Como lidar com as alterações hormonais da gravidez

Mudanças na pele são comuns, mas é possível prevenir algumas delas, como o melasma, com uso de protetor solar

Postado em: 07-05-2018 às 15h17
Por: Lucas de Godoi
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Mudanças na pele são comuns, mas é possível prevenir algumas delas, como o melasma, com uso de protetor solar

A gestação é um momento mágico para as mamães que sempre sonharam ou se surpreenderam com a chegada do bebê. Desejada ou não, a gravidez promove transformações ao longo dos nove meses e, muitas vezes, deixa marcas após o parto. Algumas gestantes enxergam as mudanças como parte do processo natural de geração de uma vida. Outras se assustam, no pós-parto, ao perceberem certas transformações. De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Goiás (SBD-GO), Adriano Loyola, a maioria das mudanças no corpo feminino ocorre devido a alterações hormonais, e a pele é a parte mais afetada: “Alterações fisiológicas em mulheres grávidas são comuns, e praticamente todos os sistemas do organismo são afetados, mas a pele, por ser o maior órgão do corpo humano, ‘sofre’ mais”.

Antes da chegada do bebê, a autoestima das mamães vai às alturas, pois a pele fica uma ‘seda’ e os cabelos ficam mais brilhosos do que nunca. “Isso ocorre devido a uma maior produção de hormônios”, diz Loyola. E é a partir da chegada do bebê que, em muitas mulheres, as mudanças no corpo aparecem, como enumera Loyola: “O melasma pode ocorrer em até 50% das gestantes; as estrias podem se formar pelo rompimento das fibras elásticas e colágenas; queloides podem aparecer após a cirurgia (cesárea); pode haver queda dos cabelos entre o primeiro e o quinto mês após o parto, dentre outras mudanças”.

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Melasma

Conforme explica o dermatologista, durante a gravidez ocorre um aumento dos hormônios femininos – estrógeno e progesterona – que estimulam o funcionamento dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, fazendo com que a chance de desenvolvimento de manchas aumente: “As tão indesejadas manchas ocorrem em até 50% das gestantes. Geralmente, têm início no segundo trimestre da gestação. O melasma pode aparecer também em mulheres que nunca engravidaram – não só no rosto, mas no colo e nos braços”. 

Além da exposição solar e às luzes artificiais, a permanência em locais quentes e uso de alguns medicamentos podem contribuir para o aparecimento do melasma. Então, todo cuidado é pouco durante a gravidez. “Não se exponha ao sol, utilize protetor solar diariamente e lembre-se de renová-lo a cada três horas. A partir do terceiro trimestre da gestação, é interessante investir também na utilização de vitamina C tópica para aumentar a proteção da pele. Após o parto, podem ser feitos também procedimentos e uso de lasers para tratar o melasma”, orienta Loyola.

Estrias

As estrias são comuns durante a gravidez, especialmente nas regiões dos seios, da barriga e das coxa. “Consistem em pequenas ‘linhas’ que aparecem na pele, de cor rosada, que mais tarde tendem a ficar brancas. São cicatrizes que se formam quando a pele estira de forma rápida, em um curto espaço de tempo, devido ao crescimento da barriga, das mamas e do bebê”, explica o dermatologista.

Para tentar prevenir o seu aparecimento ou minimizar seu surgimento, o médico recomenda: “Utilizar cremes hidratantes e óleos ricos em vitamina E, nas regiões mais propensas a ter estrias, desde o início da gestação; fazer massagens na barriga e nas mamas, com esses óleos, pois melhora a  elasticidade da pele e ajuda e ativar a circulação sanguínea nessas regiões; usar roupa íntima apropriada e que segure a barriga e as mamas; usar roupas largas e de algodão para facilitar a circulação sanguínea; comer alimentos ricos em vitaminas C e E, ricos em substâncias antioxidantes, que agem como estimulantes do colágeno da pele; controlar o peso, durante a gravidez, evitando os alimentos com excesso de gorduras e açúcares”.

Segundo o presidente da SBD-GO, existem várias técnicas para tratamento de estrias como uso de lasers, indução percutânea de colágeno, radiofrequência com microagulhamento, laser CO² fracionado, peelings, subcisão, microdermoabrasão, que só podem ser realizados após o parto, e por médicos dermatologistas”, alerta Loyola.

Queloides

Podem aparecer queloides após o parto, que são cicatrizes com formatos irregulares e de cor rosada, avermelhada ou escura. Loyola explica que eles são benignos, não causam dor e não são contagiosos, mas podem incomodar quanto à estética. “Queloide é um crescimento anormal de tecido cicatricial que se forma no local de traumatismo, corte ou cirurgia de pele. No caso das grávidas, podem ocorrer após a cesárea, e é comum quando há um crescimento do tecido de cicatrização onde um ferimento já está curado”, frisa o dermatologista.

Loyola alerta que, se uma pessoa tem tendência a formar queloides, qualquer lesão que possa causar cicatriz pode levar à sua formação: “Vários tratamentos que incluem desde de medicamentos tópicos, laser, radioterapia e cirurgia estão disponíveis para tentar amenizar os sintomas como dor local, coceira e a regressão do tamanho das lesões”, diz o médico, que ainda lembra: “Como queloides não têm tratamento seguramente eficaz, é importante considerar o histórico pessoal e familiar do paciente. Antes de um procedimento cirúrgico, é fundamental que o profissional tenha conhecimento do histórico de cicatrização anormal ou história familiar de formação de cicatrizes queloides do paciente. Em situações nas quais a cirurgia não pode ser evitada, tentativas para minimizar a tensão da pele e a infecção secundária são importantes”.

Queda dos cabelos

Durante a gravidez, os cabelos se mantêm bonitos e saudáveis e, de repente, os fios caem. Essa queda, segundo Loyola, tem início entre o primeiro e o quinto mês após o parto, e permanece por vários meses. “Ocorre devido ao desequilíbrio hormonal e ao estresse do parto. Somado a isso, é necessário avaliar se houve grande perda de sangue, durante o parto, o que pode ter causado uma anemia e, consequentemente, a queda do cabelo. Fatores nutricionais também são importantes, porque muitas vezes no pós-parto a mulher decide fazer dieta para perder peso, e isso também pode fazer com que a queda de cabelo seja mais acentuada”, explica.

A dermatite seborreica, que é o aparecimento de manchas descamativas e piora da oleosidade no couro cabeludo, pode pior com possível estresse pela chegada do bebê. Segundo o dermatologista, para se buscar tratamentos, antes de tudo é importante se atentar aos exames. “É necessário confirmar (ou descartar) os sintomas citados acima, ou seja, se a queda está apenas ligada ao fator hormonal ou a outros fatores, como anemia, deficiências nutricionais, etc. Um dos tratamentos possíveis é feito com LED, que ajuda na bioestimulação dos cabelos. Em casos mais graves, também pode-se fazer o microagulhamento para estimular o crescimento de novos fios”, finaliza Adriano Loyola. 

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