Pesquisa investiga contexto familiar de mulheres em situação de violência

Estudo abordou como as experiências negativas tendem a ser transmitidas de geração para geração

Postado em: 17-08-2017 às 15h15
Por: Victor Pimenta
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Estudo abordou como as experiências negativas tendem a ser transmitidas de geração para geração

Uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG)
entrevistou mulheres que sofrem agressões dentro do ambiente domiciliar com o
objetivo de compreender a intergeracionalidade do comportamento violento, isto
é, a perpetuação de tais condutas entre duas ou mais gerações. O estudo avaliou
o contexto familiar da infância dessas mulheres, o relacionamento conjugal
delas e quais as ajudas buscadas pelas mesmas na tentativa de solucionar o
problema das agressões. O perfil das entrevistadas foi semelhante: mulheres com
pouco mais de 30 anos de idade, com filhos, de classe social baixa, que tiveram
acesso a educação de forma limitada e que foram atendidas pela Secretaria
Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia.

Após uma análise das entrevistas, a pesquisadora do Programa
de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Paula Pereira, sob orientação do
professor da Faculdade de Enfermagem, Marcelo Medeiros, agrupou os resultados
em quatro categorias básicas. O contexto familiar na infância dessas mulheres
foi a primeira delas. Os relatos demonstraram que as entrevistadas foram
abandonadas por parte da mãe ou do pai, vivenciaram abusos físicos e sexuais e
sofreram pelo uso de bebidas alcoólicas por parte das pessoas que deveriam
cuidar delas.

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A segunda categoria analisou a intergeracionalidade do
comportamento violento, tanto a sofrida por parceiros íntimos, tal como
presenciaram na infância, e em relação aos seus filhos, analisando assim como
eles se comportam diante da violência. A terceira esfera verbalizou as
expectativas futuras de cada mulher. Foi possível identificar que algumas
estavam em situação de total desespero, com poucas esperanças de mudança. Já
outras declararam as transformações em suas vidas, além de listarem diversos
planos para o futuro.

A última verificação contextualizou a rede de atenção à
violência contra a mulher e registrou que muitas vítimas deixam de buscar
suporte por medo de ameaças do agressor, além de sentirem vergonha. Em outros
casos, as mulheres se tratavam às escondidas ou procuravam a Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher.

Violência

A violência contra a mulher não é só física, existindo outros
tipos de abuso, como o psicológico. Em 2014, segundo o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada, 13 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. Além
disso, a Central de Atendimento à Mulher, pelo disque 180, contabilizou quase
53 mil denunciantes de violência, sendo que desse total, 77% afirmaram ser
vítimas semanais de agressão e em 80% dos casos a vítima tinha contato afetivo
com o agressor. 

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