Cuidado com a cinomose

Altamente contagiosa, com grande taxa de mortalidade e de sequelas, a vacinação é fundamental

Postado em: 24-03-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Altamente contagiosa, com grande taxa de mortalidade e de sequelas, a vacinação é fundamental

Quem cria pets sabe que exis­te uma série de doenças específicas de animais, que não afetam o ser humano. Entre elas – que entra tambem na lista de mais temidas – está a cinomose. A doença é causada por vírus, é altamente contagiosa e sistêmica, ou seja, pode atingir vários órgãos e causar sequelas. O tratamento é difícil e a taxa de mortalidade é alta, principalmente em filhotes. As boas notícias são que existe vacina e, recentemente, descobriu-se que a terapia com células-tronco está dando bons resultados.

Entre os animais domésticos, somente o cachor­ro e o furão podem contraí-la. Os donos de gatos po­dem respirar aliviados. O furão é extremamente sen­sível ao vírus, não sendo recomendados passeios na rua e nem contato com outros animais. O animal infectado deve ser isolado, já que o contágio é feito através de secreções.

Uma característica própria do vírus da cinomose é que ele consegue replicar-se em vários tipos de célula do organismo do cachorro. Ou seja, qualquer secreção produzida pelas mucosas do cão doente, como a saliva, a urina e as fezes podem ter partículas virais que podem contaminar outros. 

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A vantagem é que o vírus é muito sensível quando disperso no ambiente e o uso de desinfetantes comuns próprios para canis, vendidos em pet shops, à base de amônia quarternária, são capazes de inativar as partículas virais presentes no local. O aquecimento de objetos contaminados a temperaturas entre 60ºC a 70ºC também é capaz de destruir o vírus.

Sintomas

Entre os sintomas estão perda de apetite, apatia, corrimento ocular e nasal, diarréia, vômito e sintomas nervosos, como tiques, falta de coordenação, convulsões e paralisias, além de dificuldade de respirar e fe­bre. De acordo com o estado imunológico do animal como um todo, ele pode ir a óbito. A doença se apresenta em fases, podendo pular uma delas eventualmente. Geralmente se inicia pela fase respiratória (pneumonia e secreção nasal purulenta, o conhecido pus) e ocular (remela em grande quantidade).

O pico da infecção pela doença ocorre entre sete e dez dias após a contaminação. O diagnóstico precoce da doença pode ser feito a partir do segundo dia após a infecção. Existem testes de triagem que podem ser feitos com uma pequena amostra de sangue no con­sul­tório veterinário.

Tratamento

O tratamento pode ser bem difícil e o animal do­ente deve ser isolado. Não há um medicamento específico para o tratamento da cinomose, tornando a re­cuperação ainda mais difícil. Antibióticos podem ser usados para auxiliar no combate a infecções secundárias. A reposição de líquidos perdidos durante a doença e um ambiente limpo e com temperatura agradável estão entre os tratamentos de apoio.

Células-tronco

Se a cinomose evoluir para os estágios finais sem que o cachorro receba tratamento, o que ocorre em 95% dos casos, pode haver danos neurológicos difíceis de tratar. Entre as sequelas estão má formação óssea, convulsões e tiques (mioclonias).  

Tais sequelas, que antes tinham apenas 5% de cura, agora podem ser tratadas com terapia à base de células-tronco. A veterinária e doutora em Genética e Biologia Molecular, Luisa de Macedo Braga, é diretora da clínica CellVet Medicina Veterinária Regenerativa. Ela explica que as células-tronco são capazes de reconstruir os tecidos do organismo, protegendo o tecido nervoso dos efeitos da infecção viral. O grau de re­cuperação varia conforme a idade do animal, o tempo decorrido desde a infecção e a gravidade das sequelas.

 Na terapia, são coletadas células-tronco do tecido adiposo do animal a ser tratado ou de outro cão da mesma raça, cultivado em banco de células-tronco. Esse material é preparado e, depois, injetado no paciente por acesso venoso (pela veia) da pata do animal, juntamente com soro. 

Fontes: CachorroGato: “Cinomose Aqui, Não!”

 

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