‘Face Ozempic’: como reverter efeito dos remédios emagrecedores que deixam o rosto envelhecido

Biomédica orienta sobre as melhores opções para manter a aparência jovial mesmo após a perda de gordura de forma acelerada

Postado em: 25-04-2023 às 16h15
Por: Luan Monteiro
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Biomédica orienta sobre as melhores opções para manter a aparência jovial mesmo após a perda de gordura de forma acelerada. | Foto: Reprodução

No Brasil e no mundo, a hashtag #ozempicface acumula dezenas de milhões de visualizações e milhares de postagens em redes sociais, como no Tik Tok, que já se aproximam de cem milhões. Mas você sabe o que é este problema? Se trata de um efeito da pele quando a pessoa emagrece de forma muito rápida, com o uso de medicamentos. Apesar de conseguir o corpo desejado, o rosto sofre um efeito reverso, já que fica mais flácido e pode deixar uma aparência envelhecida, conforme explica a biomédica Ana Clara Nogueira Brathwaite.

O problema ganhou nome, segundo o New York Times, cunhado pelo dermatologista americano Paul Jarrod Frank: face de Ozempic, em alusão ao mais conhecido desses medicamentos. Mas porque o corpo emagrece e o rosto fica com este aspecto envelhecido? “Isso acontece porque o Ozempic e essas medicações emagrecedoras semelhantes funcionam fazendo com que a pessoa perca peso muito rápido, mas consequentemente ela perde muita gordura na face de uma maneira rápida. A pele, neste caso, não consegue acompanhar, em questão de elasticidade e tem aí os sinais do envelhecimento”, explica a especialista.

Quando envelhecemos, perdemos gordura, colágeno e elastina e nossa pele também fica mais fina e flácida. “Com este uso do medicamento causando um emagrecimento acelerado, a pessoa perde muita gordura de uma vez no rosto, que são uma das coisas que garante a sustentação, além do colágeno e estrutura óssea. Sem o devido cuidado, o aspecto de envelhecimento rápido é acelerado”, afirma a biomédica.

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Solução

A notícia boa é que existe sim solução para isso. Antes de começar o uso da medicação, o ideal é que seja feito um estímulo de colágeno. Para isso, podem ser escolhidas, por exemplo, opções como: o Ultraformer, bioestimuladores injetáveis ou fios de sustentação. “Eles vão estimular essa produção de colágeno e, consequentemente, conforme a pessoa for emagrecendo a pele dela vai conseguindo retrair e estar saudável com colágeno, então terá menos queda na face”, destaca a especialista.

Durante e após o tratamento também é possível trabalhar com bioestimuladores injetáveis, mas também usar os de ácido hialurônico e fios de tração. “A gordura também é estrutural. Ela volumiza o rosto de uma maneira natural, dando estrutura para ele”, orienta. “Então, os preenchimentos com ácido hialurônico e os fios de tração são excelentes para pós-Ozempic, porque eles vão reestruturar a face e colocar a gordura, que foi perdida e deslocada no lugar. Depois, entramos com bioestimuladores para tratar a qualidade da pele”, acrescenta.

Dúvidas frequentes

Uma das maiores preocupações está em relação ao tempo que é possível ver algum resultado.  “O ácido hialurônico com injetáveis e fios de tração de PDO já vão ter um resultado imediato de reposicionamento de gordura. Já os bioestimuladores de colágeno e Ultraformer tem resultados de 30 a 45 dias após a sessão, sendo progressivo”, aponta a biomédica. Uma opção ideal em vista disso é, segundo Ana Clara Nogueira, intercalar essa ação imediata com o reposicionamento do tecido e estimular o colágeno com resultados a médio prazo.

Outra dúvida comum no consultório é relacionada ao efeito destes procedimentos em pessoas brancas e negras. “Pessoas de pele mais clara sofrem mais com este efeito de emagrecimento e envelhecimento porque tem menos melanina, um pigmento que traz proteção para nossa pele contra a radiação ultravioleta, que é uma das coisas que mais envelhecem e degradam o colágeno. A pessoa de pele mais clara já tem essa tendência por falta de produção natural, então se não se cuidar refletirá esse envelhecimento de forma mais nítida”, completa Ana Clara.

Uso de Ozempic sem prescrição e acompanhamento médico adequados

“O uso indiscriminado da medicação injetável, além de possibilitar uma maior incidência de efeitos colaterais como náuseas, intestino preso ou diarreia e até mesmo hipoglicemia – embora esse seja um efeito colateral mais raro -, também pode proporcionar uma perda de peso às custas de massa magra, de massa muscular, em um indivíduo que não tem sobrepeso e obesidade, algo que é muito desinteressante a longo prazo. De fato, o músculo é algo que a gente tenta preservar na maior parte dos pacientes que estão em processo de emagrecimento uma vez que ele está relacionado com a sua autonomia, com sua capacidade de exercer atividades de vida diária, com a redução do risco de queda lá no futuro, com o envelhecimento, e também no emagrecimento”, afirma.

“Então, se você perde peso a qualquer custo, inclusive perdendo massa muscular, você também reduz o seu metabolismo já que o músculo está diretamente relacionado com a capacidade de gasto de energia ao longo do dia. Lá na frente, isso pode até ser prejudicial no sentido de favorecer o reganho de peso. Esse ganho de peso futuro vai gerar um desbalançoo ainda maior entre gordura e músculo, ocasionando uma maior desproporção, ou seja, mais gordura e menos músculo.”

Diante disso, o uso indiscriminado não deve acontecer. Essa medicação deve ser prescrita por médicos que fazem seu uso correto já que vamos ficar sempre observando de perto a composição corporal desse paciente, usando, por exemplo, a bioimpedância ou mesmo a avaliação física feita pelo nutricionista, ajustando doses e contornando os efeitos colaterais para que esse paciente consiga manter o uso correto e a longo prazo dessa medicação com os efeitos desejados”, complementa.

Risco da falta da medicação para pessoas com diabetes

“Os representantes já haviam avisado a todos os médicos prescritores que esse desabastecimento poderia acontecer já que, apesar de nós já estarmos utilizando o Ozempic para alguns pacientes com obesidade, a aprovação da Anvisa tornou esse uso ainda mais massivo. Isso com certeza pode prejudicar tanto diabéticos como obesos que já fazem uso da medicação. Nesse caso, existe a possibilidade de nós trocarmos para algum análogo de GLP1 – substância análoga à semaglutida, que age no controle da glicemia e na sensação de saciedade após refeições -, como, por exemplo, o Saxenda, se houver falta de estoque e de fornecimento da medicação. Certamente, o uso recreativo ou o uso por períodos pequenos simplesmente para uma melhora circunstancial da composição corporal em indivíduos que não têm indicação formal aumenta essa demanda e acaba por esgotar os estoques desnecessariamente”, completa a biomédica.

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