PSDB de Marconi Perillo não dá sinais de sobrevivência

Se adotar para as próximas eleições mesma estratégia do último pleito, sigla tende a chegar em 2024 e 2026 ainda mais enfraquecida

Postado em: 12-07-2023 às 07h30
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: PSDB de Marconi Perillo não dá sinais de sobrevivência
Mais tarde, para muitos, Marconi voltou a ‘dar as caras’ por conveniência | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Em abril deste ano, durante passagem pela redação do jornal O HOJE, a deputada federal eleita pelo PSDB goiano, Lêda Borges, disse em um bate-papo com jornalistas que o destino do partido em Goiás dependeria dos próximos passos do ex-governador Marconi Perillo. Nos bastidores, chama a atenção, porém, o comentário de que o PSDB segue cada dia mais debilitado. Na visão de alguns players políticos, isso se deve, inclusive, ao comportamento do líder tucano.

A leitura é que Marconi perdeu protagonismo ao sair de cena, em 2022, tão rápido quanto saiu em 2018 onde, em ambos os casos, foi derrotado. Em 2018, Perillo não foi candidato direto, mas tentou emplacar o nome de seu sucessor e governador em exercício à época, José Eliton. A derrota foi um primeiro sinal de que Perillo, além de não transferir votos, mergulhava em um processo de desidratação política. 

Naquele ano, Marconi deixou Goiás e passou boa parte do tempo, mais precisamente até as eleições de 2022, em São Paulo. Comportamento, por sinal, também lido como um erro estratégico. “Goiás não teve, logo após as eleições, alguém para fazer um contraponto de maneira ativa. O governador [Ronaldo Caiado] nadou de braçada. Ele governou sem oposição. Tanto que tempos depois quem assumiu esse papel foi o Mendanha [ex-prefeito de Aparecida de Goiânia]”, avaliou, em off, uma fonte do alto escalão da política goiana. 

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Mais tarde, para muitos, Marconi voltou a ‘dar as caras’ por conveniência. Retornou ao estado para disputar as eleições em 2022. Concorreu ao Senado depois de conhecer de perto a magnitude do projeto de reeleição do atual governo. Mas não adiantou. Depois de uma segunda ‘tunda’ nas urnas, o comentário é que o ex-governador “sumiu” outra vez. 

Agora, o que se fala é que o PSDB está, além de esfacelado, distante das conversações políticas para o ano que vem – e até para as de 2026. A informação é que Marconi tem recebido, vez ou outra, lideranças políticas em sua propriedade para conversas ainda tímidas sobre próprio futuro e, claro, do partido que ajudou a construir. 

Aparecer em cima da hora à população goiana se revelou a pior das estratégias. Na última disputa, a pré-campanha de Marconi foi marcada, inclusive, por uma sequência de contradições que podem custado a eleição do tucano. 

Dentre elas, vale lembrar, o anúncio na Câmara Municipal de Goiânia e em convenções partidárias de que o partido teria candidatura própria tanto à presidência quanto ao governo goiano. Nada disso se concretizou. Em outras ocasiões, o político também descartou diálogos entre o PSDB e lideranças da esquerda — o que foi fundamentado por ele com base nas candidaturas próprias.

Com o passar do tempo, o que se viu, na verdade, foi a abertura de um amplo diálogo com as forças de esquerda, em especial com o PT, na tentativa de encontrar subsídio eleitoral para o seu nome. A união das siglas em Goiás não avançou, mas não há como negar as incontáveis tentativas de composição. As costuras foram na contramão do que foi dito em quase todas as oportunidades pelo líder do tucanato. 

Agora, o que resta de esperança em relação ao PSDB passa, na verdade, pela figura do presidente nacional da sigla, Eduardo Leite. Com um perfil mais moderno, Leite surge como a última cartada do partido na tentativa de recuperar ao menos uma fatia do capital político perdido ao longo dos últimos anos. 

A reportagem procurou o ex-governador para comentar o assunto, mas não obteve retorno. O espaço seguirá aberto para manifestação do contraditório.

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