Segunda-feira, 08 de julho de 2024

“Esta pressão que temos feito com a CPI da Enel já tem conseguido resultados”, diz Cairo Salim

Meu nome está à disposição do partido. Vou trabalhar muito para que este cenário aconteça. Foto: Cairo Salim

Postado em: 26-08-2019 às 11h00
Por: Aline Carleto
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Meu nome está à disposição do partido. Vou trabalhar muito para que este cenário aconteça. Foto: Cairo Salim

Em entrevista para O Hoje, o deputado estadual e presidente da CPI da Enel, Cairo Salim (Pros) comentou a situação das audiências públicas que estão sendo feitas na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e também sobre a sua possibilidade de sair candidato à prefeito do município de Aparecida de Goiânia, onde considerou o município como uma política antiga, em referência aos 12 anos de mandato emedebistas. 

O deputado também adiantou que a CPI está em fase final e comemorou os resultados que ela está trazendo. Ele, inclusive, adianta que a CPI deve encerrar os seus trabalhos em até dois meses, com previsão de convocar o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) para depor. “E se houverem culpados, que estes culpados sejam responsabilizados. Seja ele quem for”, disse.

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Desde o início da gestão de Ronaldo Caiado e desde a privatização se tem feito vários questionamentos em relação ao trabalho da empresa. E agora, chegou-se a considerar romper o contrato e também a Celg GT começar a fazer investimentos. Após todo este embate, o que, aparentemente, vai acontecer é um acordo. Um ajuste para que a própria Enel faça investimentos a curto prazo para solucionar o problema do setor produtivo aqui em Goiás. Como a CPI acompanha e está de olho nisso também? 

Eu acho que isso tudo já é fruto do nosso trabalho na CPI. Nós conseguimos movimentar e mobilizar a política goiana e afetar, também, o Governo Federal com relação ao péssimo serviço que esta empresa presta no Estado de Goiás. Nós temos em Goiás o pior serviço de energia do Brasil e isto não é normal. Nós estamos em último no ranking da Aneel como a empresa privada, que veio para resolver o problema, já sabendo da situação. Tanto é que comprou a Celg sendo a única empresa que se interessou. E a gente não está falando de uma empresa pequena. É de um conglomerado potente, que comanda o setor de energia elétrica em 38 países e já está em quatro estados brasileiros. Cachoeira Dourada também é da Enel, caso você não saiba. Ela, que foi motivo de várias alegações de governos de que o serviço da Celg ficou ruim porque vendeu a Cachoeira Dourada, agora não tem mais como usar esta desculpa mais. A Enel precisa investir em Goiás mais de R$ 1,5 bilhão por ano, para resolver realmente o problema do Estado. Ela está investindo R$ 700 milhões. E o Estado, realmente, não tem esta condição. Vender para outro grupo? Ninguém se interessou pela Celg antes, acho muito difícil outro grupo se interessar a comprar a empresa agora. Então, nós temos que resolver com a Enel mesmo. Como? Pressionando. No meu caso, a arma que eu tenho é a voz. O maior instrumento de fiscalização é a CPI. E nós estamos fazendo audiências públicas no Estado inteiro. Estamos fazendo reuniões com os executivos da empresa em Goiás. E agora, tivemos uma vitória. Conseguimos tirar o presidente da Enel Goiás. Já tem um novo nome aqui, e nós vamos convidá-lo para ele ir à CPI, ou até mesmo mandar algo por escrito, para a gente entender qual vai ser a velocidade das coisas aqui, de melhoria e de investimento no Estado, para que o consumidor tenha um serviço melhor o quanto antes. A CPI teve um novo gás e nós estamos acompanhando esta nova ideia do governo, de potencializar a Celg GT, para que ela resolva o problema. Ela não tem esse dinheiro para investir, então é melhor a gente cobrar da Enel. 

Efetivamente como é que está o serviço da CPI hoje, quais são as próximas ações? A CPI está partindo para qual momento? E o relatório deve sair quando? 

Eu creio que em dois meses estaremos encerrando os trabalhos, em outubro. Eu poderia ficar renovando e ouvindo o Estado inteiro, mas os problemas estão se repetindo. Já deu para entender que o problema está no Estado todo. São empresas que querem abrir, enfim, parques industriais e não tem energia. Produtores rurais ficando cinco, sete, 12 dias sem energia na zona rural. Os produtores de leite estão perdendo a sua produção. Assentamentos de terra vivem na idade da pedra. Na zona urbana, nas cidades, as pessoas tendo as suas contas de energia estão pagando o dobro, ou até mesmo o triplo sem aumento no consumo. Isto aconteceu, simplesmente, porque a Enel trocou o relógio. E quem fiscaliza o relógio? A própria Enel é quem valida o seu próprio medidor. A agência reguladora, para mim, não está cumprindo o seu papel. Então, a CPI já conseguiu entender este cenário. Esta pressão que a gente tem feito já tem conseguido resultados. Eles fizeram um novo plano de investimentos no Estado, trocaram o diretor, tem ido às audiências públicas, com um técnico, para resolver os problemas que nós temos identificado. Então acho que nós estamos cumprindo nosso papel para não dar em pizza. Concomitantemente nossa equipe técnica está avaliando como foi a assinatura do contrato. Nós escutamos a ex-secretária da Fazenda (extinta Sefaz), Ana Carla Abrão, que era a titular da pasta durante a venda da Celg para o grupo. Vamos convocar o ex-governador Marconi Perillo. Vamos fazer uma reunião para definir quando ele virá e vamos encaminhar para o encerramento desta CPI. Vamos colocar todos estes argumentos no relatório final da CPI e vamos encaminhar este relatório para o Ministério Público de Goiás, para o Poder Judiciário e para a sociedade. Para que melhore o serviço de energia no Estado de Goiás. 

O que significa para o ex-governador Marconi Perillo participar de uma reunião da CPI dentro da Alego em meio a estes ataques entre ele e o governador Ronaldo Caiado? Seria dar palanque? Eu creio que não, porque ele foi o responsável pela venda. Ele é quem sabia sobre a situação do Estado. É trazer o questionamento para o ex-governador de como foi a venda, se ele se arrependeu de fazer a venda e se foi a melhor solução para o Estado e para o consumidor. Agora a política está pegando fogo. Eles têm trocado farpas por aí e pode ser que ele use a CPI para responder muitos destes ataques, mas o governador Caiado já demonstrou que não leva desaforo para casa, e que responde à altura. Isso é ruim para Goiás. Na verdade, nós não queremos este tipo de debate. Não queremos que a CPI vire este tipo de palanque para ataques. Queremos resultados, queremos que a Enel preste um bom serviço no Estado. E se houverem culpados, que estes culpados sejam responsabilizados. Seja ele quem for. Se foi um ex-executivo da Celg, algum ex-diretor, ou atual, se algum executivo do Estado de Goiás foi culpado e fez alguma falcatrua, que ele seja responsabilizado. 

Como o senhor está acompanhando a situação municipal em Aparecida de Goiânia nas Eleições de 2020?

Aparecida é o segundo maior município do Estado de Goiás e tem uma industrialização muito forte. Reflete muito na política de Goiânia e a eleição para o governo do Estado e para senador passa por Aparecida de Goiânia. Eu tive a honra de ser o mais votado do meu partido no município e sem dúvida, tenho um carinho muito especial por Aparecida. Tenho interesses políticos no município e recebo demandas da população. Principalmente no setor industrial, que é quem segura o desenvolvimento daquela cidade, que já foi dormitório, e hoje tem tido um caminho contrário. Muita gente sai de Goiânia para trabalhar em Aparecida. Isso já demonstra uma falha da capital ao não se industrializar. A carga tributária é pesada e mais alta. E começa a se desenvolver o município de Aparecida e eu quero contribuir para desenvolver ainda mais. Existe uma diferença muito grande entre a grande industrialização e a pobreza na cidade. Aparecida precisa muito se desenvolver. Se for possível trabalhar ainda mais pelos municípios, se possível no Executivo, sendo prefeito nesta cidade. Mas isto precisa ser construído com as lideranças, com muito diálogo. Porque precisa de muito diálogo e tem muita água para passar por debaixo desta ponte até as eleições. Meu nome está à disposição do partido. Eu creio que o prefeito Gustavo Mendanha (MDB), e vejo que o prefeito está pegando vários partidos e colocando dentro da sua administração para ter um domínio das eleições. Mas a população não avalia isso. 

Em 2016 não houve muitas críticas às gestões emedebistas em Aparecida de Goiânia. Acha que em 2020 será diferente?Totalmente diferente. Você percebe que no início das eleições, o Gustavo Mendanha vinha com 2, 3%. Quando a população entendeu que ele era o candidato do Maguito ele ultrapassou o Marlucio e o Alcides, e venceu com facilidade. Agora o momento é outro. Ele tem que mostrar o que ele fez. Então, não vai bastar o Maguito subir no palanque no prefeito. Porque o que a população vai entender é que houve um mandato do Gustavo e eu acredito que não teve grandes avanços pelo que vejo. E a população quer um novo contexto, um novo momento e um novo estilo de governar. Quer alguém que tenha, realmente, uma cara nova na administração. Acho que esta eleição não está definida ainda. Não conheço outros pré-candidatos. Dentro da base do governador Caiado existe a possibilidade de saírem dois nomes.  Aí seria o nome do Glaustin [da Fokus], pelo PSC, e eu pelo Pros. A eleição de Aparecida tem televisão e tem dois turnos. Então é uma eleição pesada. Uma eleição difícil. E, para tirar quem está lá no poder, talvez seja necessário ter mais de um candidato de oposição, para levar para dois turnos e vencer o grupo que lá está. 

Do que o senhor sente falta na atual gestão? Na verdade, o ex-governador Maguito Vilela tinha um bom relacionamento com Dilma e com o Lula. Então ele conseguiu levar muitas obras para Aparecida. O município conseguiu receber mais investimentos que Goiânia, que era, na época, comandada por um prefeito do PT, o Paulo Garcia. Isso deu um fôlego muito grande para o município e resolveu os problemas da cidade. Isso fez com que o Mendanha mergulhasse nesta onda de obras, que ainda estão sendo entregues. Não houve algo novo. De novo há o meu alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e com o governador Ronaldo Caiado. É evidente que a gestão municipal é oposição à gestão estadual. E quem perde com isso é o cidadão de Aparecida. E nós estamos chegando para levar uma parceria muito mais robusta e consistente, tanto com o governador estadual, tanto para com o presidente da República, para transformar Aparecida em um grande pólo de inovação e de tecnologia. Uma nova gestão que vai resolver a gestão pública de Aparecida. Tem que ter parceria com o governo Federal. Eu não tenho vergonha de dizer que o apoiei e estou junto com ele. Precisa de parcerias para mover a cidade. E vamos, juntos com ele, transformar a cidade. Porque a maioria dos impostos vai para o Governo Federal, então, a gente precisa do apoio dele. 

O setor público não está acompanhado o desenvolvimento industrial no município? Apesar do município ter o governo que tem, o empresário está movendo a cidade. Podemos tratar o senhor como pré-candidato à Prefeitura de Aparecida de Goiânia? Meu nome está à disposição do partido. Vou trabalhar muito para que este cenário aconteça. Mas não existe a candidatura do “eu sozinho”. A população tem que querer, precisamos de um grupo político que apoie esta candidatura e precisamos de maturidade para entender a situação.

 

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