Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Turismo de negócios: impactos econômicos da aviação empresarial em Goiás

Em 2022 aviação empresarial teve aumento no número de voos e na frota de jatos

Postado em: 24-05-2023 às 09h40
Por: Alexandre Paes
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Em 2022 aviação empresarial teve aumento no número de voos e na frota de jatos. | Foto: Divulgação

O Brasil é o segundo país do mundo em aviação geral no mundo mas, quando se fala em infraestrutura, é dez vezes menor do que o primeiro colocado, os Estados Unidos. Com dimensões continentais, são apenas 150 cidades com aeroportos públicos, enquanto o país tem  5570 municípios. A implantação de aeroportos privados, na visão dos especialistas, é uma solução para o crescimento da aviação no País.

De acordo com a gerente executiva de Negócios Aéreos da CCR Aeroportos, Graziella Delicato, houve um aumento da entrada de aeronaves no Brasil e isso, é um dos principais fatores que estimularam o crescimento. Na rede da CCR Aeroportos, com 16 aeroportos, em 2022 tivemos uma média mensal de 12.5 mil pousos e decolagens, o que representa 16% do mercado, sendo que o Aeroporto de Goiânia representa 21% disso.

A aviação brasileira registrou uma média mensal de 30 mil pousos e decolagens de voos executivos até outubro de 2022, de acordo com o mais recente relatório da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). O número representa uma alta de 15% em relação aos índices registrados no mesmo mês em 2019, período pré-pandemia, e 40% a mais em relação a 2020.

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O piloto Fernando De Borthole, fundador do canal Aero Por Trás da Aviação e o jornalista William Waack, que também é piloto nas horas vagas, falam sobre o novo cenário da aviação brasileira,  que segundo o presidente da Associação Brasileira da Aviação Geral (Abag) Flávio Pires, tem crescido exponencialmente nos últimos anos.

De acordo com esses especialistas, essa realidade é que, normalmente, os pequenos aviões acabam disputando e perdendo espaço para as aeronaves comerciais nos aeroportos públicos. Restam a elas, na maior parte das vezes, os aeródromos com pistas de menor estrutura. “Fala-se muito na aviação comercial, mas a aviação geral é muito importante para conectar as cidades brasileiras”, considerou Fernando. “Sem essa conexão, o país para”, concorda Waack.  

Nesse contexto, eles pontuaram os benefícios para o País do lançamento de um Polo Aeronáutico, que está sendo desenvolvido em Aparecida de Goiânia por um grupo empreendedor privado. “Ele está no centro do Brasil e será um hub logístico para atender todas as regiões”, explicou Fernando. Além disso, ele também atenderá a demanda do próprio Centro-Oeste, que concentra 20% das aeronaves do Brasil, de acordo com a Abag. 

“Goiás é o coração da aviação geral brasileira e, mesmo estando em São Paulo, nós reconhecemos esse protagonismo da região”, disse o  presidente da Abag, Flávio Pires. Ele comentou ainda que lhe chamou atenção a melhoria da frota do Centro-Oeste nos últimos anos, que recebeu quase 100 aeronaves turboélices, sugerindo a pujança do setor aeronáutico. “Trata-se de uma migração de aviões que custavam 400 mil dólares para seis milhões de dólares”.

O empresário Fábio Bastos, sócio do Antares Polo Aeronáutico, conta que inicialmente a compra era um desejo antigo de seu pai, mas acabou que essa aeronave se tornou uma ferramenta de trabalho. “Hoje em dia a gente agiliza muitos negócios da empresa usando nossa aeronave. O que eu ia gastar cinco, seis horas de viagem de carro até chegar ao destino e fazer tudo acontecer, faço em uma hora de voo. Me desloco e providencio dois assuntos em um único dia”, exemplifica.

Bastos aponta que as operações aéreas geram um impacto positivo no turismo comercial do estado, por conta do ISS das oficinas, o ICMS do combustível de onde está operando, a parte de imposto de IPTU, onde o avião fica angarado. “Além de movimentar a nossa empresa, o que gera divisas para o Estado, há também o imposto das peças aeronáuticas, o imposto do combustível, a operação em solo, então há um um um ganho aí bem grande pra todo mundo, seja para Goiás ou para os municípios onde a gente está operando”, destaca o empresário.

Polo aeronáutico em Aparecida

O Antares é um projeto de um um polo aeronáutico em Aparecida de Goiânia. A posição privilegiada do município, no centro do País, favorece que ele seja destino de toda aviação geral brasileira, que precisa de pontos de parada para abastecimento, manutenção e demais serviços. “A aviação executiva ou geral tem um papel complementar ao trabalho mercado das grandes companhias aéreas e 90% da nossa frota nacional de aeronaves pertence à aviação geral”, analisa Fábio.  

O polo aeronáutico será construído em cinco fases. A primeira etapa deve ser concluída em 2024 e prevê a entrega da pista de pouso, área de embarque e desembarque e 72 lotes entregues de 1.000 metros quadrados (m²) a 1.500 m² de área, com toda a infraestrutura necessária, como energia elétrica, sistema de abastecimento de água, pavimentação asfáltica e área fechada com portaria monitorada. Para quem precisa de um terreno maior, o Antares possui áreas com mais de 100 mil m² disponíveis.

De acordo com o planejamento do grupo, o objetivo é atender a todas as necessidades da aviação executiva, de manutenção e até mesmo de carga. A estrutura contará com uma pista de pouso com extensão de 1.980 metros e a largura de 45 metros, o que possibilitará a operação de aeronaves de maior porte. Já o Número de Classificação do Pavimento (PCN) suportará um Boing 737-800. No entorno serão construídas áreas privadas voltadas a negócios ligados à aviação.

Os proprietários de áreas no Antares Polo Aeronáutico ainda contarão com 100% de segurança jurídica e patrimonial, e já recebe o lote com escritura. O Antares oferece 20 anos de incentivos fiscais no Imposto Sobre Serviços (ISS), Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (ITU) e no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Setor aquecido 

Os bons números não param por aí. Na aviação de negócios, pelo terceiro ano consecutivo, a frota de jatos privados no País registra aumento: em 2020 eram 688 aeronaves desse tipo operando, em 2021 aumentou para 728 e no ano de 2022 foram 780 jatos em operação. Um panorama promissor como esse, além de demonstrar uma maior procura por operações dentro da aviação geral, também alavanca grandes investimentos privados em infraestrutura para o setor. 

Para o empresário Rodrigo Neiva, são vários os fatores que têm levado a esse aumento no número de operações de voos dentro da aviação executiva. “Empresários e personalidades que fogem da lotação nos aeroportos públicos, ou que buscam por horários mais flexíveis e rotas não atendidas pelas grandes companhias áreas. Houve também nos últimos anos uma maior procura por serviços aéreos especializados como as UTIs áreas ou até mesmo um maior uso do modal aéreo como forma mais eficiente para transporte de cargas”, pontua Neiva.

Com investimento de R$ 100 milhões, o empreendimento terá sua primeira etapa, de cinco, entregue em 2024. O novo aeroporto promete absorver boa parte das operações de voos executivos do Centro-Oeste, região brasileira que possui a segunda maior frota de aeronaves privadas. Rodrigo destaca que o polo será mais do que um aeroporto que receberá voos executivos.

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