Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Aparecida e Trindade sabotam a luta anti-Covid-19 de Goiânia

Gustavo Mendanha e Marden Jr divergem de Rogério Cruz e lançam seus municípios em uma aventura perigosa que prejudica a capital | Foto: Divulgação/Prefeitura de Trindade

Postado em: 23-03-2021 às 08h40
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: Aparecida e Trindade sabotam a luta anti-Covid-19 de Goiânia
Gustavo Mendanha e Marden Jr divergem de Rogério Cruz e lançam seus municípios em uma aventura perigosa que prejudica a capital | Foto: Divulgação/Prefeitura de Trindade

José Luiz Bittencourt

Os prefeitos de Aparecida, Gustavo Mendanha (MDB), e de
Trindade, Marden Jr (Patriota), estão sabotando os esforços de combate à
Covid19 na região metropolitana e, em especial, em Goiânia. Os dois, não por
acaso adversários políticos do governador Ronaldo Caiado (DEM), adotaram
medidas flexíveis para a suspensão das atividades comerciais não essenciais em
seus municípios, indo contra o padrão 14×14 implantado pelo prefeito Rogério
Cruz (Republicanos) na capital.

Goiânia, Aparecida e Trindade são cidades conurbadas.
Compõem, em última análise, um único núcleo urbano, com bairros superpovoados
em comum, ruas e avenidas que cruzam áreas fronteiriças e linhas de demanda
elevada no transporte coletivo que passam de um lado a outro. Se o
enfrentamento à pandemia tivesse que seguir um mínimo de lógica, os três
prefeitos teriam que tomar decisões oriundas do consenso entre eles e válidas
para todos os mais de 2,2 milhões de moradores da região metropolitana

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não é o que está acontecendo. Mendanha e Marden Jr, para
atender a interesses específicos de empresários locais e também para confrontar
politicamente Caiado, estão sendo desleais com Rogério Cruz e com a grande
massa dos goianienses. Resolveram atender a picuinhas e questões miúdas,
deixando de lado as responsabilidades que têm no momento em que a 2ª onda do
novo coronavírus ameaça fugir ao controle e igualmente já colapsa os sistemas
de Saúde dos três municípios.

Gustavo Mendanha é influenciado pelo presidente da Federação
das indústrias do Estado de Goiás – FiEG Sandro Mabel, hoje transformado em
líder negacionista em Goiás, adversário ferrenho de todas as ações para
combater a propagação da Covid-19 e candidato a cargo eletivo na próxima
eleição, qualquer um. Já Marden Jr é pupilo de Jânio Darrot, o ex-prefeito que
o elegeu e que acaba de sair do PSDB, ingressando no Patriota, com o objetivo
de disputar o governo do Estado em 2022. É tudo politicagem.

Marden Jr, para piorar as coisas, é empresário, dono de uma
academia no centro velho de Trindade que continua funcionando, mesmo com todos
os riscos que a nova doença oferece em ambientes desse tipo. De Gustavo
Mendanha não se tem notícia de busca de proveito particular, mas é notória a
sua vontade de também conseguir um lugar ao sol na eleição vindoura, como
postulante ao lugar que hoje é ocupado por Caiado, se necessário até mesmo
atropelando o presidente estadual do MDB Daniel Vilela, também cotado.

Ao contrário de Rogério Cruz, que preferiu para Goiânia,
corretamente, o modelo de fechamento do comércio, indústria e serviços chamado
de 14×14, que prevê 14 dias de portas fechadas e em seguida 14 dias de
reabertura, consecutivamente, até o arrefecimento da pandemia, Mendanha e
Marden Jr optaram por um irresponsável sistema de escalonamento intermitente
por regiões, que permite a todos os negócios funcionar livremente três dias por
semana e em seguida suspender as atividades por outros dois.

Resultado: diariamente, metade de Aparecida e de Trindade
caminha em ritmo normal, desde igrejas, shopping centers, feiras livres,
supermercados, escolas e outros espaços coletivos que provocam as tão
indesejáveis e nocivas aglomerações que servem de ambiente propício para a
explosão do coronavírus.

não é difícil entender onde está o erro do modelo adotado
por Mendanha e Marden Jr. O ciclo da Covid-19 dura, em média, duas semanas. É
exatamente por isso que os setores mais ativos da economia e da sociedade
precisam ser paralisados ou reduzidos significativamente durante, pelo menos, esse
tempo

O verdadeiro isolamento intermitente é temporal e não
físico. não foi concebido por setores, mas por prazos, no mínimo o de 14 dias
correspondente ao período de florescência da Covid-19. O modelo foi proposto
pela universidade de Harvard, nos Estados unidos, como um mecanismo de
interrupção do ciclo do novo coronavírus, controlando o contágio até que o
processo de vacinação possa começar a surtir efeitos. É questão de tempo e não
de local ou região. Dura 14 dias de fechamento, seguidos por outros 14 de
reabertura do comércio, indústria e serviços – o chamado padrão 14×14,
instituído oportunamente pelo decreto do governador Ronaldo Caiado, com base
científica.

Os prefeitos de Aparecida e Trindade estão, portanto,
equivocados. Cometem um erro que vai ser cobrado pela História. Os registros de
casos de infecção, nas suas cidades, já entraram em alta, congestionando os
seus respectivos sistemas de Saúde e enviando pacientes para atendimento em
Goiânia. Estão sendo irresponsáveis como nenhum outro, no comando dos seus
municípios, foi algum dia. (Especial para O Hoje)

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