Sim, lugar de mulher também é no volante!

Apesar do estigma sofrido pelas mulheres motoristas elas não desistem e têm invadido cada vez mais as pistas

Postado em: 08-03-2016 às 18h00
Por: Redação
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Apesar do estigma sofrido pelas mulheres motoristas elas não desistem e têm invadido cada vez mais as pistas

Ingrid Reis e Jéssica Chiareli

Um levantamento do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), realizado em 2014, aponta que a mulher é mais cautelosa no trânsito
do que homem. De acordo com os dados, 71% dos acidentes são provocados pelos
homens e apenas 11% pelas mulheres, sem contar que 70% das multas são para
motoristas do sexo masculino.

A motorista do Uber, Larissa Manrique, 27, conta que sofre muita
discriminação no trânsito por ser mulher. “Ouço muito de homem que ‘lugar de
mulher é na cozinha’ ou ‘vai lavar roupa’. Quando não deixo que eles me
ultrapassem pela direita, a coisa fica bem pior, é quase com se eu estivesse
ferindo a virilidade deles”, explica.

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Segundo ela, muitos homens acham inovador uma mulher
dirigindo profissionalmente, mas infelizmente nem todos pensam assim. Larissa
conta que já presenciou uma colisão causada por um homem que estava dirigindo e
falando ao telefone.

Após o ato de imprudência, que acabou levando ao acidente, ele
ainda hostilizou a condutora, quando percebeu que se tratava de uma mulher. “Ele
desceu do carro e ameaçou a motorista que não tinha culpa nenhuma no acidente”,
declarou.

A profissional afirma que nunca sofreu assédio no Uber, uma
vez que o público é diferenciado, mas mesmo assim usa uma aliança de namoro bem
grossa, para tentar evitar investidas indesejadas.

Perigos

Apesar de ganhar a vida como motorista, Larissa explica que
o perigo dos assaltos é ainda pior quando a motorista é mulher, principalmente
à noite. “Me sinto vulnerável não é pela perda de bens materiais, mas pelo
risco de estupro, porque eles atacam mesmo.”

Por outro lado, a presença da motorista é um alívio para as
clientes. Quando percebem que quem conduz o veículo é uma mulher, muitas se
sentem mais seguras, já que não correm risco de sofrer assédio ou violências
mais graves.

Algumas se sentem tão à vontade que acabam até mesmo fazendo
confidências. “As passageiras às vezes dividem tristezas, frustração e até
lágrimas por saberem que o que será conversada no carro não sairá dali”, diz.

  

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