Superação contribui para a saúde mental de portadores do câncer de mama

A administradora Lindaura Maria fala como enfrentar a doença e demonstra que é possível manter a alegria nesta etapa

Postado em: 25-10-2016 às 08h00
Por: Renato
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A administradora Lindaura Maria fala como enfrentar a doença e demonstra que é possível manter a alegria nesta etapa

Elisama Ximenes

Lindaura Maria, 48, antes de tudo, é uma mulher independente. Além disso, é administradora de uma empresa de contabilidade. Quem a vê, hoje, trabalhando de casa, não imagina o que passou há seis anos. Aos 42, foi diagnosticada com câncer de mama e, desde então, a vida quase virou. A primeira coisa em que se pensa quando se imagina na situação é na própria autoestima. No caso de Lindaura, ela considera que houve uma baixa na autoestima, mas nada que a traumatizasse, como faz questão de destacar. No entanto o rio de coisas que se passam pela cabeça de quem recebe uma notícia dessas não é raso, e os efeitos de sua água na mente devem ser tão tratados como as consequências físicas do câncer.

Para a médica Solange Sanches, oncologista do hospital AC Camargo Cancer Center, a autoestima é fundamental para o bom desempenho durante o tratamento e possibilita um melhor enfrentamento do diagnóstico e das novas solicitações que a paciente terá em sua vida. “Eu atendo muitas mulheres, diariamente, que chegam com o diagnóstico de câncer de mama, e as preocupações são muito semelhantes em todos os casos. Para todas elas, as minhas indicações são, além de focar no melhor tratamento previsto para ela, para elevar e aprimorar a autoestima”, explica a oncologista. Para Solange, a paciente precisa buscar forças e seguir fazendo o que gosta e dá prazer e sentido a sua vida.

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Lindaura conta que, à época, encontrou forças em Deus e nas pessoas que ama. Mas só isso não foi suficiente. “Tive uma vontade de lutar que nem sei de onde veio”, relata. A notícia de que estava com câncer de mama chegou de maneira assustadora para a administradora, apesar de já suspeitar da possibilidade.

Passaram-lhe milhões de coisas pela cabeça, mas o que mais a preocupava era a carreira profissional e o modo de viver depois disso. “Eu não tinha uma estabilidade profissional e não sou tão jovem para recomeçar”, conta. O que a assustava também era que, agora, não seria mais totalmente independente. 

A aparência, no entanto, não a preocupava tanto. Decidida a não se casar, conta que sua vida amorosa, portanto, já estava bem resolvida. “Não me preocupei no que o homem que estivesse comigo ou viesse a se aproximar achasse da mudança no meu corpo”, enfatiza. A relação com sua médica era seca, mas construída na sinceridade, como pediu, desde o início, para a oncologista. Lindaura confessa que a forma de tratamento das outras pessoas para com ela mudou. Porém acha que não se trata de pena, mas de cuidado, atenção e precaução. 

O câncer da maranhense foi superado: a idade em que foi descoberto pode ser uma justificativa. Segundo o médico Jurandir Passos, ginecologista que integra o corpo clínico do laboratório Atalaia, no caso de pacientes abaixo de 40 anos, a sobrevida tende a ser menor, já que a doença costuma ser descoberta em estágios mais avançados. “Quanto mais cedo for diagnosticada a predisposição e a paciente iniciar o acompanhamento médico com realização de exames periódicos, mais chances ela terá de se curar”, afirma. Por isso, o autoexame tem tanta importância na vida das mulheres, principalmente aquelas que têm histórico da doença na família, já que o câncer de mama pode ser hereditário. 

A ginecologista e obstetra Elisabeth Trezza esclarece o que são nódulos para que o autoexame fique mais simples: “São nódulos de aparecimento súbito, contornos regulares, palpáveis, móveis e dolorosos. Trata-se de uma entidade benigna que acomete cerca de dez em cada 100 mulheres entre os 35 e 50 anos”. Lindaura, que conseguiu vencer o câncer, aconselha às mulheres que estão passando por isso, agora, a não pensar no que o futuro será afetado. “Pense e faça o que é necessário,  agora, tudo o que for possível para que você viva e bem”, afirma. Para ela, foi fundamental seguir com o tratamento sem desanimar ou deixar que um pedaço tirado de seu corpo lhe tirasse a alegria de viver. “Lute sempre”, finaliza.

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