 15% dos deputados federais
mudaram de partido, de olho nas eleições de outubro. Impulsionada pelo fato de
ter um integrante na presidência da Câmara, a bancada do DEM foi a que mais
cresceu durante o período conhecido como janela partidária.

Ao todo, 85 deputados aproveitaram o prazo para se filiar a
outros partidos sem correr o risco de perder seus mandatos, o que representa
16,5% dos 513 parlamentares da Casa em legendas diferentes das que iniciaram o
ano de 2018.

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Os democratas receberam a adesão de 14 deputados e apenas
duas baixas. Quinta maior bancada da Câmara, o DEM está agora com 44 deputados,
após ter iniciado a legislatura com menos da metade desse número: em 2015, eram
21 parlamentares filiados ao partido.

Depois de passar por dificuldades nos últimos anos e ver o
número de políticos eleitos encolher, tanto no Congresso Nacional como em
governos estaduais e municipais, o DEM ganhou força com a eleição do presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), que já lançou sua pré-candidatura à Presidência
da República. Na opinião do líder do partido, Rodrigo Garcia (SP), além da
figura de Maia, a legenda contou com outros fatores para ganhar musculatura.

“Eu credito o crescimento à coerência do partido e à sua
refundação no momento da abertura da janela, trazendo o partido mais para o
centro da política brasileira. O Democratas é um partido coerente que, sempre
que perdeu a eleição, foi para a oposição. A resistência que tivemos nos anos
do governo do PT deu muita segurança para os parlamentares buscarem o DEM como
uma alternativa”, afirmou.

Segundo ele, o “protagonismo” da legenda durante o processo
de impeachment de Dilma Rousseff foi outro fator que contou positivamente para
atrair os deputados, além da destituição de cargos partidários nos estados,
abrindo a possibilidade para os novos membros assumirem as funções.

Já os arranjos locais para o pleito de outubro foram a
principal razão apontada pelo vice-líder do MDB, Hildo Rocha (MA), para a maior
perda de integrantes ocorrida durante a janela. Embora tenha recebido oito
parlamentares, a legenda perdeu o posto de maior bancada da Casa após ver 15
integrantes se desfiliarem.

“Se você comparar [a bancada] de 2014 com a bancada que
existe hoje, realmente houve uma perda muito grande. Mas, em compensação, nós
conseguimos deixar os melhores deputados, os que tiveram melhor desempenho
durante o mandato. As mudanças foram mais questões locais, regionais. Nenhum
parlamentar do MDB saiu por uma questão nacional”, destacou, referindo-se aos
65 deputados que a sigla elegeu em 2014 e aos 53 atuais.

Com a promessa de o MDB eleger 70 parlamentares em outubro
desse ano, após a filiação de candidatos que são “puxadores de votos” em
diversos estados, Hildo Rocha avaliou que a diferença na composição de forças
da Câmara é pequena. Segundo ele, inclusive, a influência emedebista na
indicação de presidentes e relatores das comissões foi mantida, já que as
escolhas foram feitas anteriormente.

Ao lado do PP, o nanico PSL foi o que recebeu o segundo maior
número de filiações durante o período: oito parlamentares migraram para a
legenda, estimulados pela filiação do pré-candidato à Presidência pelo partido,
o deputado Jair Bolsonaro (RJ). A sigla agora tem oito integrantes, após a
saída de dois.

Outras mudanças

O PSDB, quarta maior bancada da Câmara, com 47 deputados,
perdeu três e recebeu a filiação de dois. Já o PR, que está em sexto lugar em
número de integrantes, com 41 deputados, perdeu sete e ganhou cinco
parlamentares.

Do lado da oposição, o PSB deixou de ter dez parlamentares,
e dois se filiaram à sigla. Segundo Júlio Delgado (MG), líder da legenda na
Casa, apesar do crescimento de alguns partidos aliados ao presidente Michel
Temer, os projetos mais complexos de interesse do governo encontrarão mais
dificuldades de receber apoio a partir de agora.

“Essas pautas econômicas complicadas, como a autonomia do
Banco Central, vão sendo cada vez mais complicadas e não encontrarão respaldo
para serem aprovadas com facilidade”, afirmou.

Com a diminuição da quantidade de deputados emedebistas, a
maior bancada da Casa agora, com exceção dos blocos partidários, é o PT, com 60
integrantes. O partido teve uma alteração mínima no seu quadro, já que perdeu
dois integrantes, mas filiou um novo parlamentar: Celso Pansera, que antes era
do PMDB e estava sem partido.

O período que permite a mudança de deputados federais,
estaduais e distritais, denominado janela partidária, começou no dia 8 de março
e se encerrou no dia 6 de aabril. O prazo não inclui vereadores, porque não
haverá eleições este ano na esfera municipal.

Como comunicação sobre o troca-troca é feita diretamente à
Justiça Eleitoral, e não há prazo para que essas informações sejam enviadas à
Câmara, o número de 90 mudanças feitas por 85 deputados ainda pode aumentar. Já
os parlamentares que deixaram ministérios do governo ou cargos nas secretarias
estaduais, visando a uma candidatura nas próximas eleições, têm 15 dias para
retornar à Casa após serem exonerados.

 Fonte: Agência Brasil.

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