Quatro autoras contemporâneas para conhecer e se empoderar

Em tempos de debate sobre a igualdade de gênero, mulheres inspiram e trazem à tona temas importantes

Postado em: 25-07-2017 às 19h00
Por: Guilherme Araújo
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Em tempos de debate sobre a igualdade de gênero, mulheres inspiram e trazem à tona temas importantes

Estudante de Letras da Universidade
Federal de Minas Gerais, Ana Drawin se define como uma leitora assídua. A
mineira, que é fã de Hilda Hilst e Clarice Lispector, diz que chegou a comprar uma poltrona que usa unicamente para leitura e que se sente
inspirada por ícones literários femininos: “Ler obras de
pessoas como elas me fazem buscar mais produções artísticas feitas por
mulheres, não só na literatura, mas no cinema e na fotografia, por exemplo”,
diz. Ela também ressalta que as influências transcendem e interferem até na
própria maneira de escrever: “Há algo de pulsante, uma coisa contida, seguida
de uma verborragia e sempre busco isso em outras obras”.

Em Goiânia, a literatura feminina tem
bastante espaço por meio do grupo Leia Mulheres, que reúne quase mil membros em sua página no Facebook. Reunidas geralmente uma vez ao mês, as
organizadoras promovem debates sobre obras famosas e um clube de leitura, onde
os participantes podem interagir e compartilhar experiências e impressões. Para
Ana, é cada vez mais importante valorizar a escrita feminina, especialmente em
tempos em que os questionamentos sobre igualdade de gênero recebem mais espaço.
Ela expõe resultados: “Tem acontecido um movimento bem bacana de regaste de
valorização da literatura produzida por mulheres no Brasil. Ano passado, por
exemplo, tivemos Ana Cristina C homenageada pela Festa Literária de Parati
(Flip)”, diz.

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Neste ano, a Flip traz o brasileiro Lima Barreto como homenageado e convida escritoras para ressaltar o papel da mulher na literatura. No objetivo de instigar o leitor a mergulhar nesse universo de contos, prosas e poesia que contradizem a velha ideia de que mulheres são sinônimo de sexo-frágil, o chamado se estende a conhecer e a refletir sobre a obra de fortes autoras, tanto em suas produções quanto nos números. Confira 5 grandes nomes femininos na literatura contemporânea que valem a pena ser lidos: 

Svetlana
Alexiévich

Vencedora do Nobel de Literatura em 2015, a
escritora, pensadora e jornalista bielorrussa, definida pela academia como dona
de um “espírito crítico e um profundo compromisso” oferece um relato amplo da
antiga União Soviética em sua obra. Tratando das sequelas que o fim do grupo
deixou em seus habitantes, depois de colaborar com revistas locais, cultivou um
gênero literário próprio, que costuma chamar de “romance de vozes”, onde o
narrador não tem vez. Traduzida para mais de 20 idiomas, Alexiévich tenta se aproximar
de uma dimensão humana dos feitos a través de uma justaposição de testemunhos
individual, em uma espécie de colagem. Uma de suas principais obras se chama “A guerra não tem rosto de mulher”, no
Brasil publicada pela Companhia das Letras.

Scholastique Mukasonga

Nascida em 1956, Scholastique Mukasonga
conviveu desde a infância com a violência e a discriminação oriundas dos
conflitos étnicos do seu país de origem, Ruanda. Tendo 27 pessoas da família
assinadas, incluindo sua mãe, Mukasonga foi forçada a sair do país e se mudar
para a França, onde se radicou e publicou seus livros que garantiram sua
entrada na literatura. Sua obra começa a ser publicada no Brasil ainda neste
ano. É ainda ganhadora dos prêmios Ahamadou Kourouma e do Renaudot em 2012 e dos
prêmios Océans France,em 2013, e do French Voices Award, em
2014, tornando-se uma das maiores vozes literárias da África atual.

Fernanda
Young

Um dos grandes nomes da literatura
brasileira contemporânea, a também roteirista e atriz carioca Fernanda Young se
consagra pela escrita ousada e incisiva que vai desde a prosa até poemas
íntimos recheados de criatividade. Com bons números em vendagem de livros, seu primeiro
romance, 
Vergonha dos Pés”, já tem mais de 15 edições. Fernanda é
autora de outros livros como a antologia de poemas “Dores do Amor Romântico”, “O
pau” e o recente“A mão esquerda de Vênus”.

Chimamanda Ngozi Adichie

Reconhecida como uma das mais
importantes escritoras nigerianas em língua inglesa da atualidade,
Chimamanda Ngozi Adichie é responsável, segundo a crítica, por atrair os olhos do
mundo para a literatura africana. Trabalhando temas como o feminismo, completa
em 2017 vinte anos de carreira desde a publicação de seu primeiro livro, uma
coletânea de poemas intitulada “Decisions”. Em 2010, entrou na lista das 20
autoras mais influentes com menos de 30 anos e acaba de lançar no Brasil o
livro de contos. É vencedora de prêmios importantes, como o National Books
Critics Circle Award e o Orange Prize.

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