Obesidade dificulta gravidez e causa abortos nos tratamentos de fertilização

Além disso, o sobrepeso causa diversas consequências para a saúde. Uma delas é a infertilidade. O excesso de peso afeta o processo de ovulação

Postado em: 25-10-2017 às 13h25
Por: Márcio Souza
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Além disso, o sobrepeso causa diversas consequências para a saúde. Uma delas é a infertilidade. O excesso de peso afeta o processo de ovulação

O impacto da obesidade nos
resultados dos tratamentos Fertilização in Vitro. Esse foi o tema do estudo,
realizado em Brasília, com pacientes com média de idade entre 34 e 37 anos, que
se submeteram a ciclos de Fertilização in Vitro entre janeiro de 2014 e
dezembro de 2016. No total, o estudo envolveu 567 ciclos de fertilização in
vitro. O objetivo foi avaliar a influência do Índice de Massa Corpórea (IMC)
nos resultados da Fertilização in Vitro (FIV). 
O estudo constatou que há uma diminuição progressiva nas taxas de
gestação e um aumento progressivo nas taxas de abortamento de acordo com o
aumento do IMC. A outra conclusão é que as pacientes obesas e com sobrepeso
devem reduzir o peso antes de submeter-se a uma Fertilização in Vitro (FIV).

A pesquisa, realizada pelos
ginecologistas e especialistas em Reprodução Humana, Vinicius Medina Lopes,
Jean Pierre Barguil Brasileiro e Natália Zavattiero, do Instituto Verhum, em
Brasília, concluiu que a possibilidade de engravidar diminui quando a mulher
sofre de obesidade e, ao mesmo tempo, quando ela consegue engravidar as chances
de uma aborto aumentam.

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“A recomendação para as mulheres
com obesidade ou sobrepeso que vão iniciar um tratamento para engravidar é que
elas percam peso antes”, explica o médico Vinicius Medina Lopes, diretor do
Instituto Verhum e um dos responsáveis pela pesquisa. “A obesidade causa
irregularidade nos ciclos menstruais, diminuição de ciclos ovulatórios e
compromete a capacidade reprodutiva. Por isso, a mulher que deseja ter filhos e
está acima do peso deve buscar orientação médica e nutricional antes de iniciar
o tratamento”, esclarece o médico Jean Pierre Barguil Brasileiro, diretor do
Instituto Verhum e também responsável pela pesquisa.

“Mais da metade da população
brasileira, que reside nas capitais, está acima do peso e essa realidade tem
contribuído para reduzir a taxa de fecundidade no país”, afirma o médico
Vinicius Medina Lopes.

Dados do Estudo

No estudo, as mulheres com peso
normal que se submeteram ao tratamento de fertilização apresentaram uma taxa de
gravidez de 54,8%.  Esse índice entre as
mulheres com sobrepeso ficou em 45,9%. Já as mulheres obesas tiveram apenas
40,9%  de taxa de gravidez nos ciclos de
fertilização in vitro realizados.

Nas mulheres com peso normal, as
taxas de abortamento espontâneo ficaram em torno de 13,8%. Dentre as mulheres
com sobrepeso, o índice ficou em 17,8%. Já nas pacientes obesas, essas taxas
foram de 66,6%.

Uma pessoa com Índice de Massa
Corporal (IMC) acima de 30 é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo-se
o peso da pessoa em quilos por sua altura ao quadrado.  Para a realização da pesquisa, as  pacientes foram divididas em três grupos de
acordo com seu IMC. Um dos grupos era de pacientes com IMC menor ou igual a 25,
ou seja, com o peso normal; o outro era formado por pacientes com sobrepeso e
IMC entre 26 e 30. O terceiro grupo era de pacientes com IMC superior a 30,
aquelas que sofrem de obesidade.

Obesidade e infertilidade feminina

A obesidade e o sobrepeso causam
diversas consequências para a saúde. Uma delas é a infertilidade. O excesso de
peso afeta o processo de ovulação. A produção de estrogênio, hormônio sexual
feminino, está associada à gordura corporal e o seu excesso no organismo causa
um desequilíbrio hormonal e diminui as chances de engravidar naturalmente.

O excesso de peso também diminui
as chances de obter resultados positivos nos tratamentos envolvendo as técnicas
de reprodução humana assistida. As probabilidades de insucesso no tratamento e
na gravidez aumentam significativamente em pacientes obesos.

Além de causar infertilidade,
elevar as taxas de aborto e aumentar os riscos da gravidez, a obesidade pode
causar complicações sérias, colocando a vida da mãe e do bebê em risco durante
e após o parto. Mulheres obesas apresentam um risco muito maior de partos
prematuros, hipertensão arterial, diabetes relacionada à gestação e
pré-eclâmpsia. Essas mulheres também apresentam, com mais frequência, infecções
de feridas cirúrgicas e complicações anestésicas. 

Foto: Reprodução

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