Falta orientação quanto ao uso da pílula

Além dos riscos à saúde, a pílula não é 100% segura, como qualquer contraceptivo. Desinformação é o maior problema

Postado em: 08-08-2016 às 06h00
Por: Redação
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Além dos riscos à saúde, a pílula não é 100% segura, como qualquer contraceptivo. Desinformação é o maior problema

Dores de cabeça, enxaqueca crônica, dores nas pernas, pressão baixa, gravidez indesejada. Esses são apenas alguns dos pontos citados por mulheres que adotaram a pílula como método contraceptivo e que engravidaram mesmo cumprindo a cartela. Casos assim são mais comuns do que se imagina.  Mulheres adquirem o anticoncepcional mesmo sem consultar um profissional em ginecologia, contudo, a falta de informação e orientação quanto à medicação existem até mesmo dentro dos consultórios. 
O HOJE conversou com três mulheres, mães, que passaram pela experiência e surpresa de engravidar com a cartela do anticoncepcional em dia. Duas delas pediram para não serem identificadas, por isso, aqui, elas serão chamadas de Gi e Dé. A relação de Gi com a pílula iniciou pelo motivo já conhecido entre as mulheres: o medo de engravidar. Foram oito anos tomando o anticoncepcional, período que causou grande fragilidade ao seu corpo. “Tive de operar de vesícula e adquiri enxaqueca crônica, tudo apontado pela minha médica como efeitos da pílula”, diz. 
Rafaella Leão, 20, é mãe do pequeno João Emmanuel, de três anos. Ela soube da gravidez assim que começou a ter um controle regular da pílula. “Acho que meu organismo ainda estava em fase de adaptação quando tudo aconteceu, penso”. Com Dé também não foi diferente. Ela toma pílula há dois anos e, há quatro meses, soube que esperava uma menina, sua quinta filha. “Estou grávida de oito meses e não sei como isso foi acontecer, eu e o pai estamos desesperados porque não compramos nada ainda”. 

Desinformação
Acreditar em um método contraceptivo 100% seguro é ilusão, mas entender o funcionamento de cada um, quais os benefícios e os malefícios que trazem é fundamental para manter a saúde e evitar uma gravidez indesejada. O problema é que muitas vezes a orientação não chega a quem precisa e não sai de quem tem o dever de dá-la, o/a ginecologista. No caso das três mães entrevistadas, nenhuma foi informada pelo ginecologista sobre os riscos do método hormonal e nem sobre medicamentos que poderiam cortar o seu efeito.
“Ele só me entregou a amostra grátis após perguntar se eu tinha tido algum problema circulatório e ainda disse que seria bom para mim, pois deixaria a pele mais bonita”. À época do episódio relatado, 2003, Gi tinha 22 anos. “Eu não tinha nenhuma noção”, justifica por não ter questionado o profissional. 
Amanda Batista, 21, tomou o contraceptivo hormonal por dois anos. Foram intensas crises de enxaqueca e a notícia de que o avô poderia sofrer novamente de trombose que a fizeram parar com o anticoncepcional. “Quando contei à ginecologista sobre o histórico de trombose e o meu desejo de parar, ela disse que eu não poderia porque os homens nunca usam camisinha e que eu não podia confiar”. Mesmo com a insistência de Amanda em dizer que não transaria dessa forma, a ginecologista foi taxativa: “eles sempre conseguem fazer sem”. “Estou sem ‘gine’ desde então”, afirma. 
Amanda ainda solicitou um exame que indicaria os reais riscos dela desenvolver trombose, mas o pedido não foi atendido sob a justificativa de que não caberia à ginecologista solicitar o exame. De acordo com a profissional em ginecologia, Tatielle Teixeira Lemos, o número de mulheres que desenvolvem trombose é muito baixo e que não é rotina pedir exames, contudo, é cabível sim ao ginecologista fazer a solicitação. 
Apesar do mau atendimento de alguns profissionais, procurar um ginecologista antes de tomar o contraceptivo é imprescindível. “Ler a bula também é fundamental, nela contém informações essenciais que orientam o uso da pílula”, afirma Tatielle. Além disso, a profissional alerta para o uso da camisinha, independente da escolha do método contraceptivo, seja hormonal, permanente ou intrauterino. 
 

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