Série que aborda o feminismo na arte discute o uso político do corpo

Estigmatizado na cultura visual ocidental, o corpo feminino passou a ser reivindicado como arma, a partir dos anos 70, quando o movimento feminista transbordou para o mundo da arte.

Postado em: 01-08-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estigmatizado na cultura visual ocidental, o corpo feminino passou a ser reivindicado como arma, a partir dos anos 70, quando o movimento feminista transbordou para o mundo da arte.

O empoderamento do corpo feminino na arte e no mundo contemporâneos foi o tema do terceiro encontro da série Diálogos Sobre O Feminino, realizado na última semana no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro. A série de encontros mensais, gratuitos e abertos ao público, vem debatendo, desde maio, o feminismo e as questões de gênero na arte, em eventos que sempre contam com performances e mesas-redondas, com a participação de artistas visuais, pesquisadoras e pensadoras de várias áreas do conhecimento. A última edição de Diálogos Sobre O Feminino será em 24 de agosto. Depois, o evento seguirá para Brasília (DF), com apresentações de 25 a 28 de agosto no CCBB local.

Estigmatizado na cultura visual ocidental, o corpo feminino passou a ser reivindicado como arma, a partir dos anos 70, quando o movimento feminista transbordou para o mundo da arte. As mulheres começaram a usar seus próprios corpos em performances, filmes, vídeos e fotografias, em lugar de serem apenas tomadas como modelos ou suportes em obras de artistas homens.

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“Ao exporem os próprios corpos em suas obras, as artistas colocavam ênfase extrema nessa exposição da intimidade na esfera pública e, assim, marcavam os aspectos políticos do corpo”, comenta a pesquisadora em artes visuais e também artista plástica Roberta Barros, uma das organizadoras da série Diálogos Sobre O Feminino. “Artistas como Ana Mendieta, Hannah Wilke, Carolee Schneemann usaram a estratégia da autoexibição da nudez como forma de evidenciar o modo como a sociedade patriarcal no ocidente constrói o papel da mulher como objeto para um olhar masculino”, exemplifica.

Nessa época, lembra Roberta, o cenário brasileiro era de ditadura militar, o que fez com que as artistas plásticas brasileiras, ainda que conectadas ao movimento feminista internacional, se concentrassem em metas como a defesa dos direitos humanos e a liberdade política. “Por muito tempo, abriu-se mão do debate sobre temas feministas centrais, como a liberdade sexual e o direito ao aborto e ao divórcio”, ressalta a pesquisadora.

Já a partir da virada para os anos 2000, a estratégia passou a ser experimentada cada vez mais por artistas brasileiras, em crítica aos padrões de beleza, à estratégia de erotização e sensualidade e em sintonia com as pautas feministas atuais. “Entre essas artistas podemos citar algumas, como Anna Behatriz Azevedo, Luana Aguiar, Luiza Prado, Marcela Tiboni, Sara Panamby e eu mesma, Roberta Barros, com minha performance Dar de Si”, finaliza a também artista visual. (Paulo Virgílio/Agência Brasil)

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