Quebrando estereótipos: o corpo ideal para o verão é aquele que se diverte e vai à praia
O estereótipo de beleza feminina representado nas campanhas publicitárias é criticado, quando não rejeitado
Por: Victoria Lacerda
Caminhando no andar da tartaruga através de muitos debates, conversas e aceitações, o projeto verão mudou de cara. Chegar à estação mais quente do ano com o corpo magro e modelado deixou de ser encarado como obrigação, o “corpo do verão” correspondia aos padrões de beleza feminina que aos poucos está deixando de existir.
Muito provavelmente você está ou já esteve, alguma vez na vida, insatisfeito com o seu corpo. Se você é mulher, a pressão estética para alcançar um determinado padrão é maior: segundo pesquisa do Royal Society for Public Health, do Reino Unido, 90% das meninas de 14 a 24 anos se sentem infelizes com seus corpos e pensam em mudar a própria aparência, cogitando, inclusive, procedimentos cirúrgicos, segundo matéria divulgada pelo Correio.
O estereótipo de beleza feminina representado nas campanhas publicitárias é criticado, quando não rejeitado. As mulheres não se identificam com as figuras glamourosas e perfeitas presentes na mídia, o que provoca sentimentos de frustração e abalo da autoestima. Especialistas afirmam que a busca pela padronização pode gerar várias complexidades, desde a insatisfação pessoal até transtornos psicológicos e alimentares.
O conceito do que significa belo/beleza e o seu correspondente modelo físico, é alterado segundo os gostos e valores dominantes em um determinado período e em um meio específico. Retrata uma cultura, ou seja, uma época e uma sociedade e, ainda, reflete o posto que ocupa na hierarquia de valores que essa sociedade vivencia. Com o fenômeno da globalização, esse conceito se universaliza e as campanhas publicitárias, ao adotarem um determinado “modelo”, concorrem para fixar no imaginário das pessoas o conceito de beleza.
Infelizmente as mulheres ainda são avaliadas primeiro por sua aparência e não por suas atitudes e qualidades. Isso denota resquícios de uma sociedade desigual e de raízes patriarcais. Nem sempre é fácil conseguir quebrar esse padrão, desencanar dos olhares alheios e curtir o corpo da forma como ele é.
“Cansei de ficar decepcionada com a casa que me mantém viva, estou exausta de tanto gastar energia odiando a mim mesma”, Chega de ódio, livro livro Meu corpo minha casa de Rupi Kaur.
Todo mundo tem imperfeições, né? É importante se aceitar e se amar, passar a acompanhar hashtags e perfis com conteúdos reais, com um olhar especial para aqueles voltados ao body positive e aos corpos livres. O Movimento Corpo Livre, criado pela jornalista Alexandra Gurgel já tem mais de 400 mil seguidores, a influenciadora realiza uma curadoria de notícias, postando curiosidades e conteúdos que buscam a equidade entre todos os corpos, defendendo que todos os corpos merecem direitos, inclusão, acessibilidade e respeito.
Impulsionado pelas redes sociais, o movimento busca enaltecer todas as belezas, principalmente as que não se encaixam nos padrões, como corpos com deficiência, gorduras, estrias, vitiligo, queimaduras, celulite, cabelos brancos, rugas, cicatrizes, narizes grandes e mais uma infinidade de particularidades.
A transformação é um reflexo do crescimento de movimentos que trabalham o conceito de empoderamento feminino.